Tudo começou na diversão até que a coisa ficou séria. O Flamengo Esports armou uma super equipe de MOBA do League of Legends e está atualmente detonando nas competições do Campeonato Brasileiro de LOL com as versões masculina e feminina de Wild Rift.

A iGaming Brazil conversou nesta oportunidade com Laila Loss, diretora da equipe do Flamengo, e com Laura (Snow) Silva, a Mid Laner das “Patroas”, de apenas 22 anos.  

Sendo destaque em praticamente todas as competições que participa, além de alguns torneios amadores, elas venceram a Copa das Campeãs em 2021, o primeiro campeonato feminino oficial de Wild Rift. Foram oito vitórias e apenas uma derrota na campanha.

Veja a entrevista exclusiva para iGaming Brazil

iGaming Brazil – Por que o Flamengo decidiu criar um time de esports? Quando foi criado  e a que se deve seu precoce sucesso no mundo dos esports?

Laila Loss – Quando começou o mundo dos esports, o Flamengo, por ser uma marca notória, viu a oportunidade, nos anos 2017, 2018, de entrar pra esse mercado, inclusive sendo campeões. O mercado de esports está crescendo muito e o Flamengo, sendo um clube de visão, entendeu por bem entrar nesse mundo para competir.

iGaming Brazil – Em que medida o hábito dos esports ajuda a comunidade do clube a se identificar com eles e sair de hábitos não saudáveis, digamos assim.

Laila Loss – As pessoas têm uma visão muito errônea de que nos esportes eletrônicos as pessoas, os atletas não são saudáveis, mas muito pelo contrário, como todo atleta existe uma preparação física, existe acompanhamento de fisioterapeuta, nutricionista, existe acompanhamento de psicólogo. Não é porque o atleta está sentado em frente do computador ou ao telefone que ela não possa ter uma vida saudável. Muito pelo contrário, ela precisa ter uma vida saudável, para ter estrutura para não ficar mal de coluna, pra não ter dor na coluna, tendinite, e nós damos todo esse suporte para os jogadores.

iGaming Brazil – Como e quando surgiu o time feminino de Wild Rift, e como surgiu o nome “Patroas”? O time masculino veio primeiro ou depois?

Laila Loss – O time feminino de Wild Rift começou no ano de 2019 , vindo com a mentalidade de mostrar que o esportes eletrônicos não são jogos exclusivamente masculino, que existe jogadoras muito boas no cenário e na verdade a gente viu que poderia dar oportunidade pra um time feminino de começar a jogar. Então montamos o time de Wildrift e seguimos com elas  até 2022. O nome Patroes veio do LOL dos meninos do Academy que são os Crias, aqueles que são criados dentro do Flamengo para se profissionalizarem e as meninas no Wildrift são muito boas , são uma equipe muito unida e vem ganhando praticamente todos os campeonatos que participam. Entao nada melhor do que mostrar que as Patroas são quem mandam, estando no mercado como Flamengo.

iGaming Brazil – O que vocês tentam demonstrar armando um time feminino de LOL num dos clubes mais importantes do país? Quais são os valores que a equipe transmite?

Laila Loss –  Este é o time mobile de LOL, não é o time de LOL. Aqui vimos uma oportunidade de mostrar pra o mercado que o mundo dos esports pode ser um mundo feminino e não só masculino. E LOl a gente tem sim a pretensão de montar um time de LOL feminino, mas o projeto ainda está sendo estruturado, tudo isso está sendo criado pra poder lançar em meados de 2022 ou 2023.                                   

iGaming Brazil – Qual é o perfil das jogadoras que vocês escolhem? Que características ou condições têm que ter pra fazer parte do time?

Laila Loss – A gente sempre buscou um perfil de atleta, que a pessoa entenda que aquilo é um trabalho, que ela está ali pra defender um time. Por isso buscamos pessoas que têm resiliência, garra, que têm uma visão de estar sempre buscando melhorias, pessoas saudáveis, porque não adianta a gente dar todo o suporte se a pessoa não tem dentro de si a vontade de ser saudável.

Depois de falar com Laila, a iGaming conversou com a Laura (Snow) Silva, Mid Laner da equipe das Patroas

iGaming Brazil – Antes de ser “Patroa”, o que você fazia? Com que idade você começou a jogar videogame?

Snow– Eu sempre gostei de videogame, mas não tinha condições de ter console ou computador, então eu jogava na casa de meus primos, mas na verdade ficava só olhando porque ninguém deixava eu jogar por ser pequena, mas sempre gostei muito. E eu me virava, eu jogava com jogos antigos e precários, no celular, zerava tudo e jogava de novo, e assim or diante. Então, quando minha mãe entrou pra faculdade ela comprou um computador simples, mas que dava pra jogar um joguinho. Sempre tive esse contato e sempre gostei muito dos jogos.

Antes de ser Patroa eu trabalhava numa empresa de Engenharia como auxiliar administrativo e na época eu jogava no Arena of Valor (@Arenaofvalor) que foi o primeiro Mobile que eu joguei, com 17 anos.  mesmo cansada depois do trabalho, eu chegava e jogava. Foi no Arena of Valor que eu comecei no competitivo feminino, fui chamada pra um time e participei de alguns campeonatos. Era um salário bem pequeno ainda, muito precário, nunca ganhava nada financieramente, mas nunca deixei de jogar porque eu gostava muito.

iGaming Brazil – Como coordena estudos e trabalho? Seus pais curtem o que você faz?

Laura Snow, Mid Laner do Flamengo Wild Rift

Snow – Eu tinha vontade de ser streamer, por isso comprei o computador, até que a Maria (Laila) me chamou. Nessa época eu saía do escritório de tarde e à noite, em casa, abria o stream. Então eu comecei a conciliar dessa forma, mas fui demitida por causa da pandemia e quando recebi a confirmação de que iam mesmo formar um time de LOL comecei a me dedicar 100% aos jogos. Não trabalhava e só fazia isso. Resolvi não fazer a faculdade para me dedicar a este sonho 100%. A minha família me apoia. A minha mãe se preocupava comigo e com meu futuro, mas sabendo que havia uma coerência no que eu fazia, ela sempre me apoiou nisso.

iGaming Brazil – Qual é a emoção de fazer parte de um time como o Flamengo?

Snow – Eu encaro fazer parte do time do Flamengo como uma responsabilidade muito grande, por caus da torcida. A torcida é algo surreal, temos uma interação muito grande com eles, sempre respondemos e a torcida sempre nos apoia. Todos escrevem “Go Fla!” O peso de usar a camisa do Flamengo é muito grande (no bom sentido) e isso gera uma responsabilidade muito grande pra mim de trazer alegria pra torcida. Nunca pensei que tudo fosse acontecer tão rápido, com menos de um ano numa organização tão grande como o Flamengo esports,

iGaming Brazil – Quais são seus planos daqui pra frente? Quais campeonatos em vista? 

Snow- Meus planos são melhorar cada vez mais, treinar muito, para não só competir em campeonatos femininos, mas também competir em campeonatos oficiais mistos, que é formado hoje em dia 100% por players homens e eu acredito que esse é nosso principal objetivo, não só ligas femininas porque a gente sabe do nosso potencial, temos capacidade pra isso:  chegar a ser o primeiro time feminino competindo em campeonatos oficiais e ter um bom nível. Para  2022 o time continuará sendo: Ingrid “PEPSI” (topo), Natalha “Nagata” (caçadora), Laura “Snow” (meio), Elora (atiradora) e Lisa (suporte).