Os problemas gerados pela pandemia de coronavírus fizeram com que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e as Confederações esportivas recorressem ao Governo Federal devido a expectativa de queda nos recursos nos meses que antecederão as Olimpíadas de Tóquio.
Por isso, a Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania modificou algumas regras para ajudar os órgãos neste momento de grave crise.
Com a Lei Agnelo/Piva, que repassa uma quantia arrecada pelas loterias federais ao esporte, o COB previa receber cerca de 310 milhões de reais, sendo 50 milhões para quitar as despesas administrativas. Mas, os recursos devem ficar bem abaixo da previsão em 2020.
Medidas para apoiar o setor esportivo
Na segunda metade de março, já se registrou uma queda de mais da metade dos valores obtidos por esse mecanismo das loterias. Com o avanço do novo coronavírus, as lotéricas chegaram a ser fechadas em diversas regiões do Brasil.
Sendo assim, o COB estima que os próximos 90 dias serão bem complicado e que, depois de julho, a arrecadação deve cair 30%.
“Não existe atividade financeira que não será impactada por essa crise no Brasil e no mundo. O esporte vai sentir uma queda de receitas que nos limitará. Estamos muito atentos”, afirmou o diretor geral do COB, o ex-judoca Rogério Sampaio, em debate recente na “TVNSports”.
Além disso, o governo admitiu que as entidades com interesse em renovar ou conquistar as suas certificações através da Lei Pelé pudessem enviar os balanços financeiros aprovados de 2018 e 2017, no lugar das contas de 2019 e 2018.
Isso porque é quase impossível efetuar reuniões presenciais, e boa parte dos estatutos das federações ainda não engloba encontros virtuais. A comprovação dos dados do ano passado ocorrerá em um outro momento.
“As confederações seguem à risca ao que é solicitado e têm uma certificação para receber recursos das loterias. Essas regras fazem com que cada uma tenha uma estrutura administrativa muito maior para poder cumprir as normas. Essa estrutura tem custos, com aluguel, energia e funcionários, e não são poucos. Isso tem trazido um engrandecimento das entidades”, disse Sampaio.
COB avalia retomada após pandemia de coronavírus
No entanto, Sampaio fez questão de salientar que o COB possui um fundo de segurança para manter todas as condições até aos Jogos de Tóquio, remarcados para a metade de 2021. Apesar disso, a entidade acredita que a principal dificuldade pós-coronavírus será o fechamento de novos contratos de patrocínio.
“O COB, nos últimos anos, fez a lição de casa. Teve austeridade financeira. Funcionários que recebiam valores acima da média deixaram nosso quadro. Os salários que pagamos são de mercado. Temos um controle sobre diversas áreas. Também renegociamos contratos e cumprimos à risca nosso orçamento. Não gastamos o que não podemos. Criamos recursos de contingência para eventual paralisação do repasse das loterias, ou diminuição diante de uma crise, como agora. Entendo que somos uma das poucas entidades em condições de enfrentar esse momento, pelo menos até os Jogos de Tóquio”, concluiu.