O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Marco La Porta, defendeu nesta quarta-feira (11) a profissionalização da gestão esportiva como ferramenta essencial para prevenir casos de corrupção, aprimorar a saúde financeira do setor e atrair novos patrocinadores. Ele participou de audiência na Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados.
Durante a sessão, La Porta destacou o impacto positivo dos cursos de capacitação obrigatórios, iniciados em 2024, na administração esportiva. Apesar de o COB ter encerrado 2024 com um déficit de R$ 78 milhões, o valor foi reduzido para R$ 4 milhões até março de 2025.
O dirigente também ressaltou a importância da transparência no uso dos recursos públicos e defendeu a descentralização da gestão. Segundo ele, os repasses às confederações seguem critérios como desempenho esportivo, prestação de contas e governança ética.
Falta de regras trava uso de recursos das apostas esportivas
A utilização dos recursos provenientes das loterias e das apostas esportivas (bets) foi um dos temas centrais discutidos. O presidente do COB confirmou o recebimento de aproximadamente R$ 20 milhões originados das bets.
No entanto, explicou que a entidade ainda não conseguiu aplicar os valores devido à ausência de normas claras de regulamentação.
Marco La Porta afirmou: “A gente entende que as pessoas que apostam na loteria estão ficando mais velhas, já tem uma nova geração apostando nas bets. É por isso que os recursos das bets são tão importantes para o esporte. Falta agora estabelecer a regra de como nós podemos usar.
Há uma data agora em julho de provável depósito das outras empresas. Se a gente não tiver a regra, vai ficar parado no cofre.”
De acordo com o dirigente, a definição urgente dessas diretrizes é essencial para garantir o aproveitamento efetivo desses repasses, que podem beneficiar diretamente a formação de atletas e a infraestrutura esportiva.
Diretor do COB fala sobre investimentos e capacitação
O diretor-geral do COB, Emanuel Rego, enfatizou que a participação em programas de capacitação se tornou obrigatória para atletas, dirigentes e colaboradores. Conforme o diretor, somente no último ano, mais de 32 mil pessoas foram atingidas por ações como o programa de esporte seguro.
Ele também observou que a Lei das Loterias foi um marco para o desempenho olímpico brasileiro. De 2004 a 2024, o país conquistou 106 medalhas, média de 17,7 por edição, enquanto entre 1920 e 2000, foram apenas 64, com média de 3,4.
Transparência e incentivo são prioridade
Com 304 colaboradores envolvidos na administração orçamentária, o COB vem adotando práticas de descentralização e valorizando a transparência. Emanuel Rego destacou que as confederações amadureceram na gestão dos recursos e, com isso, passaram a receber mais repasses da entidade.
O deputado Luiz Lima (Novo-RJ), responsável pelo requerimento da audiência, criticou a ausência de fiscalização em gestões passadas. Ele lembrou que a falta de transparência contribuiu para escândalos nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e na Olimpíada de 2016. Segundo ele, a atual administração se destaca justamente pela clareza e responsabilidade na aplicação dos recursos.
Perspectivas do COB para financiamento esportivo
Atualmente, o COB recebe 2,2% da arrecadação das loterias, que somou R$ 445 milhões em 2024 e deve atingir R$ 465 milhões em 2025. Novos patrocinadores, como Adidas e Neoenergia, além da renovação com a Caixa Econômica Federal, impulsionam o crescimento.
Outro ponto de debate foi a importância da renovação da Lei de Incentivo ao Esporte (PLP 234/24), que permite a dedução fiscal de valores investidos por pessoas físicas e jurídicas em projetos esportivos. De acordo com o consultor Jorge Bichara, a continuidade da lei é fundamental para a sobrevivência do esporte olímpico no país.
Por fim, Bichara afirmou: “A maior disputa esportiva neste ano é na reedição da Lei de Incentivo ao Esporte. A sua perenidade é extremamente necessária para subsistência do esporte olímpico no País, que hoje se baseia muito nas ações dentro dos clubes e dos projetos sociais. Perder esta batalha será extremamente complicado para o esporte olímpico do Brasil.”