Casas de apostas ampliam acordos a canais de TV e aumentam visibilidade

As casas de apostas estão se tornando um elemento essencial no mercado esportivo mundial. Responsáveis por investimentos expressivos em contratos com times e competições, as plataformas patrocinam 17 dos 20 times da Série A do Brasileirão, por exemplo, e contam com parcerias comerciais com todos os canais que mostram conteúdo esportivo no país.

A maioria dos influenciadores digitais que criam conteúdo focado em futebol também tem acertos com as casas de apostas. Essa é uma indústria em expansão. O forte investimento nas plataformas sociais promovido por essas empresas demonstram a relevância desse setor no futebol nacional, que movimenta R$ 53 bilhões anualmente, conforme estudo da Ernst & Young Global Limited, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Conforme o Jornal de Brasília, a intenção desses grupos é impactar os fãs de esporte, disseminando a cultura de apostas e alcançando novos jogadores. De acordo com Bruno Maia, especialista em inovação e negócios esportivos, a nova geração quer saber mais sobre dados e estatísticas, informações características do mercado de apostas.

 “A tendência é que as empresas desse segmento se conectem cada vez mais com grupos de mídia que possuam o esporte como ativo. As apostas criam micronarrativas e promovem uma experiência particular e paralela durante uma partida de futebol. Estamos em uma época em que as estatísticas viraram entretenimento, há uma geração que consome o esporte por meio de games e que se interessa intensamente pelo consumo de dados. Certamente as parcerias entre empresas e emissoras de TV irão gerar receitas novas e importantes para esses grupos de mídia”, explicou Maia.

Esses acordos entre as casas de apostas e canais de TV tem a missão de popularizar a prática para a população. “Acredito que o mundo do futebol e as companhias de apostas são grandes aliados comerciais. Apesar da atividade ainda ser uma novidade no Brasil, a tendência é que ocorra uma popularização progressiva, principalmente após a regulamentação da prática. Vemos um futuro muito promissor para o mercado brasileiro, buscamos sempre gerar novas experiências ao torcedor, com ações que nos aproximem do público”, explicou Hans Scheiler, diretor de marketing da Casa de Apostas.

Legislação de apostas no Brasil

Hoje, aproximadamente 450 casas de apostas internacionais estão no mercado nacional sem tributação. Todas essas marcas se encontram fora do Brasil porque não existe regulamentação em vigor no país. A discussão sobre a criação de uma regulamentação está cada vez mais forte no contexto politico.

Em 2018, o congresso nacional sancionou a lei 13.756/18, responsável pela criação da modalidade de aposta “quota fixa”. Mas a regra ainda não está de acordo com a categoria e a regularização precisa ser concluída até o final de 2022.

 “O mercado de apostas esportivas, quando finalmente regulado no Brasil, vai chacoalhar o mercado de mídia e entretenimento, abrindo várias frentes de novos negócios. Uma delas poderá ser a criação de plataformas de apostas por empresas donas de canais de TV. Isso já ocorreu no exterior onde poderosos canais esportivos deram esse passo, como é o caso da Fox Bet e da Sky Betting. No Brasil, a Globo, por exemplo, já tem um fantasy game, o Cartola, que eu sempre vi como um experimento para outros negócios no setor de apostas. Há muita água ainda para rolar por debaixo dessa ponte”, afirmou o advogado Eduardo Carlezzo, especialista em direito desportivo.

Emissoras podem criar suas próprias casas de apostas

Na visão do professor Marcelo Palaia, especialista em marketing no esporte, a possibilidade de desenvolvimento de portais de apostas ligados a emissoras existe, mas depende da regulamentação. “É um mercado que vai deslanchar assim que as empresas estiverem funcionando legalmente no Brasil. A experiência de ver um jogo e apostar simultaneamente é muito atrativa, você faz isso com um ou dois cliques no seu celular”, disse.

“Além disso, temos uma população massiva, apaixonada por futebol, torneios com um alto nível de competição, esses fatores tornam o investimento no futebol brasileiro oportuno às empresas do segmento. Será cada vez mais comum a criação de novas estratégias de ativação no futebol por parte das companhias, em parceria com os clubes e as emissoras de TV”, concluiu Palaia.

Dados do mercado brasileiro

O espaço para novas ações de marketing é enorme e existe a perspectiva do mercado de que a regulamentação aconteça em breve. Portanto, essa ligação dos meios de comunicação com as casas de apostas surge a partir dos investimentos em mídias feitos pelos grupos, que buscam chamar a atenção do fã de esporte brasileiro.

A estimativa da Fundação Getúlio Vargas é que esse mercado pode gerar até R$ 10 bilhões por ano. “A empresas de apostas são grandes investidores em mídia, e as emissoras de TV estão cada vez mais próximas desse segmento. Percebemos nos últimos três anos uma grande movimentação de todos se preparando para a regulamentação, é uma grande oportunidade para o mercado nacional se desenvolver em vários aspectos, estou torcendo para que isto aconteça”, reforçou Salviano.

Portanto, a regularização deve trazer vários benefícios e alavancar o setor de apostas no país. Por contar com uma população apaixonada por futebol, a tendência é que as empresas de comunicação fechem acordos com casas de apostas, com a chance de lançarem as suas próprias plataformas, como já ocorreu em outros locais do mundo.

Além dos grupos de mídia, times, influenciadores e torneios, também devem seguir recebendo investimentos das marcas, que enxergam o futebol como um poderoso aliado na tentativa de popularizar e captar novos apostadores.