Durante a Payment Expert Summit, especialistas afirmam que apostas em criptomoedas acontecerão naturalmente no Brasil
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O mercado de apostas esportivas brasileiro chegou a uma nova fase com a nova regulamentação que entrou em vigor em janeiro desse ano. O país é sem dúvida uma potência para a indústria do jogo e as novas regras devem pavimentar o crescimento do setor. As mudanças incluíram a exigência de licenças para as empresas operarem e a adoção exclusiva do Pix como meio de pagamento aceito.

Isso exclui transações em dinheiro, cartões de crédito e criptomoedas, porém, apesar dessa limitação inicial, diversos especialistas que participaram do Payment Expert Summit, realizado no Rio de Janeiro, acreditam que as apostas em cripto serão inevitáveis no futuro. Essa visão otimista ganha força diante das últimas estatísticas.

Segundo a pesquisa “Cripto no Brasil” da Triple A, cerca de 4,9% da população brasileira (mais de 10 milhões de pessoas) possuía algum tipo de ativo digital. Esse número não para de crescer, mostrando que o interesse pelo Bitcoin e também em criptomoedas novas que surgem a cada ano não é passageiro. O Brasil está em uma excelente posição no ranking mundial quando em termos de adoção de criptoativos.

Figurando em relatórios internacionais como um dos países com maior número de usuários ativos em negociações virtuais, é de se esperar que as moedas digitais sejam implementadas em diversos outros setores, como o de apostas esportivas.

Impacto no mercado regulado

Com a entrada em vigor da nova legislação de apostas, o país deixou para trás um mercado cinzento, não regulamentado, dando lugar a um ecossistema legalizado e mais transparente. A mudança, no entanto, trouxe desafios para empresas que vinham operando com criptomoedas antes da proibição temporária. Um exemplo é o da casa de apostas Stake.

O Country Manager para o Brasil, Thomas Carvalhess, revelou no evento que a proibição de pagamentos em cripto gerou uma queda de 20% no volume de apostas da empresa. Segundo ele, parte dos jogadores que preferem criptomoedas são apostadores VIP e estão acostumados a transações ágeis e descentralizadas.

Embora esse recuo tenha sido grande, Carvalhess se mantém confiante em um futuro favorável às criptomoedas. Ele enfatiza que a popularização desses ativos no país, bem como a maior familiaridade do público com a tecnologia, pode facilitar o retorno das operações em cripto, assim que as autoridades financeiras e regulatórias finalizarem o arcabouço legal necessário.

A adoção de cripto no Brasil

Estudos de mercado apontam que o Brasil se tornará um dos maiores centros de apostas do mundo até 2028, podendo gerar uma movimentação de até US$ 34 bilhões (cerca de R$ 197,3 bilhões) de acordo com a empresa de inteligência de mercado H2 Gambling Capital. No âmbito das criptomoedas, o Banco Central do Brasil segue avançando com a regulamentação de ativos virtuais.

Além das consultas públicas, também estão desenvolvendo sua própria moeda digital, a Drex, que poderá acelerar a integração do país a inovações financeiras globais. De acordo com o Banco Central, a iniciativa visa promover maior inclusão financeira e digitalizar parte das transações feitas em real. Por outro lado, uso de criptomoedas privadas para apostas segue sob avaliação dos órgãos reguladores.

A alta volatilidade dos criptoativos e as preocupações com segurança e lavagem de dinheiro são alguns dos obstáculos que fazem a Secretaria de Prêmios e Apostas agir de forma cautelosa quanto ao tema. O advogado Udo Seckelmann, que chefia o Departamento de Jogos e Cripto no escritório Bichara & Motta, estima que em um ou dois anos o país possa conceder as primeiras autorizações formais para instituições de cripto operarem no setor de jogos.