Na última segunda-feira (17), a Câmara dos Lordes (Câmara Alta do Parlamento do Reino Unido) votou contra uma emenda que buscava proibir patrocínios de jogos de apostas no futebol inglês. O resultado foi uma maioria clara: 339 votos contrários e 74 a favor.
A versão final do projeto de lei de governança do futebol incluiu essa proposta, após o término do debate na semana passada. A Câmara dos Lordes apresentou o projeto de lei inicialmente em outubro de 2024. Seu objetivo é criar um regulador independente para supervisionar o futebol e tratar de questões como o licenciamento de clubes.
O texto passou pelas etapas de comitê e relatório em março. Em seguida, a Câmara o debateu novamente nas últimas duas semanas.
A proposta de proibir patrocínios e publicidade de jogos de apostas foi apresentada pelo político liberal democrata Lord Addington. A cláusula sugerida afirmava: “Dever de impedir publicidade e patrocínio relacionados a apostas no futebol inglês. O futebol inglês não deve promover ou se envolver em publicidade ou patrocínio relacionados a apostas”.
Lord Addington argumentou que o órgão regulador proposto, o IFR (Independent Football Regulator), deveria eliminar gradualmente esses patrocínios e publicidades assim que estivesse em funcionamento. No entanto, a proposta foi rejeitada com 339 votos contrários e 74 a favor.
Debates e argumentos contra a proibição de publicidade de apostas
Durante o debate, Lord Addington destacou que a publicidade de apostas “cresceu além de todo o reconhecimento, provavelmente se tornando algo que nenhum de nós sequer suspeitaria há 20 anos”. Ele apelou aos parlamentares: “Temos de fazer alguma coisa aqui; tornou-se ridículo.”
Por outro lado, a Baronesa Fox de Buckley argumentou contra a emenda. Ela afirmou que o objetivo central do projeto de lei era ajudar clubes, especialmente os menores, que enfrentam instabilidade financeira.
“Por que cortaríamos uma fonte perfeitamente legítima de financiamento na forma de patrocínio lucrativo?”, questionou Fox. Além disso, ela alertou que a proibição poderia criar um regulador “politicamente carregado”.
Posicionamento político e econômico
Lord Parkinson de Whitley Bay concordou com Fox e destacou que a emenda tinha “implicações mais amplas” para questões complexas, que não eram o foco inicial do projeto de lei. A Baronesa Twycross, ministra de apostas do Reino Unido, ressaltou que o governo já havia estabelecido padrões para a indústria de apostas, visando anúncios “proporcionais e apropriados”.
Twycross também lembrou que a Premier League, principal divisão do futebol inglês, já havia decidido remover patrocinadores de apostas da frente das camisas dos times a partir da temporada 2026-2027.
Ela afirmou que o regulador não deve ter um “papel específico em questões comerciais, como publicidade e patrocínio”, pois essas são decisões dos clubes.
Além disso, Twycross destacou a importância de reconhecer a “receita vital” que os clubes ingleses recebem de patrocínios e publicidades de apostas.
Próximos passos do projeto de lei
Agora, o projeto de lei seguirá para a Câmara dos Comuns, onde passará pelas etapas de primeira e segunda leituras. Posteriormente, será discutido em comitês, seguido de uma terceira leitura. Finalmente, as emendas finais serão consideradas antes de uma votação definitiva.