Ter avaliações externas sobre o próprio setor pode oferecer uma visão inovadora do negócio. Conforme a Bayes Esports, um provedor de dados e serviços de eSports, tirar proveito da experiência de profissionais de outros segmentos auxiliou a aprimorar uma indústria em um franco desenvolvimento.
A SBC Noticias entrevistou Juana Bischoff, vice-presidente de vendas da Bayes Esports, e Amir Mirzaee, ex-membro do Google e agora diretor de operações da empresa, para conferir as impressões sobre o mercado de jogos eletrônicos, a ampliação de relevância dos esports e a necessidade de contratar talentos de outros segmentos.
“Honestamente, eu não sabia que o esports tinha um nível tão profissional, e até me lembro de perguntar uma vez: ‘Como pode ganhar dinheiro com isso?’. Tenho certeza de que muita gente está se questionando, e vejo muitos rostos surpresos ao compartilhar detalhes sobre os prêmios acumulados, o público e a receita gerada com o setor”, afirmou Juana Bischoff.
Amir Mirzaee também se manifestou. “Há muito tempo sou apaixonado por jogos e costumava seguir veículos da indústria como IGN, vloggers, etc., então eu sabia que havia uma grande oportunidade neste espaço. Só não tinha percebido que a comercialização e profissionalização do setor progrediram tão rapidamente em tão poucos anos”.
Ingresso na indústria de esportes eletrônicos
“Na Bayes Esports, posso combinar minha paixão por negócios internacionais e relacionamento com clientes. Ofereço aos clientes soluções para criar ótimos produtos e aumentar a receita, é o que me move todos os dias”, frisou Bischoff.
Mirzaee declarou que ocupa uma função praticamente invisível para o público, mas que desempenha um papel importante. “Nosso trabalho é conectar todo o universo de esports por meio de dados. Qualquer site, aplicativo, display ou rastreador de pontuação ao vivo, seja qual for o tipo de aposta online que visualizem, precisa de dados para alimentar seu conteúdo”.
Ele continuou: “Temos essa infraestrutura subjacente, fornecendo informações de milhares de jogos anualmente para centenas de clientes em todo o mundo em tempo real. Obviamente, isso é um milagre tecnológico e traz consigo muitos desafios técnicos, operacionais e jurídicos. Agora, estamos trazendo escala global e eficiência para os esportes eletrônicos”.
Além disso, a dupla citou o que acha indispensável para elevar o nível profissional dos esportes eletrônicos. “Padrões! O mesmo acontece com os esportes tradicionais. No momento, os formatos de liga e torneio não são padronizados”, pontuou a vice-presidente de vendas da Bayes Esports.
Mirzaee reforçou que o setor está crescendo de maneira acelerada a nível mundial, o que indica que ainda está construindo sua estrutura. “Do lado esportivo e do atleta, do lado organizacional com ligas e torneios, do lado empresarial e corporativo, as estruturas e os jogadores estão emergindo do nível regional para global”.
O diretor também ponderou que quando esse desenvolvimento é muito rápido, falta infraestrutura e todos controlam seus negócios de maneira particular. “Isso leva à falta de transparência, problemas de integridade, ineficiências em diferentes padrões, etc. Precisamos de organizações para unificar o esporte em nível local e internacional”.
Impacto da COVID-19 no setor de jogos eletrônicos
O fato é que a pandemia fez com que as principais modalidades esportivas interrompessem as suas disputas por meses, fazendo com que o público direcionasse a sua atenção para esports em busca de conteúdo ao vivo e inédito. Mas, será que essa tendência de crescimento se manterá?
“A pandemia chamou a atenção para os esportes eletrônicos, mas foi o próprio esporte que causou o crescimento viral. As pessoas viram o que os esportes eletrônicos podem ser e estão gostando. Estamos vendo que, embora os esportes tradicionais tenham voltado, há engajamento que se estabilizou em um nível muito mais alto do que há um ou dois anos”, detalhou Amir Mirzaee.
Faixa etária e apostas nos esports
Perguntado sobre a questão de elevar a idade dos jogadores para provocar o amadurecimento do mercado, Mirzaee salientou que as autoridades devem eliminar obstáculos e ajudar a profissionalizar o mercado. “Todo o resto vai se encaixar. Os jogadores vão crescer, a cobertura da mídia e as transmissões vão melhorar ainda mais”.
Segundo dados da H2 Gambling Capital, a previsão é que as apostas nos esportes eletrônicos a nível mundial correspondem a 3,2% em 2024. Entretanto, o diretor da Bayes Esports se mostra mais otimista: “Já é mais de 5 a 6% para alguns de nossos principais clientes. Definitivamente, poderemos ultrapassar 5% em 2024”, contou.
A vice-presidente da empresa corroborou a visão mais confiante e declarou que os dados estão até “subestimando o crescimento. Os esports ultrapassarão facilmente esse número e já vemos essa tendência com os nossos clientes”.
Planos da Bayes Esports para médio e longo prazo
“Já somos os líderes do setor em serviços de dados de esports, mas temos ambição e queremos crescer agressivamente. Vamos lançar mais ofertas de dados online exclusivas, expandir nossa plataforma de dados universal líder do setor e lançar um novo produto de jogo que reunirá todas as ofertas”, revelou o diretor da companhia.
Mirzaee ainda admitiu que Bayes Esports se inspira em um dos seus atuais parceiros. “Queremos ser o que nosso parceiro, Sportradar, é para a indústria do esporte tradicional. Ou seja, uma potência absoluta e a escolha ideal para qualquer player da indústria”, concluiu.