Apesar de cláusulas confidenciais de contrato impedirem a Sportradar de revelar os nomes, sabe-se que até 16 de outubro deste ano, mais de 130 jogos de futebol foram suspeitos de sofrer manipulação nos resultados dentro dos campeonatos brasileiros, sendo sua maioria em ligas inferiores.
A Sportradar é especialista no ramo e tem parceira com 150 federações e ligas esportivas, além de possuir acordo com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para monitorar competições organizadas pela entidade.
Além disso, a empresa assinou um Memorando de Entendimento com a Polícia Federal em um acordo de cooperação para investigações sobre violações da integridade esportiva no Brasil, repassando informações sobre suspeitas de irregularidades.
Em 2022, a Sportradar encontrou mais de mil jogos sob suspeita em mais de 86 países, dentro de 12 esportes diferentes, um novo recorde, superando os 905 casos registrados em 2021.
A empresa trabalha com um sistema de monitoramento que detecta padrões de apostas irregulares e suspeitos. Este sistema é feito com algoritmos sofisticados de machine-learning e com um banco de dados de apostas constantemente atualizado, que coleta em tempo real informações de mais de 600 operadores globais de apostas com o objetivo de detectar a manipulação de resultados.
Quanto mais cresce e se desenvolve o número de casas e plataformas de apostas esportivas online, mais aumenta a preocupação quanto à integridade desportiva. A manipulação de resultados evoluiu e se tornou muito mais sofisticada e direcionada, alcançando mais modalidades esportivas.
Casos de suspeitas no Brasil este ano
O Campeonato Cearense foi suspenso por suspeita de manipulação de resultados. O Crato foi rebaixado após terminar a primeira fase na lanterna com 39 gols sofridos em 14 jogos. A Federação Cearense de Futebol tem uma parceria com o Sportradar para a empresa atuar no monitoramento das partidas.
Outro exemplo de irregularidades foi no futebol amazonense: o Atlético Amazonense perdia por 3 a 1 para o Sul América na segunda divisão estadual quando um jogador deliberadamente marcou um gol contra aos 44 minutos do segundo tempo. O fato chamou atenção e o vídeo do lance viralizou nas redes sociais. O clube amazonense publicou nota um dia após o jogo e informou que dispensou os envolvidos no episódio.
Segundo reportagem do portal Terra, no mês passado, o presidente do Atlético Amazonense, Henrique Barbosa, foi banido pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas das atividades relacionadas ao futebol e recebeu uma multa de R$ 100 mil por suposta participação em esquema de resultados. Ele havia sido absolvido pela 2ª Comissão Disciplinar do tribunal, mas a procuradoria do TJD-AM recorreu da decisão.
Nesta quinta-feira, 17, Barbosa participará de uma audiência com Superior Tribunal de Justiça Desportiva para recorrer da pena. Ainda segundo o Portal Terra, ele responde por desrespeito aos artigos 240 (Aliciar atleta autônomo ou pertencente a qualquer entidade desportiva) e 242 (Dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
O atleta Júlio Campos, por sua vez, recebeu uma punição de suspensão do futebol por 300 dias e uma multa de R$ 25 mil aplicada pelo tribunal em função do gol marcado contra a sua própria equipe. Mas, vale ressaltar que essa situação não se limita ao futebol brasileiro e acontece no exterior.
Atualmente, a Associação Inglesa de Futebol (FA) está investingando Ivan Toney, do Brentford, do Campeonato Inglês, por descumprir 232 normas de apostas entre 2017 e 2021. O jogador tem até o dia 24 de novembro para apresentar sua defesa à FA.