O Esporte Espetacular revelou um esquema de manipulação de resultados da Quarta Divisão do Campeonato Carioca de Futebol.
Uma investigação de três meses mostrou indícios de que diversos jogos teriam sido arranjados para favorecerem máfias de apostadores.
Jogadores e dirigentes ofereceram ofertas em dinheiro para facilitar a vitória dos adversários e prejudicar seus próprios times.
Em determinado momento do Campeonato, jogadores novos eram contratados, já sabendo o que deveriam fazer, no caso, perder os jogos por placares determinados.
O Esporte Espetacular teve acesso a diálogos dos envolvidos no esquema e gravou a atuação dos suspeitos nas arquibancadas para mostrar como o grupo fraudava as partidas.
Pelo menos oito dos 15 times que participaram do torneio são suspeitos de venderem seus jogos. O presidente do Atlético Carioca, Maicon Vilela, chegou a ser flagrado comemorando um gol sofrido por seu clube, após apostar na vitória do oponente.
Com salários baixos, os jogadores eram facilmente aliciados por quantias consideradas pequenas para o futebol. Com a baixa audiência, em estádios vazios e praticamente nenhuma repercussão, os suspeitos conseguiam atuar livremente.
O assédio aos jogadores era frequente e os que se sentiam incomodados e não aceitavam fazer parte do esquema eram substituídos por “jogadores” que eram escalados com um único propósito: ajudar a máfia dos apostadores a ganhar dinheiro.
Operação Gol Contra
A Delegacia de Defraudações da Polícia Civil e o Gaedest (Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor do Ministério Público do Rio) estão investigando o caso e chamando os suspeitos para depor.
Os suspeitos foram encaminhados para a delegacia e negaram a participação no esquema de manipulação. A Federação de Futebol do Rio disse desconhecer a atuação do grupo e pediu para as autoridades investigarem o caso.
Detecção e Prevenção de Fraude no Esporte
A polícia, Federações, Confederações e até a FIFA têm se empenhado para extinguir esse problema, porém, não é uma tarefa simples. Empresas especializadas nas coletas e análises de dados esportivos tentam a todo custo evitar o ‘Match fixing‘.
O grande desafio para diminuir o impacto da manipulação de resultados é tentar combater as grandes redes internacionais de corrupção, um fenômeno relativamente recente no futebol, tendo em vista que no passado os grupos de estelionatários do esporte costumavam agir somente em esfera nacional.
Em entrevista realizada com o Diretor de Desenvolvimento de Negócios da América Latina, da Sportradar (uma das empresas que trabalha com análise de dados esportivos), Ricardo Magri citou um possível caminho para tentar minimizar esse mal.
“Tecnologia aliada à análise humana. Uma combinação de fatores que levam a uma vertical da empresa que chama “Serviços de Integridade”, essa palavra “Integridade” resume tudo o que a gente pode dar de volta à indústria do jogo e do esporte em benefício contra um dos dois grandes males do mundo das apostas esportivas, que é a partida manipulada ou manipulação de resultados, o tal do match fixing, em inglês”.
No momento, não existe uma empresa voltada exclusivamente para detecção do problema de manipulação de resultados ou suspeita dela. É um caso a se pensar, assim como nas décadas de 80 e 90 explodiram casos de doping no esporte mundial e criou-se a Agência Mundial Antidoping (do inglês, World Anti-Doping Agency), com foco exclusivo no controle do doping.
Portanto, cabe à entidade máxima do futebol (FIFA) analisar e acompanhar esses casos dentre tantos outros assuntos que a entidade têm para resolver.