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Foto: Pedro França/Agência Senado

A CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas ouviu na última quarta-feira (22) o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD), José Perdiz de Jesus.

Ele falou sobre as ações em curso para combater a manipulação de resultados de partidas. Durante a sessão, o presidente do tribunal enfatizou que o STJD tem sido rigoroso ao punir os envolvidos nesses casos. Ele destacou que a questão das manipulações é atualmente o tema “mais relevante” para o futebol.

José Perdiz de Jesus afirmou: “O STJD, especificamente no caso da Operação Penalidade Máxima, talvez tenha sido um dos colaboradores que efetivamente puniu aqueles participantes.

A legislação — que é absolutamente boa e aplicável — permite que os condenados ou investigados não tenham uma punição, a chamada não persecução penal, e façam acordos. No STJD, apesar dessa possibilidade, os jogadores envolvidos foram suspensos.”

Foto: Pedro França/Agência Senado

Ele explicou que ainda não converteram as punições dos atletas condenados por manipulação porque consideram o momento “delicado”.

A maioria das punições, conforme ele observou, tem sido determinada com base no compartilhamento de provas da Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).

Dificuldades enfrentadas nas investigações

Na mesma sessão, o procurador-geral do STJD, Ronaldo Botelho Piacente, falou sobre as dificuldades enfrentadas nas investigações do órgão, como a impossibilidade de determinar quebras de sigilo.

Ele também mencionou que a Federação Internacional de Futebol (FIFA) reconheceu o Brasil como o “país mais importante no combate à manipulação de resultados”.

Piacente comentou sobre supostas denúncias de manipulação de jogos feitas pelo empresário John Textor, sócio majoritário do Botafogo.

“Quando John Textor quer, com base nesse relatório, dizer que houve manipulação de resultados, com todo respeito, é uma irresponsabilidade. Não dá, com base em performance, dizer que há manipulação de resultado.

A manipulação de resultado deve estar acompanhada de um jogo de apostas e deve estar acompanhada da prova como fez o Ministério Público de Goiás, de quebra de sigilo bancário que tinha as conversas e baseada também no recebimento do dinheiro.”

Foto: Pedro França/Agência Senado

John Textor na CPI das Apostas

Textor foi o primeiro depoente ouvido pela CPI, em 23 de abril, e apresentou aos senadores, de forma secreta, o relatório com supostos indícios de manipulações.

O presidente da CPI, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), argumentou que é necessário reconhecer “em parte” a validade dos questionamentos feitos pelo empresário. No entanto, ele enfatizou que, se as suspeitas não forem confirmadas, haverá consequências.

Kajuru afirmou: “Se ele estiver errado em tudo, eu já disse que, como presidente da CPI, eu vou pedir o banimento dele do futebol brasileiro, que ele saia do futebol brasileiro.

Ele veio aqui, fez essa confusão toda. Se ele não provar nada, a minha condenação a ele será essa, banimento do futebol brasileiro.”

Foto: Pedro França/Agência Senado

Jogos do São Paulo

Na reunião, a CPI também ouviu o presidente do São Paulo Futebol Clube, Julio Casares. Ele negou ter conhecimento sobre propostas de manipulação de resultados de jogos. Casares pediu “cautela” na apuração de possíveis casos e defendeu a criação de uma agência reguladora do futebol.

“Nunca ouvi relatos sobre manipulação, a não ser depois dos acontecimentos na mídia e o que a Justiça determinou, as punições corretas, mas eu nunca ouvi dentro do âmbito do São Paulo Futebol Clube”, alegou.

Julio Casares afirmou que o clube tomou medidas legais para exigir a apresentação das provas relacionadas às denúncias feitas por Textor. Um dos resultados questionados por Textor foi um jogo em que o São Paulo perdeu de 5 a 0 para o Palmeiras, em 25 de outubro do ano passado.

Casares afirmou: “Toda denúncia, seja ela qual for, deve ter o curso da apuração, isso é o que está sendo feito aqui. Se foi uma bravata, jogar para a torcida ou justificar a perda de um campeonato, ele [Textor] escolheu, na minha visão, a porta errada.

Não vão brincar com o São Paulo, não vão brincar com uma CPI, que é tão séria, e não vão brincar com a opinião pública.”

Ex-jogador da seleção brasileira, e senador, Romário disse que não identificou “nada de estranho e nada de diferente” na goleada sofrida. Kajuru questionou sua opinião sobre os lances que foram alvos de questionamentos pelo proprietário do Botafogo.

Sobre a CPI das Apostas

A CPI das apostas entrou em funcionamento em 10 de abril e está programada para operar até 21 de outubro. Seu propósito principal é investigar as acusações e suspeitas de manipulação de resultados no cenário do futebol brasileiro, com foco especial nos jogadores envolvidos.