Personalidades do esporte relatam experiências com apostas esportivas

O ano de 2022 tem gerado grande expectativa na indústria brasileira de apostas esportivas em função da espera da regulamentação. Com as marcas estampadas nos uniformes dos principais clubes de futebol do país e personalidades firmando grandes parcerias em ano de Copa do Mundo, as apostas esportivas caíram definitivamente no gosto popular.

Por isso, o portal iGaming Brazil entrevistou uma série de personalidades influentes no meio esportivo visando apresentar as suas respectivas experiência e opiniões sobre a atividade. E, nada melhor do que iniciar com um dos pioneiros na criação de conteúdo para o setor de apostas esportivas, o jornalista e narrador esportivo Mauro Beting.

“Eu tenho até um nome complexo para falar sobre apostas. O primeiro conteúdo de sites de apostas para a mídia foi com o Esporte Interativo e comigo também. O vice-presidente mundial na época do Sportingbet veio falar que eu precisaria ser o garoto propaganda. Ele até pediu para ver meu documento e disse que eu tinha o sobrenome perfeito”, relatou Mauro Beting.

Devido a ‘coincidência’ do sobrenome, o jornalista realizou diversas ações para a casa de apostas no antigo canal esportivo. “Por dois anos, eu faria propaganda do Sportingbet e faríamos conteúdo no Esporte Interativo. Fizemos nos últimos anos. E agora, eu trabalho com a Rivalo na temporada 2022”, complementou.

Mauro assegurou que é favorável a um mercado de apostas regularizado no Brasil. “Seria um absurdo dizer que sou contra as apostas, não sou. Desde que – como qualquer negócio – legalizado, bem feito e com seriedade como costuma acontecer. Claro em que qualquer negócio que envolve muito dinheiro, a chegada envolve gente que pode não ser tão séria assim. Mas, devidamente regulamentado, organizando tudo e mantendo todos os compliance possíveis, só tem a crescer e tende a ser legal – legal na melhor concepção possível”.

“Porque você traz mais dividendos, mais dinheiro e a paixão não apenas para o futebol mas também para outros esportes. E, o melhor de tudo é que você também traz o estudo. Você vê os trades com trabalham muito bem e ganhando muito dinheiro, não é por acaso. Não é sorte. É trabalho, é sério. Eu sou francamente favorável, uma vez regulamentado como está e deveria ser ainda melhor regulamentado no Brasil, que é um mercado muito promissor”, acrescentou.

Boom’ das apostas esportivas

Gustavo Zupak, jornalista da ESPN, acredita que o ‘boom’ das apostas esportivas é uma tendência forte no Brasil por alguns fatores específicos. “Primeiro, é um mercado em franca expansão, não falo isso por mim, mas vejo amigos e familiares muito voltados para isso. Pedindo dicas, ganhando e perdendo no jogo. E, segundo, como é um mercado que movimenta muito dinheiro se ‘aproveita’, no bom sentido, do momento de recessão econômica”, argumentou Zupak.

O profissional explicou seu ponto de vista: “No momento em que clubes de futebol têm problemas financeiras, emissoras de TV perdem anunciantes e influenciadores estão buscando novos patrocinadores, quem tem dinheiro para investir sai na frente. A impressão que eu tenho, vendo de longe, é que são empresas com muito dinheiro porque é um mercado que gira muito dinheiro. Então, acaba atendendo a demanda de quem está em busca de um grande investidor. Aí, casa. Para as casas, é importante ter a divulgação e quem é patrocinado por elas, se beneficia desse mercado”, reforçou.

Enquanto o agente e empresário de jogadores de futebol, Wagner Ribeiro, mencionou a praticidade atual de apostar em qualquer campeonato do mundo. “Hoje, você aposta no futebol inglês aqui em São Paulo. Antigamente, os sites não entravam em outros países. Eu lembro que estava em Paris e queria apostar em um site brasileiro e não conseguia. Hoje, está tudo interligado”.

Mas, o empresário citou um ponto que o mercado brasileiro deve aprender com as indústrias estabelecidas há mais tempo. “A transparência! Lá, é muito sério. Aqui ouvimos muita coisa de times de divisões inferiores, equipes pequenas que faziam falcatrua. Lá fora, isso não existe. Quando há algum caso, é exterminado do futebol”.

Mário Marra, comentarista esportivo dos canais ESPN, reconheceu que o assunto é uma ‘tendência mundial’, apesar de também citar a necessidade de manter os ‘olhos abertos’. “O mundo inteiro tem feito isso com alguns passos para frente, outros para atrás. Porque obviamente tem toda uma questão de escândalo, de ética e precisamos estar sempre vigiando. E não é apenas a questão da apostas, é em tudo que envolve a possibilidade de burlar as regras, como o doping. Sempre é importante ter os olhos abertos”.

Além disso, Marra ressaltou que os clubes brasileiros podem ser beneficiados com novas fontes de investimento e fortalecimento de suas marcas. “Agora, no futebol brasileiro, é uma possibilidade imensa para os clubes falidos receberem algum dinheiro e divulgarem as suas marcas. Repito, é uma tendência mundial e não podemos ficar fechados para isso. E, como tudo na vida, exige os olhos bem abertos”.

Para Edmilson, apostas esportivas podem reduzir as ‘cornetas’

Ex-jogador de futebol do São Paulo e pentacampeão mundial com o Brasil em 2002, Edmilson destacou aspecto bem curioso. Para ele, o aumento do interesse da população por apostas esportivas também pode facilitar o entendimento de todos os elementos técnicos e táticos do futebol.

“Em relação à casas de aposta em si, o que me chama atenção é que o cidadão / cidadã que aposta precisa estudar, senão perde. Isso também ajuda a ter menos cornetas no meio do futebol. O cara tem que quer apostar, precisa estudar se o jogador vai ficar no banco, se a equipe terá formação reserva, se o time está atacando mais por um lado ou por outro nos últimos jogos. Então, o pessoal que aposta precisa estudar futebol e não ir apenas pela emoção porque o time está ganhando. Isso aumenta a qualidade do espectador de analisar o jogo”.

Todavia, Edmilson entende que os clubes devem se envolver mais para assegurar a integridade esportiva. “Acho que tem dois lados, o lado positivo que as casas de apostas estão investindo pesado nos clubes, o que ajuda. É um nicho que os clubes conseguiram abranger. O único lado perigoso que eu acho é corrupção de resultado. Os clubes precisam estar atento com o staff e os jogadores que contratam para não perdermos a mão. É um mercado que ajuda clubes e muitas pessoas, mas tem esse lado delicado que precisa ser muito bem gerido”.

Adonias Freestyle, campeão latino-americano da modalidade em 2018, também enxerga os pontos positivos do crescimento do setor de apostas esportivas no país. Para Adonias, os sites de apostas estão abrindo oportunidades para que os fãs possam viver de sua paixão: o futebol.  

“As casas de apostas estão vindo para dominar tudo. Hoje, eu sou embaixador da F12.Bet, a empresa do Falcão. É uma honra estar representando essa marca. Mas, eu vejo as casas de apostas como algo muito legal e que está dando oportunidade para muita gente que já entende de futebol. A galera percebeu que pode ganhar dinheiro com isso. Muita gente joga por diversão, mas muitas pessoas trabalham com isso. Acho incrível o poder que o esporte tem”, concluiu.