Crise Gerada pelo Coronavírus Motiva Retomada dos Cassinos no Brasil
Foto: Brasil 247

A necessidade de recuperação econômica após o controle da pandemia do coronavírus se tornou motivo para defesa da legalização dos jogos de azar e cassinos no Brasil. Mas, a questão é delicada e já causou problemas entre a base aliada do presidente Jair Bolsonaro.

Em contrapartida, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, é um entusiasta da proposta e avalia que a retomada dos cassinos pode fortalecer o turismo, um dos segmentos mais impactados pelo distanciamento social.

Potencial dos cassinos no Brasil

De acordo com o ministro do Turismo, a instalação dos estabelecimentos em resorts, que também forneceriam outros serviços, pode render investimentos de US$ 40 bilhões “só de outorgas, de investimentos imediatos com essa pauta”.

Conforme um projeto de lei, que está pronto para ser avaliado na Câmara dos Deputados, poderão abrir as portas somente três cassinos por estados. Ainda assim, os estados necessitam ter mais de 25 milhões de habitantes. Em locais com menos de 25 milhões de habitantes, a liberação será de apenas um cassino.

Em 2019, o assunto chegou a gerar a criação de uma frente parlamentar. O coordenador da frente, deputado Bacelar (Pode-BA), apoia a liberação de todas as modalidades de jogos. “Não há um país desenvolvido no mundo, nenhum país sequer, desenvolvido e democrático, em que o jogo seja ilegal”, disse.

Bacelar acrescentou: “Se nós liberarmos jogo do bicho, cassinos, jogos eletrônicos, jogos online, caça-níqueis e bingos, esse conjunto de jogos pode gerar 600 mil empregos para o país e cerca de R$ 15 bilhões anualmente de impostos”.

Bancada evangélica resiste às propostas

No entanto, a dificuldade do Governo Federal para dar continuidade às propostas de liberação tanto dos jogos de azar quanto dos cassinos no Brasil se deve a bancada evangélica.

“Para um governo que se pretende conservador nos costumes, seria esquizofrenia política legalizar a jogatina. (…) Estive em audiência com o presidente e ele me reafirmou ser contra a legalização dos jogos de azar, e disse que irá vetar proposta nesse sentido que seja aprovada pelo Congresso, reafirmando assim seu compromisso com o povo evangélico”, declarou o pastor e deputado Marco Feliciano (Podemos-SP).

Bancada do jogo é contra liberação apenas dos cassinos no Brasil

Em reunião ministerial, Marcelo Alvaro, expressou a vontade de legalizar somente os cassinos no país. “Não é legalização de jogos, não é bingo, não é caça-níquel, não é. São resorts integrados”, reforçou. “Obviamente, presidente, uma pauta que precisa de ser construída”.

No entanto, Bacelar salientou que essa posição do responsável pela pasta do Turismo é inadequada.

“Não posso deixar de aplaudir a intenção do ministro de legalizar uma modalidade de jogos de azar no Brasil. Mas, infelizmente, o ministro escolheu a opção errada. Os cassinos integrados a resorts demandam altos investimentos e não são grandes geradores de mão de obra”, defendeu.

Novo aliado de Bolsonaro, Centrão avalia projetos positivamente

No ano passado, Bolsonaro chegou a ser questionado sobre a liberação do jogo e pontuou que precisaria conversar com a bancada evangélica. No momento, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se mostra a favor da volta dos cassinos no Brasil, mas somente integrados aos hotéis de luxo.

“Sou um defensor da legalização dos jogos. Não só dos cassinos, mas também sou favorável a que a gente inclua bingo. Cassino é importante. Se a gente fizesse pelo país afora com certeza daria uns milhares de empregos. Mas acho que fazer cassinos e fazer bingos poderíamos gerar, aí sim, milhares de empregos”, frisou Paulinho da Força (SD-SP).

O político ainda declarou que o avanço das propostas referentes ao jogo no país pode ocorrer no segundo semestre.

“Acho que este é o momento de discutir. O Brasil vai precisar disso. Vamos entrar na maior crise econômica da história. Então precisamos pensar em projetos agora que gerem emprego e arrecadação para o governo. Se incluir bingos e cassinos, estamos falando em coisa de R$ 20 bilhões de arrecadação para o governo”, concluiu.