Apostas esportivas: São Paulo investe em compliance para evitar envolvimento de jogadores
Foto: Reprodução / @SãoPauloFC

O São Paulo está implantando normas severas de complicance, incluindo não apenas os jogadores, bem como os funcionários do clube. A intenção é orientá-los sobre como lidar com apostas esportivas de maneira ética e responsável.

“Não queremos sequer que aconteça a suspeita de participação em manipulação”, destacou em entrevista à Veja o diretor jurídico do clube, Roberto Soares Armelin.

“Depois da Penalidade Máxima, estamos trabalhando internamente para evitar qualquer situação que coloque qualquer pessoa relacionada ao São Paulo em suspeita”.

“A melhor prática, na nossa opinião, é a vedação de apostas em quaisquer eventos desportivos com participação do São Paulo. Válido para qualquer atleta, colaborador e dirigente”, completou.

Além disso, muitas equipes estão investindo em processos para apurar a reputação de empresas e/ou marcas antes de fechar patrocínios ou parcerias. O São Paulo, por sua vez, optou por não inserir marcas desse segmento nos uniformes das categorias de base.

“Do ponto de vista do compliance, os clubes têm optado por patrocínio de casas de apostas que possuem controles internos sólidos e medidas efetivas de prevenção à lavagem de dinheiro”, disse Luciana Silveira, Chief Compliance Officer da Neoway, empresa de Data Analytics e Inteligência Artificial da B3 a Veja.

“Ter a certeza de que o terceiro realizará verificações de documentos e beneficiários finais traz uma tranquilidade adicional para o clube”, complementou.

O setor de apostas foi legalizado no Brasil em dezembro de 2018 por medida do então presidente Michel Temer. Nesta semana, o governo federal publicou uma medida provisória com regras para o setor de apostas esportivas.

O segmento se tornou uma importante fonte de renda para os clubes. Hoje, 19 dos 20 clubes na Série A contam com casas de apostas como patrocinadoras. O próprio São Paulo é apoiado pela Sportsbet.io.

Regulamentação das apostas esportivas

Acompanhando as normas de orientação e compliance, a regulamentação das apostas esportivas também trouxe uma série de normas, como a proibição de que jogadores, técnicos e árbitros possam apostar.

Além disso, as empresas serão taxadas em 18% sobre a receita obtida com os jogos após o pagamento de prêmios aos jogadores e do imposto de renda.

A movimentação do São Paulo e de outros clubes aconteceu em função da Operação Penalidade Máxima, que está investindo um esquema de manipulação de jogos do futebol brasileiro.

O Ministério Público de Goiás denunciou vários atletas por receberem cartões ou cometerem pênaltis de forma proposital para beneficiar aliciadores, inclusive na Série A do Campeonato Brasileiro. Jogadores já foram punidos desportivamente com multas, suspensões e até banimentos.