A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, que provavelmente será prorrogada até o fim do ano, planeja ouvir no segundo semestre o jogador Lucas Paquetá, do time inglês West Ham e da seleção brasileira.
O presidente do colegiado, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), apresentou os requerimentos de convite ao atleta. Além disso, o vice-presidente, senador Eduardo Girão (Novo-CE), também participou da apresentação.
Kajuru e Girão consideram fundamental a CPI ouvir o depoimento de Lucas Paquetá.
O caso de Lucas Paquetá
As notícias indicam que a Federação Inglesa de Futebol (The Football Association – FA) denunciou o jogador por má conduta relacionada a apostas em quatro jogos da Premier League.
Nos requerimentos, os parlamentares mencionam que Paquetá teria forçado cartões amarelos em quatro partidas entre novembro de 2022 e agosto de 2023.
“Os fatos tiveram repercussão no Brasil, pois algumas dezenas de apostadores residentes na área de origem do jogador (a ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro) apostaram nos cartões amarelos do atleta e, por isso, fizeram jus à premiação”, afirma Kajuru na justificativa do requerimento de convite.
Prorrogação e novas informações
O senador Kajuru adiantou que há elementos suficientes para estender os trabalhos da CPI pelo menos até dezembro, devido à chegada de novos documentos.
Isso porque a comissão recebeu arquivos adicionais da Receita Federal e da Polícia Federal que precisam ser analisados. Além disso, o presidente da CPI destacou que mais de 300 partidas de futebol estão sob suspeita de manipulação dos resultados.
Esses fatos justificam o pedido de prorrogação da comissão, cujos trabalhos deveriam terminar em 7 de outubro.
A CPI começou a funcionar em 10 de abril, com um prazo inicial de 180 dias. O objetivo é investigar as denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, envolvendo jogadores, dirigentes e empresas de apostas.
“A gente vai até o recesso natalino. É a nossa posição porque, além do que chegou para nós da Receita e da Polícia Federal, tudo muito grave, temos 109 partidas que trouxeram a confirmação de manipulação de resultados por meio da empresa Esporte Radar, contratada pela CBF”, declarou Kajuru em entrevista à TV Senado.
Temos outras 200 partidas, de 2020 até hoje, com suspeitas de manipulação. De 109, subimos para 309 partidas. Creio, então, que está justificado o pedido de prorrogação desta CPI”, completou.
Aliciamento e investigações
Em 11 de junho, o procurador-geral do Ministério Público de Goiás, Cyro Terra Peres, e o promotor de Justiça Fernando Martins Cesconetto, alegaram na CPI que jogadores foram aliciados para que recebessem cartões amarelos ou vermelhos intencionalmente.
Eles falaram sobre a Operação Penalidade Máxima, que investiga um grupo acusado de oferecer dinheiro para jogadores de futebol receberem punições em campo.
As investigações sobre fraudes em partidas de futebol no estado de Goiás começaram em novembro de 2022. Ou seja, isso ocorreu após uma denúncia do presidente do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo, que é policial militar.
A comissão ainda ouviu integrantes da CBF e do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), bem como árbitros de campo e de VAR (vídeo). A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e o proprietário da SAF Botafogo, empresário John Textor, também participaram das declarações.