Presidente do BNDES propõe maior taxação das bets para compensar redução do IOF

Para Mercadante, ao taxá-las, seria possível "diminuir, por exemplo, o impacto do IOF e criar alternativas".

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Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante - Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defendeu a redução da taxa básica de juros Selic e propôs aumento de impostos sobre as bets. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, evitou polêmicas durante o evento Nova Indústria Brasil, realizado nesta segunda-feira (26).

O encontro reuniu autoridades para discutir a reindustrialização nacional. Além de Mercadante e Haddad, participaram o vice-presidente Geraldo Alckmin e a ministra Gleisi Hoffmann.

O entenda o que ocorreu

Mercadante cobrou diminuição imediata da taxa Selic. “Vamos baixar a Selic, porque tem espaço para fazer de forma gradual, segura e sustentável“, afirmou o presidente do BNDES. Atualmente, a taxa básica de juros está em 14,75% ao ano, maior patamar desde 2006.

O presidente do BNDES também criticou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por gerar “contração monetária“. Segundo ele, este imposto aumenta o custo do crédito no país. Políticas contracionistas visam reduzir a oferta de dinheiro na economia para controlar a inflação.


Aloizio Mercadante acrescentou: “A Selic gera dívida. O IOF gera receita, diminui o problema da relação dívida-PIB na sustentabilidade. Eu estou entre aqueles que (entende que) precisamos olhar gastos estruturais e compensar como é que a gente aumenta a eficiência.

Além disso, Mercadante sugeriu elevar impostos das bets. Na visão do presidente do BNDES, estas plataformas estão “corroendo as finanças populares“. Portanto, ao taxá-las, seria possível “diminuir, por exemplo, o impacto do IOF e criar alternativas“.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad – Foto – Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Por outro lado, Haddad evitou comentar sobre alterações no IOF. Durante sua fala, o ministro da Fazenda afirmou que “com o apoio de parte do Congresso“, o governo avança na estabilização do orçamento. Consequentemente, cria “as condições macroeconômicas para a indústria voltar a se desenvolver“.

Haddad destacou ainda que o “maior legado” do governo Lula é a reforma tributária, com implementação prevista para 2027. Contudo, não mencionou mudanças no IOF ou na taxa de juros durante sua apresentação.

Ministro reconhece custo elevado da taxa Selic

Posteriormente, ao deixar o evento, Haddad reconheceu que a Selic eleva o custo do crédito. “Nem por isso os empresários deixam de compreender a necessidade da medida“, explicou o ministro aos jornalistas.

Ademais, afirmou querer resolver a situação “o quanto antes” para que tributação e juros retornem a “patamares adequados“.

Durante o evento, Alckmin defendeu mudanças no Imposto de Renda. O vice-presidente argumentou que a alíquota de 27,5% deveria incidir apenas sobre rendimentos acima de R$ 100 mil. Atualmente, esta taxa é aplicada a quem ganha mais de R$ 5.830,85.

Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Geraldo Alckmin explicou: “Como é que pode isso? (…) Então vai-se fazer justiça, até R$ 5.000 está isento. 5 a 7 tem uma redução. Essa é a lógica do imposto de renda, proporcionar quem ganha mais, paga mais, e quem ganha menos, paga menos“.

Por fim, Mercadante comentou sobre a diminuição da participação dos EUA no PIB mundial. Conforme dados do FMI citados pelo presidente do BNDES, os Estados Unidos reduziram sua fatia de 20,5% para 15% entre 2000 e 2023. Enquanto isso, a China aumentou sua participação significativamente no mesmo período.

(Os EUA) Eles perderam 5 pontos percentuais do PIB nesse século 21. A União Europeia caiu de 21,7% para 14,7%. A China subiu de 6,6% para 18,7%“, concluiu Mercadante.