O Ministério da Saúde admite não ter dados sobre o jogo excessivo dos brasileiros. Assim, atendendo a um pedido de informações apresentado pelo deputado Fabio Costa (PP-AL), o departamento chefiado pela ministra Nísia Trindade disse que aguarda a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI).
Desafios enfrentados no combate ao jogo excessivo
Este grupo irá analisar a situação das apostas de quota fixa e as chances de ganho. Uma carta assinada por João Mendes de Lima Júnior, chefe do departamento de saúde mental, álcool e outras drogas, informa que o processo judicial para instituir o GTI está em andamento, porém não especifica prazo para publicação.
A promoção do jogo responsável é de responsabilidade do Ministério das Fazenda. De acordo com Lima Júnior, o GTI será fundamental para o Ministério da Saúde, já que o principal desafio no combate ao vício em jogos está ligado à integração de políticas intersetoriais no governo.
O documento também afirma que, atualmente, o Ministério da Saúde não realiza campanhas de conscientização sobre problemas de jogo e sinais de alerta. Além disso, não existe estudo oficial sobre:
- Os efeitos dos problemas de jogo em jovens
- Práticas educativas específicas em escolas para limitar o vício em jogo
Em outra carta, o secretário de Atenção Primária à Saúde (APS), Felipe Proenço de Oliveira ressaltou que “não há programa ou rótulo de atendimento para pessoas com diagnóstico de transtorno de jogos na APS”. Oliveira destacou os principais desafios relacionados ao jogo, que são:
- Falta de dados epidemiológicos
- Capacidade dos grupos que compõem a APS para identificar e responder à demanda
Ou seja, ele também mencionou a necessidade de distinguir entre diferentes aspectos do jogo patológico. Quanto às expectativas, Oliveira afirmou que, ainda este ano, será lançado um manual sobre os perigos do uso de telas.
O livro, denominado “Guia para o Uso Consciente de Telas e Dispositivos Digitais por Crianças e Adolescentes“, será apresentado a um grupo de trabalho que funciona desde 13 de março. Este grupo é composto por representantes do ministério e 19 da sociedade civil.
Investimentos na saúde mental
Mas não é só isso, o Ministério da Saúde também investiu 7 milhões de reais na criação do Inquérito Nacional de Saúde Mental (PNSM). Este trabalho é realizado pelo Departamento de Infectologia e Doenças Não Transmissíveis em parceria com o Departamento de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas.
Assim, este será o primeiro estudo sobre prevalência de doenças mentais, transtornos por uso de substâncias e comportamento suicida no Brasil. No entanto, ainda não está claro como o jogo excessivo será abordado na pesquisa.