Os deputados da CPI das apostas esportivas que apura, na Câmara, manipulação de resultados em partidas de futebol se reúnem nesta quarta-feira, 12, para analisar solicitações que pedem a presença de convidados.
Os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito desejam ouvir o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, casas de apostas esportivas, árbitros, jogadores e integrantes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O último encontro foi em 27 de junho. A previsão é que os deputados votem 33 requerimentos nesta quarta. A CPI começou em 17 de maio, para investigar manipulações em jogos das séries A e B do Brasileirão e de campeonatos estaduais, entre 2022 e 2023.
O pedido para receber Haddad é uma solicitação de informações. Os integrantes da CPI das apostas esportivas desejam saber como está o processo de regulamentação das apostas no Brasil, visando para ampliar os recursos da segurança pública.
Árbitros e representante da CBF
Os deputados também podem solicitar a presença do presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Wilson Luiz Seneme. Eles desejam que Seneme explique a orientação da comissão aos árbitros, em lances suspeitos.
Além disso, os árbitros que estiveram em jogos investigados também podem ser convidados. São eles: Bráulio da Silva Machado, Edina Alves Batista, Marcelo de Lima Henrique, Caio Max Augusto Vieira, Jefferson Ferreira de Moraes e Dyorgines Jose Padovani de Andrade.
Casas de apostas
Os parlamentares da CPI das apostas pretendem ouvir representantes de associações, institutos e movimentos de apostas, além das principais empresas do segmento.
Integrantes do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) e da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) devem comparecer à comissão. A IBJR e a ANJL foram criadas em março deste ano.
Elas reúnem as casas de apostas importantes, como Bet365, Flutter, Entain, Betsson Group, Betway Group, Yolo Group, Netbet Group, KTO Group e Rei do Pitaco. Os proprietários das EstrelaBet e da Pixbet também devem comparecer à CPI.
Além da IBJR e da ANJL, representante da Associação Internacional de Integridade em Apostas (ABIA) deve participar da comissão. O grupo representa 120 empresas de apostas. A comissão também deve receber componentes do Movimento Brasil sem Azar, contrário à legalização das apostas.
Jogadores e ex-atletas da CPI das apostas esportivas
Os parlamentares da CPI das apostas esportivas também devem avaliar o pedido de participação de atletas envolvidos ou mencionados no esquema de manipulação. A lista inclui:
• O meio-campista Nikolas Farias, ex-Novo Hamburgo (RS). Ele foi punido pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS) por 720 dias (dois anos) e multa de R$ 80 mil. Farias foi o primeiro jogador investigado a ser punido.
• O zagueiro Allan Godoi, ex-Sampaio Corrêa, atualmente no Operário (PR). Ele foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por suposto envolvimento no esquema, mas foi absolvido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
• Festo Omukoto, jogador queniano que se envolveu em esquema de fraude em apostas no Quênia e, porteriormente, atuou em armadilha para prender quadrilha. Atualmente, dá palestras sobre o perigo de jogadores se envolverem em esquemas do tipo.
• Gabriel Tota, ex-volante do Juventude, é um dos réus da operação do MPGO. Ele foi banido do futebol pelo STJD.
• Ygor Catatau, ex-Sampaio Corrêa e hoje no Sepahan, do Irã. Foi banido do futebol brasileiro e recebeu multa de R$ 70 mil em junho. Os auditores do STJD entenderam que ele agiu como intermediário do grupo de cinco jogadores do Sampaio Corrêa investigados no esquema.
• André Luiz “Queixo”, ex-Sampaio Corrêa e hoje no Ituano. Foi julgado pelo STJD a pagar multa de R$ 50 mil. Segue como jogador de futebol.
• Paulo Sérgio, ex-Sampaio Corrêa e hoje no Operário-PR. Foi julgado pelo STJD e suspenso por 720 dias, além de ter de pagar multa de R$ 70 mil.
• Mateusinho, ex-Sampaio Corrêa e atualmente no Cuiabá, foi suspenso pelo STJD por 720 dias e condenado a pagar R$ 70 mil.
• Richard Coelho, ex-volante do Ceará, jogou emprestado para o Cruzeiro e atualmente atua pelo Alanyaspor, da Turquia. Foi citado em conversas de apostadores.
• O lateral-direito Severino de Ramos Clementino da Silva, conhecido como Nino Paraíba, ex-Ceará e ex-América. Teve o contrato com o time mineiro rescindido depois de ter sido citado no esquema.
• Onitlasi Moraes, ex-Juventude, admitiu ter participado da manipulação. Ele diz ter recebido R$ 25 mil para tomar cartões amarelos em dois jogos. Fez acordo com as autoridades e não foi processado.
• Emilton Pedroso Domingues, conhecido como Jarro Pedroso, foi punido com suspensão de 720 dias e multa de R$ 100 mil pelo STJD, por envolvimento nas fraudes.