A Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV) alertou a Facua (associação de consumidores) de que não tem autoridade para vetar a publicidade ‘cripto’ no esporte. A resposta é um revés para Facua, que havia solicitado a interrupção de acordos de patrocínio como o assinado entre o Atlético de Madrid e a WhaleFin, uma gigante mundial da gestão de ativos digitais.
A CNMV e Facua realizaram uma reunião nesta terça-feira, 20 de setembro, para analisar a petição que a associação tornou pública no início de setembro. Especificamente, seu apelo à intervenção direta do supervisor nas relações de patrocínio entre empresas ligadas ao setor esportivo e operadores de criptomoedas e serviços de investimento similares. A Facua também pediu à autoridade da bolsa de valores que pusesse um fim à publicidade cripto protagonizada por rostos famosos e personalidades da mídia.
Desde 31 de agosto do ano passado, o governo proibiu a publicidade de casas de apostas e cassinos online no esporte. Essa proibição acabou levando a um novo caso de amor entre clubes e empresas do mundo cripto, que atualmente estão em processo de consolidação, esperando que a União Europeia (UE) aprove o marco regulatório conhecido como MiCA, que regulará o mercado de cripto-ativos na UE.
A relação do mundo cripto com o futebol espanhol
A Facua pediu até mesmo a intervenção de alguns dos últimos contratos anunciados no esporte espanhol. O acordo da equipe vermelha e branca com a WhaleFin — uma plataforma de referência do gigante global de gestão de ativos digitais ‘Amber Group’ — foi um dos citados pela associação.
A LaLiga também não está muito atrás nesse sentido, já que em 9 de setembro, a entidade que dirige o futebol espanhol anunciou uma parceria com a Sorare para lançar tokens criptográficos (conhecidas como NFTs) para todos os seus jogadores e torcedores. Estes tokens geraram mais de 150 milhões de dólares em vendas este ano.
A plataforma de investimento online DEGIRO é o novo patrocinador principal do Sevilla FC, que confirmou que seus jogadores usarão o logotipo da empresa na frente de suas camisas durante a temporada 2022/2023. A ‘loucura’ dos cripto-ativos vai além do futebol. Por exemplo, a equipe de Fórmula 1 da Red Bull selou um acordo em fevereiro com a plataforma Bybit, uma troca de criptomoedas com 10 milhões de usuários.
A decisão da CNMV
A lei deixa a CNMV com pouco espaço de manobra na área de cripto-ativos e limita sua intervenção ao controle da disseminação de informações enganosas ou ambíguas.
A comissão não pode dar o passo em frente solicitado pela Facua para proibir “em sua totalidade” o patrocínio esportivo de plataformas de criptomoedas, uma decisão que deveria ser tomada pelo governo. Isto foi decidido na reunião de terça-feira. O supervisor da bolsa de valores passou a controlar os anúncios destes operadores de ativos digitais através da Circular 1/2022, em vigor desde janeiro.
Este regulamento, o primeiro aprovado na Espanha sobre o assunto, foi limitado às próprias competências da CNMV, de modo que seu escopo foi restrito àquelas atividades publicitárias que buscam oferecer cripto-ativos como um possível investimento. É por isso que o supervisor não tem uma palavra a dizer em situações como a que ocorre no esporte espanhol, onde a publicidade se limita ao nome de empresas criptográficas.
O supervisor da bolsa de valores conseguiu intervir no conteúdo dos sites dessas empresas. O papel da CNMV é evitar a omissão de dados relevantes e evitar a inclusão de informações ambíguas, como exigido por lei.