Comissão da Câmara aprova criação da loteria Mulher-de-Sorte
A relatora do projeto, deputada Nely Aquino (Podemos-MG). Foto: Câmara dos Deputados / Reprodução

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que cria o Benefício de Proteção à Mulher e a loteria Mulher-de-Sorte, para financiá-lo (PL 4462/21).

Esse benefício terá o valor um salário mínimo mensal e será concedido, conforme decisão judicial, por até dois anos, à mulher que cumprir os seguintes requisitos cumulativamente:

  • risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher, ou de seus dependentes, em decorrência de violência doméstica e familiar;
  • renda familiar de até um salário mínimo por pessoa;
  • afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida.

Mas, a renda do agressor não será considerada para a apuração da renda familiar para fins de concessão do benefício. Sendo assim, a medida é inserida na Lei Maria da Penha.

Nova fonte de custeio

A relatora, deputada Nely Aquino (Podemos-MG), apresentou parecer favorável ao projeto. Ela acrescentou, então, ao texto mais uma fonte de financiamento do benefício: os recursos arrecadados com ação regressiva contra o responsável pela violência doméstica e familiar.

“Embora a coletividade não deva se furtar a colaborar para superar a violência contra a mulher, parece-nos relevante chamar à responsabilidade os homens que agem de forma violenta”, justificou a relatora.

Sem acumular benefícios

Nely Aquino também prevê que o novo benefício não poderá ser acumulado com:

  • o Benefício de Prestação Continuada (BPC);
  • aposentadoria e pensões;
  • benefícios por incapacidade pagos por qualquer regime de previdência social;
  • seguro-desemprego.

Na nova versão apresentada, a relatora estabelece ainda que um regulamento deve dispor sobre os órgãos responsáveis por gerir e pagar o benefício.

Isso porque, além da decisão judicial, outros requisitos deverão ser examinados para a concessão do benefício, como renda familiar.

Dinheiro da loteria Mulher-de-Sorte

Para atender ao requisito constitucional que exige que a instituição de despesa aponte a fonte de custeio, a autora do projeto, ex-deputada Rejane Dias (PI), propõe a criação da loteria Mulher-de-Sorte.

Portanto, o dinheiro arrecadado com a loteria será dividido da seguinte forma:

  • 26% para financiar o novo benefício
  • 10% para financiar habitações a mulheres vítimas de violência doméstica
  • 19,13% para a cobertura de despesas de custeio e manutenção do agente operador da loteria
  • 44,87% para o pagamento de prêmios e impostos incidente sobre a premiação.

Além disso, o texto original destinava percentuais maiores para o novo benefício (30%) e menores para a premiação e impostos (40,87%).

“O maior motivador para a realização de apostas é a premiação oferecida”, argumentou Nely Aquino ao defender os novos percentuais.

Tramitação

O projeto, que tramita em caráter conclusivo, ainda será analisado pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.