Fantasy games brasileiro conquista prêmio de R$ 1 milhão

Milhões de brasileiros aficionados por futebol já são “treinadores” de seus times favoritos. Geralmente temos sempre uma opinião sobre quem está jogando bem, quem deve ser substituído e quem pode ser dispensado. Mas há quem tenha transformado esse “discurso” em uma profissão bem rentável com os Fantasy Games.

O amazonense Gerlison Ferreira ganhou o primeiro R$ 1 milhão em “fantasy games”, um tipo de jogo em que ele gerencia um time virtual de esportes, mas joga com atletas reais atuando em clubes reais. Se você seleciona um atleta que tenha um bom desempenho em campeonatos “reais”, ganha pontos e até prêmios.

Segundo estudo do TechNavio, que analisa o mercado global de novas tecnologias, esse tipo de entretenimento já gera receita anual de R$ 66 milhões no país.

“A notícia [de R$ 1 milhão acumulado em prêmios] me pegou de surpresa”, afirma Ferreira. “Esse dinheiro vai me ajudar a conquistar várias coisas que sempre quis, mas nunca tive condições de ter. O que realmente quero fazer é dar uma vida melhor aos meus pais que sempre batalharam muito para mim.”

O grande crescimento dos Fantasy Games

Os Estados Unidos, pioneiros da chamada sports tech (empresas de tecnologia esportiva), em 2021 movimentaram mais de R$ 44 bilhões no setor. Estima-se que o mercado global de US$ 26 bilhões deva crescer 120% até 2026.

No Brasil, segundo levantamento de 2021 da Conecta Ventures, já há 106 sports tech atuando. O líder da modalidade, Rei do Pitaco, cresceu 350 vezes desde sua criação em 2019. O aplicativo já acumula 3,2 milhões de downloads e mais de 100 mil usuários já foram contemplados com um valor total de R$ 50 milhões.

“Temos como missão transformar a vida dos apaixonados pelo esporte e, por isso, criamos constantemente ligas para entreter e encorajar nossos jogadores a alcançar seus objetivos também fora dos campos. Somente nas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, por exemplo, já distribuímos mais de R$ 5 milhões em prêmios”, diz Mateus Dantas, CEO e cofundador do Rei do Pitaco.

O seu concorrente direto, Cartola FC, também seguiu a ideia de usuários rentáveis ​​por ciclo e anunciou o Cartola Express este ano. Criado em 2005, o Cartola FC é o segundo maior jogo de fantasia do mundo atingindo 30 milhões de downloads e 6 milhões de times ativos somente em 2021.

Uma grande oportunidades com a Copa do Mundo de 2022

O Rei do Pitaco também ‘recrutou’ o famoso streamer Casimiro esse ano. O streamer contará com o patrocínio da sports tech e uma parceria com o Clube Athletico Paranaense, e irá transmitir ao vivo 19 jogos do Campeonato Brasileiro na platafroma Twitch.

“Sempre gostei muito de fantasy games de futebol. Meu público também joga e espera por esse tipo de conteúdo nas lives”, explica o influenciador, com 2,4 milhões de inscritos em seu canal na Twitch.

“Agora eu sempre escalo meu time e fico recebendo mensagens dos ‘nerdolas’ mostrando que ganharam dinheiro no app. Recebi recentemente o print de um que ganhou quase R$ 4 mil com o time que montou”, diz.

A Copa do Mundo 2022, que acontece no final deste ano, promete esquentar ainda mais o mercado de inovação e tecnologia das startups nesse universo. “Temos grandes expectativas para essa data”, afirma Dantas, sem revelar detalhes.

Saiba mais sobre os fantasy games e as leis para a modalidade

Os Fantasy games não são considerados “jogos de azar” e sim como jogos de habilidade, ou seja, o resultado dependerá, na maioria da vezes, da aptidão do jogador e não de um evento totalmente aleatório.

O advogado criminalista e professor de direito penal e processual penal Roberto Vasconcelos da Gama, comenta sobre o caso dos jogos de apostas:

“O Brasil ainda não possui uma legislação específica sobre a regulamentação dos aplicativos de apostas. Porém, o PL 442/91, recentemente aprovado pela Câmara dos Deputados, cria o Marco Regulatório dos Jogos no Brasil e permite a prática e exploração dos jogos de azar e cassinos no país”.

Entre as principais regras deste Marco Regulatório dos Jogos estão:

  • Permissão da prática e exploração de jogos e apostas em estabelecimento físico ou virtual, desde que eles tenham consentimento do Poder Público;
  • Criação do Sistema Nacional de Jogos e Apostas (Sinaj), composto por órgão regulador federal, entidades operadoras de jogos e apostas, entidades turfísticas e agentes de jogos e apostas, empresas de auditoria e entidades de autorregulação do mercado;
  • Criação do Registro Nacional de Jogadores e Apostadores (Renajogo), para garantir controle à atividade do ponto de vista do jogador. O mesmo deve se registrar nesse órgão antes de participar de jogos e apostas;
  • Implementação de uma instituição voltada para a Política Nacional de Proteção aos Jogadores e Apostadores, com regras ainda a serem definidas;
  • Criação da Cide-Jogos (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico), imposto destinado ao financiamento de ações nas áreas de turismo e esporte que sejam voltadas ao combate ao vício em jogos;
  • Exigência de uma licença de operação para as empresas interessadas. As mesmas devem ter sede e administração no país e estarão sujeitas às normas a serem definidas por órgão regulador e supervisor federal;

Apesar dessas considerações, o ex-presidente da República, Michel Temer, em dezembro de 2018, sancionou a Lei 13.756/2018, que dispõe sobre o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), sobre a destinação do produto da arrecadação das loterias e sobre a promoção comercial e a modalidade lotérica denominada apostas de quota fixa.

Desse modo, torna legal no país as apostas esportivas, desde que atendam a alguns requisitos, entre eles que as apostas devem ser de cotas fixas, conhecidas como odds. Ou seja, no momento que é realizada a aposta, precisa ficar definido o quanto o apostador vai ganhar, caso seu palpite esteja correto.