Neste ano, o Jogo do Bicho está completando 130 anos. O jogo foi criado em 1892 e sem a regulação adequada vem enriquecendo bicheiros e até mesmo milicianos, principalmente no estado do Rio de Janeiro.
Criado como uma atração para visitantes do jardim zoológico na zona norte da cidade, o Jogo do Bicho se espalhou e virou uma modalidade de aposta extremamente forte e cultura nas ruas, praças e cafés.
O historiador Milton Teixeira diz que assim que o jogo começou a se popularizar, já passou a ser considerado um tema polêmico: “Já nos primeiros anos da República né, as apostas se tornaram uma contravenção porque a República tinha aquela ideia de que o trabalhador deveria somente ganhar dinheiro pelo seu trabalho e não por jogos de sorte, de azar”.
Foi em 1941 que a proibição oficial dos jogos de apostas chegou no Brasil, mas apesar disso, o Jogo do Bicho seguiu sendo jogado de maneira ilícita e sem fiscalização, gerando até mesmo disputas em um âmbito de poder paralelo.
A socióloga e especialista em segurança pública, Carol Grillo, comentou sobre a existências de disputas por territórios de vendas: “Eles acabam se utilizando de acertos de contas violentos, ou de disputas violentas, isso contribui com o aumento da taxa de homicídios”.
Em um julgamento histórico no ano de 1993, a juíza Denise Frossard condenou à prisão 14 bicheiros famosos, mas que foram soltos após recursos e manobras judiciais. Deste então a disputa pelo espólio do Jogo do Bicho resulta em um cenário de mortes e prisões.
É possível dizer até que agentes públicos e milicianos fazem parte de uma teia de corrupção com o jogo. No entanto, não existe uma maneira de saber de forma exata quanto esse grupo movimenta por mês ou por ano.
Para ter uma noção, a última investigação da Polícia Civil aponta que somente o atual chefe da contravenção do Rio, Bernardo Bello, teria 10 mil pontos de Jogo do Bicho na região central e zona sul do Rio e um lucro de R$ 200 mil por dia com 10 máquinas caça-níqueis.
O último preso relacionado com o polêmico Jogo do Bicho foi Capitão Guimarães, acusado de homicídio e pela relação com o jogo de apostas. Segundo a Polícia Federal, ele faz parte da quadrilha que teria matado Fábio Aguiar Sardinha, em julho de 2020.