BFEXPO 2022 Executivos de futebol destacam as oportunidades e a importância das casas de apostas para clubes brasileiros

A programação do principal congresso de futebol da América Latina, o Brasil Futebol Expo 2022 (BFExpo), abriu espaço para debater as oportunidades e a importância das casas de apostas para os times brasileiros nesta quarta-feira, 7. Realizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o evento segue até a quinta-feira, 8.

Cabe ressaltar que o BFEXPO 2022 visa fortalecer o desenvolvimento da indústria do futebol, focando em negócios, educação, experiência e inovação em um ano especial de Copa do Mundo. Por isso, o crescente mercado brasileiro de apostas esportivas foi incluído na agenda da feira promovida em São Paulo (SP).

O ‘Brasil Sports Betting Summit’, evento da BFExpo em parceria com a SBC (Sports Betting Community), empresa produtora de conteúdo sobre o segmento, contou com atividades centradas no processo de regulamentação do setor e a expansão da indústria no Brasil.

O portal iGaming Brazil acompanhou os principais momentos destes dois dias de Brasil Sports Betting Summit, entrevistando personalidades do meio esportivo, trazendo as melhores fotos e informações em tempo real.

Confira a seguir os tópicos mais relevantes debatidos no painel desta quarta, que teve a participação de Paula Young (SAF Botafogo), Rafael Soares (Santos), Jorge Avancini (Internacional) e George Harborne (Yellow).

Paula Young (SAF Botafogo)

O debate começou com a apresentação de Paula Young (SAF Botafogo) que contou a sua trajetória no cenário esportivo e o começo do seu envolvimento com setor de apostas esportivas. “A minha primeira experiência foi com o Cariocão Betfair. Na época, tínhamos o canal Betfair dentro de nossa plataforma, que fazia transmissão do campeonato com um trader, um profissional de apostas”.

“O nosso canal tinha acesso de mais de um milhão de pessoas por dia. E pediam que a gente fizesse mais esse tipo de transmissão. Hoje, é comum ver as marcas de betting se juntando aos veículos de transmissão”, ressaltou.

Há seis meses, Paula passou a atuar no Botafogo e contou algumas das ações realizadas em parceria com a Blaze, atual patrocinadora master do clube carioca. O objetivo dessas ativações é ampliar a presença da marca de apostas, que foi inserida no site, nas camisas, nas mídias sociais e no Centro de Treinamento do Botafogo.

Conforme a profissional, o objetivo é transformar o mercado do futebol a partir da profissionalização de todos os departamentos. “Chegamos ao John Textor, um cara apaixonado pelo futebol. Depois que ele entrou, todas nossas estatísticas estão aumentando, principalmente nas redes sociais e no número de torcedores”, destacou.

A partir daí, o clube passou a buscar um patrocinador master no mercado que se ajustasse ao modelo proposto por Textor. “Nesse momento, achamos a Blaze, que teve um encaixe perfeito com a marca do Botafogo. Tem dois meses que estamos construindo essa parceria”, concluiu.

Rafael Soares – diretor de marketing do Santos

Na sequência, Rafael Soares relatou o trabalho que está desenvolvendo no Santos visando aumentar o alcance e exaltar a história do clube além das fronteiras brasileiras. Recentemente, o Peixe promoveu ações especiais no exterior e lançou uma camisa em Portugal. “A nossa campanha de internacionalização de marca está focada na valorização do clube”, afirmou.

Além disso, Soares frisou que o Alvinegro Praiano também aproveitou o ‘boom’ das criptomoedas para fechar parcerias relevantes. “Negociamos com a Binance em um momento forte das criptomoedas, que chegarão ao Brasil com força total, como com a Sócios.com, a Bitci”.

O diretor de marketing também detalhou o processo de mudança dos patrocinadores entre o final de 2018 e o começo de 2019, período em que o clube precisou se reinventar. “As bets começaram a entender que comprar o espaço na camisa de um clube é muito mais barato que um comercial de TV, por exemplo”.

“A necessidade dos clubes faz com que os preços de espaço sejam baratos, e a veiculação da marca Bet é mais ampla: como em CTs, camisa, redes sociais, etc. As casas de apostas entenderam que este é um caminho muito mais barato do que comprar a mídia tradicional”, acrescentou.

O representante do Santos pontuou que essa geração de receita está fazendo a diferença no futebol nacional, mas que os clubes necessitam estar atento às novidades do mercado. “Essa geração de receita conta muito. Devemos sempre observar o que está pegando no momento”, finalizou.

Jorge Avancini (Internacional)

Enquanto Jorge Avancini contou como ingressou no departamento de marketing e mídia do Internacional. O executivo compartilhou com o público os principais desafios de criar uma plataforma, estabelecer comunicação e ativações com os torcedores.

Para Avancini, a evolução tecnológica, mídias sociais e aplicativos estão permitindo que o clube tenha um alcance internacional. Entretanto, ele alertou que não se pode ignorar as formas de patrocínio tradicionais como fontes de renda.

“Nós tínhamos muito preocupação em realizar uma parceria com uma casa de apostas, pois é uma atividade sem regulamentação, apesar de já ser uma realidade no futebol”, revelou Avancini.

Ainda assim, o clube passou a receber propostas de players do setor. “Nós começando a mexer, em janeiro deste ano, com o mercado e com o surgimento de novas operadoras de apostas, começamos a ser procurados”.

Avancini também recordou como foi a negociação com a EstrelaBet, atual parceira do Colorado. “Um dia recebemos o pessoal da EstrelaBet, com Rafael Zanetti, que disseram: ‘nós queremos o Inter’. Eu considero a EstrelaBet um case histórico. Pois quebrou barreiras no clube”.

Além disso, ele ressaltou a necessidade dos patrocinadores buscarem ativações que gerem identificação nos torcedores e fãs, algo que as marcas de apostas promovem com mais frequência. “Hoje estamos no caminho das mídias digitais e das casas de apostas. As casas de apostas que salvaram os clubes durante a pandemia”, declarou.

George Harborne (Yellow)

George Harborne abriu a sua participação no evento realizando uma comparação entre os mercados brasileiro e europeu, citando que o mercado da América do Sul é mais próximo em relação de patrocínios e times.

O representante da Yellow também mencionou as recentes regulamentações de mercados de apostas nos Estados Unidos, uma vez que vários estados estão liberando a modalidade. Para Harbone, o mercado norte-americano é um dos maiores do mundo no aspecto esportivo, em função das grandes competições.

Ainda sobre regulamentação, ele analisou o processo atual do Brasil para concluir a regulamentação da atividade, bem como salientou que o governo do Reino Unido está promovendo uma revisão (White Paper) da sua legislação da indústria do jogo.

George Harborne também abordou a experiência entre torcedor, operador e time, algo que deve ser o foco de qualquer parceria no segmento esportivo. “A indústria de apostas tem uma grande oportunidade no Brasil, um grande mercado”.

Na sua visão, as experiências bem sucedidas na Europa devem servir de referência para o mercado brasileiro. “A construção desse mercado desse ser feito na maneira correta com foco nas parceiras, ativações”, mas Harborne disse que aprendeu muito com as práticas brasileiras: “algumas ativações que vi aqui no Brasil me ensinaram bastante”.