Ricardo Nunes e Jockey Club de São Paulo
Imagem: Câmara Municipal de São Paulo / Divulgação

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou na última quarta-feira (03) um plano que pode transformar o histórico Jockey Club da cidade em um centro de equoterapia.

O objetivo seria empregar os profissionais que hoje cuidam dos cavalos no local. Contudo, a proposta tem gerado controvérsias.

Diferenças entre equoterapia e turfe

Recentemente, Nunes sancionou uma lei que proíbe corridas de cavalos com apostas na cidade. A medida, atualmente suspensa por uma liminar, ameaça a continuidade do Jockey Club. 

“Os profissionais que trabalham com equoterapia são totalmente diferentes dos que atendem no turfe”, explica a veterinária odontológica Fabíola Soares Miolo. Para ela, a proposta revela um desconhecimento sobre a realidade do Jockey Club e seus trabalhadores.

Equoterapia requer uma equipe especializada de psicólogos e terapeutas ocupacionais, que possuem experiência específica no trato com cavalos. Mas os profissionais do Jockey Club são autônomos e contratados pelos proprietários dos cavalos. 

Esses profissionais possuem habilidades voltadas ao treinamento de animais jovens e agitados. “Os próprios cavalos não são os mesmos, principalmente na fase da vida em que estão os animais de turfe”, destaca Miolo.

Cerca de 3.000 profissionais cuidam de aproximadamente 600 cavalos no Jockey. Thiago Nastás Haidar, treinador e veterinário, avalia que um centro de equoterapia municipal poderia ser positivo, desde que não signifique o fim das corridas. 

“O Jockey já é um parque aberto ao público, com uma fauna e uma flora muito ricos. Tem tucanos e papagaios soltos e exemplares de pau-brasil dentro do terreno”, comenta Haidar.

Jockey Club: espaço público ou potencial equestre?

Haidar também acredita que há um problema de comunicação entre o Jockey e a sociedade. Muitos não percebem que o espaço é público e de livre acesso. 

“Ninguém paga para entrar e visitar os espaços. Falta espaço nas hípicas de São Paulo e Santo Amaro para manter os cavalos. Assim, podíamos ter cocheiras para eles e caixas de saltos no Jockey Club também, além de outras atividades equestres.”

A proposta de Nunes para transformar o Jockey Club em um centro de equoterapia visa criar uma alternativa para os profissionais do turfe. Mas, ao mesmo tempo, enfrenta críticas pela falta de entendimento sobre as especificidades da equoterapia e das necessidades dos cavalos e seus treinadores. 

Portanto, essa transformação, se mal conduzida, pode acabar com uma tradição centenária e prejudicar muitos profissionais. Então, é essencial que as decisões sejam tomadas com base em um diálogo amplo e informado, envolvendo todos os stakeholders. 

Afinal, o Jockey Club é mais do que apenas corridas de cavalos é um patrimônio histórico e cultural da cidade de São Paulo.