Justiça manda bloquear contas da Alphabets após solicitação de investidora

A Justiça do Rio de Janeiro solicitou o bloqueio de 95 mil reais das contas da empresa Alphabets, com sede em Cabo Frio e que suspendeu as atividades no dia 8, bem como de seu proprietário Rogério Cruz Guapindaia, que se apresentava como CEO da companhia do setor de apostas esportivas.

Conforme reportagem de ‘O Globo’, essa foi a primeira determinação da justiça contra o empresário no estado. A liminar é do juiz André Aiex Baptista Martins, da 6ª Vara Cível de Volta Redonda. O juiz estabeleceu o arresto de contas depois que uma clientela pediu a devolução da quantia aplicada no negócio.

A mulher afirmou que investiu o valor entre julho e agosto. Desde o último dia 10, 15 ações foram abertas no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) contra a Alphabets por antigos clientes visando a devolução de seus investimentos.

Segundo a defesa da cliente, ela realizou repasses para as contas da companhia de aproximadamente 95 mil reais. Todavia, “em razão da atuação irregular e suspeita de pirâmide financeira noticiadas”, ela solicita em “caráter antecedente o arresto” das contas bancárias da empresa e do empresário.

O juiz acatou a solicitação. O magistrado ainda salientou que há “notadamente o perigo de dano” para a cliente e, assim, ela teria que ter o investimento revisto.

Clientes estão buscando ajuda jurídica

Agora, os responsáveis pela empresa estão sendo investigados pela 126ª DP (Cabo Frio) e 125ª DP (São Pedro da Aldeia) pela prática de estelionato. Até o momento, mais de 30 clientes já registraram boletins de ocorrência contra Rogério Cruz. Além disso, um escritório de advocacia comunicou que ingressará com uma série de representações contra a Alphabets.

“Todas as pessoas que foram lesadas estão procurando ajuda jurídica. Temos diversos clientes que investiram e perderam tudo. Um único cliente perdeu R$ 100 mil de aporte. Estamos atendendo vítimas de Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro, Niterói, Volta Redonda, São Paulo e até Fortaleza. Para os próximos dias, estamos preparando um lote com 50 ações para protocolar na Justiça. De uma tacada só, vamos exigir o bloqueio das contas das empresas e do empresário para um arresto imediato”, afirmou o advogado Fábio Jardim Rigueira, que relatou ter sido procurado por mais de 100 clientes.

Alphabets atingiu a marca de 18 mil investidores

O comunicado do encerramento do negócio provocou forte reação entre todos os envolvidos com a Alphabets. Conforme a Polícia Civil, cerca de 18 mil pessoas investiram na empresa. Esses investidores são de diversos estados do país. No fim de semana, várias pessoas promoveram uma carreata em Cabo Frio visando acelerar o processo de apuração do caso.

No site oficial, a Alphabets é descrita como “o primeiro robô de operações esportivas do Brasil” e oferece lucros de 1,2% a 3,2% ao dia. Além disso, o portal informa que o negócio disponibiliza “software gratuito de alta performance objetivando lucros e renda no mercado de apostas esportivas“. Para iniciar o investimento, é necessário selecionar um tipo de licença, com quantias que vão desde 100 até R$ 100 mil.

30 empresas estão sendo investigadas na região

Antes de sua prisão, no dia 25 de agosto, o empresário Glaidson Acácio dos Santos afirmou em um vídeo – encaminhado para a sua clientela – que em Cabo Frio há “muitas empresas que (fazem) uma suposta pirâmide” e disse atuar há quase uma década realizando consultorias de bitcoins.

Ele pontuou que a cidade registrava várias tentativas de golpes e fraude, algo que ele descreveu como uma disputa no ‘Novo Egito’. No entanto, ele assegurou que a sua clientela poderia confiar no seu negócio, apresentado como uma consultoria.

Atualmente, a 126ª DP está realizando investigações em 30 empresas que supostamente atuam no mercado de criptomoedas, mas, que seriam pirâmides financeiras. Conforme o delegado titular Carlos Eduardo Pereira Almeida, essa quantidade pode aumentar. “Estamos com vários inquéritos em andamento. Pedimos que qualquer pessoa que foi lesada nos procure e faça uma denúncia na delegacia”, concluiu.