Cinco grandes operadoras de apostas esportivas e jogos online no Brasil lançaram uma “Carta Aberta à Nação“, em que rebatem críticas recentes sobre o impacto das apostas no consumo e no endividamento da população.
A iniciativa visa esclarecer mal-entendidos e reforçar o compromisso da indústria com a responsabilidade e transparência.
Resposta às críticas
Nos últimos meses, surgiram críticas de que o aumento das apostas estaria relacionado ao endividamento e à queda do consumo das famílias. Um estudo da PwC Brasil indicou que indivíduos de classes sociais mais baixas, especialmente das classes D e E, estariam comprometendo cerca de 1,38% de suas rendas com apostas.
Em resposta, as operadoras argumentam que essas interpretações são equivocadas e que o público principal das apostas está, na verdade, nas classes B e C. A indústria defende que as pessoas mais vulneráveis financeiramente representam apenas uma pequena parcela dos apostadores e que a atividade de apostas não é responsável por uma diminuição no consumo ou pelo aumento do endividamento.
Compromisso com a regulamentação de apostas e proteção do consumidor
Na carta, as operadoras enfatizam seu compromisso com um ambiente regulado e responsável, rejeitando práticas que possam incentivar comportamentos compulsivos ou promessas enganosas de ganhos fáceis.
Elas destacam que, apesar de casos de vício em apostas serem raros, a indústria leva esses episódios a sério e está organizando campanhas educativas para conscientizar os apostadores de que as apostas devem ser vistas como entretenimento, não como uma fonte de renda.
As operadoras também sublinham que a regulamentação completa do setor, prevista para janeiro de 2025, será fundamental para garantir a integridade e segurança do mercado, com regras claras e punições para práticas irregulares.
Dados de consumo
Um dos pontos mais destacados na carta é a defesa de que o crescimento das apostas não está afetando o consumo das famílias brasileiras. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, no segundo trimestre de 2024, o consumo das famílias cresceu 1,3% em relação ao primeiro trimestre do ano, e 4,9% em comparação ao mesmo período de 2023.
Esses números são usados pelas operadoras para demonstrar que o consumo no Brasil segue em alta, contradizendo as alegações de que as apostas estariam reduzindo o poder de compra da população.
Carta aberta das operadoras de apostas esportivas e jogos online à nação brasileira
“O Brasil vive, desde o início de 2023, um momento histórico por meio da regulamentação de uma nova indústria, a de apostas esportivas e jogos on-line. Nos últimos meses, diversos setores da economia têm demonstrado preocupações, muitas vezes precipitadas, sobre eventuais impactos desses serviços de entretenimento sobre a população.
Por isso, as operadoras que subscrevem a presente Carta Aberta à Nação Brasileira vêm esclarecer alguns pontos e manifestar o seu compromisso com a proteção dos consumidores, a transparência e o combate a quaisquer práticas nocivas.
Faz-se necessário, primeiramente, afastar informações que têm sido divulgadas de forma especulativa acerca do mercado. De 2019 até agora, o Brasil possui, infelizmente, um setor sem qualquer regulamentação, cujo processo em andamento só será concluído no final deste ano.
Essa lacuna regulatória viabilizou a chegada de empresas sérias, com longa e sólida trajetória no mercado internacional, mas também de casas de apostas aventureiras e sem compromisso com integridade e responsabilidade.
Não procedem, no entanto, quaisquer afirmações de que a indústria de apostas é a responsável por uma suposta redução de consumo dos brasileiros ou aumento do nível de endividamento. Tal inferência, inclusive, não encontra respaldo factual.
Os dados divulgados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, só no segundo trimestre deste ano, o consumo das famílias avançou 1,3% em relação ao primeiro trimestre do ano e impressionantes 4,9% na comparação com igual período de 2023. Ou seja, os brasileiros não estão deixando de consumir para apostar.
Uma das pesquisas divulgadas recentemente apontou uma média de 1,38% de utilização do orçamento doméstico, por apostadores dos estratos sociais D e E, com apostas. A indústria que atua de forma séria no país não reconhece essas camadas sociais como seu principal público consumidor, que se concentra mais nos perfis B e C. Portanto, pessoas mais vulneráveis financeiramente, ainda que estejam presentes no universo de apostadores, representam ínfima parcela.
A indústria, porém, não fecha os olhos para os lamentáveis casos reais, que têm sido veiculados, de compulsão, ainda que raros. Por isso, as casas de apostas que assinam esta Carta vêm reafirmar que estão comprometidas com um ambiente regulado, íntegro e responsável, sendo totalmente contrárias a quaisquer ferramentas ou peças de divulgação que induzam o apostador a um comportamento compulsivo ou a promessas de dinheiro fácil.
Como uma das formas de demonstrar esse comprometimento, as operadoras estão organizando campanhas de conscientização e educação para os apostadores, reiterando a mensagem de que os jogos on-line e as apostas esportivas devem ser considerados formas de entretenimento e não fonte de renda.
Trabalhar contra a regulamentação é o mesmo que apoiar a permanência no país de sites ilegais, sem a menor preocupação com as boas regras do mercado regulado. Significa empoderar aqueles contra os quais luta o governo, lutam as empresas sérias e deve lutar a sociedade.
Por fim, as empresas manifestam a certeza de que, a partir de 1º de janeiro de 2025, com a entrada em vigor do mercado regulamentado, o Brasil passará a ter um ambiente seguro para as apostas, com regras claras e medidas punitivas para aqueles que desrespeitarem o principal foco das operações: o consumidor.
Assinam a carta:
- Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL)
- Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL)
- Associação Internacional de Gaming (AIGaming)
- Associação Brasileira de Defesa da Integridade do Esporte (Abradie)
- Associação em Defesa da Integridade, Direitos e Deveres nos Jogos e Apostas (Adeja)