Exclusivo: Paulo Schmitt fala sobre integridade esportiva e regulamentação das apostas no Brasil

Paulo Schmitt, consultor de integridade no desporto do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), concedeu uma entrevista ao portal iGaming Brazil abordando a integridade esportiva e explicando como ocorre o trabalho na prática no movimento olímpico nacional e internacional.

Conceito de integridade esportiva

Conforme Schmitt, o conceito de integridade refere-se ao que é honesto e íntegro, possuindo duas faces distintas no esporte. “Na face interna, nós estamos mais acostumados com aspectos relacionados à governança e compliance das organizações esportivas.”

“Na face externa — que é a que mais preocupa atualmente — tem uma relação direta com ações, atividades e programas de prevenção e combate não apenas à manipulação de competições, mas também à dopagem, preconceito, racismo, abusos e assédios no esporte. Integridade tem uma relação direta com a credibilidade e, como eu disse, a segurança dos atletas.”

Além disso, o COB tem um programa chamado Esporte Seguro, que inclui um braço educacional, o Instituto Olímpico Brasil (IOB). Na área de prevenção e enfrentamento à manipulação de competições, Schmitt informou que a entidade possui uma divisão especial dedicada ao desenvolvimento de várias atividades, incluindo a nomeação de embaixadores.

“O movimento olímpico não tem muitos casos, especialmente o movimento olímpico brasileiro, mas a gente trabalha com a seguinte premissa: fazer o melhor esperando o pior. Porque é um cenário que provavelmente virá”, afirmou.

De acordo com consultor de integridade no desporto, o processo de combate à manipulação de competições envolve dois momentos: identificação através de monitoramento e reporte de denúncias. Ele ressaltou a robustez da plataforma de monitoramento do Comitê Olímpico Internacional e a importância de canais de denúncias.

“Chegando um caso e identificado dessas duas formas, nós damos um tratamento interno do tema, sempre com comunicação ao COB. Encaminhamos o caso com uma análise prévia ao nosso comitê de defesa e às autoridades, porque manipulação de competição é crime no Brasil.”

Regulamentação das apostas esportivas no Brasil

Paulo Schmitt também comentou sobre a regulamentação das apostas esportivas, enfatizando a divisão de competências entre os ministérios da Fazenda e do Esporte e o trabalho conjunto com o Congresso Nacional para estabelecer normas adequadas.

“Nossa preocupação maior, na minha área, é exatamente com as normas e regras de integridade junto com a regulação de apostas. A Lei Geral do Esporte trouxe vários pontos sobre integridade. Acho que a regulação das apostas caminha em uma linha razoável para identificação e eventual inibição de casos de manipulação.”

Além disso, ele reconheceu a importância das operadoras de apostas para o fomento do esporte nacional. “Nós entendemos que as operadoras de apostas são importantes até para patrocinar o esporte, e o COB está desenvolvendo diretrizes para patrocínios para tornar essa relação ainda mais segura entre organizações esportivas e operadoras de apostas.”

Paulo Schmitt concluiu destacando o trabalho entre o COB e a CBF para que a nova legislação coíba a manipulação. “A gente entende que essa área de integridade é bem sensível e estamos trabalhando com o COB e a CBF para fazer com que essa regulação permita que o esporte e as apostas sejam mais seguras e possamos evitar e minimizar os impactos relacionados à manipulação.”