O segundo dia do Brazilian iGaming Summit (BiS) 2022, o maior evento de apostas do Brasil, trouxe inúmeros debates relevantes para o atual cenário da indústria de apostas. A agenda contou com painéis focados na regulamentação de jogos, meios de pagamentos e alternativas financeiras para o setor iGaming.
O primeiro dia do BiS 2022 contou com uma programação repleta de conteúdo e debates importantes (confira a matéria completa aqui), reforçando a posição do Brazilian iGaming Summit como uma das principais feiras do calendário global.
O portal iGaming Brazil seguiu com a sua ampla cobertura do evento trazendo informações essenciais para o setor iGaming a nível nacional e internacional, confira:
Principais destaques dos primeiros painéis do segundo dia do BiS 2022
Painel – Atualizações e andamento da Regulamentação no Governo
A primeira palestra do dia foi ministrada por Iuri Ribeiro da Silva e Castro (Subsecretário de Advocacia da Concorrência e Competividade). Ele faz parte do Ministério da Economia e trouxe atualizações importantes sobre a regulamentação dos jogos no Governo. “Todos os dias trabalhamos da melhor forma para apoiar a regulamentação”.
O subsecretário frisou que o decreto para regulamentação das apostas de quota fixa está em fase de avaliação, com expectativa de sanção presidencial. “Estamos fazendo o estudo das regulamentações de diversas jurisdições e buscando as melhores práticas mundiais da modalidade. Estamos usando essas regulamentações como referências e com essa busca pelas melhores práticas, aplica-las em nossa regulação”.
Além disso, o palestrante citou que o processo se baseia na construção de ‘macroprocessos’. “Após isso, estudamos a legislação brasileira e tentamos entender como usar ela de forma pertinente. Estamos atuando na construção da regulamentação e desenhando e construindo os macroprocessos. Nós temos foco na operação futura do mercado regulado”.
Iuri Ribeiro da Silva e Castro admitiu que gostaria de já estar com a portaria em mãos para apresentar ao público do BiS 2022, mas que o momento é de estudo e deve seguir um cronograma até chegar a regulamentação oficial.
Painel – A regulamentação e os impactos positivos para o Brasil
O segundo painel contou com moderação de Magnho José (Presidente do Instituto Brasil Jogo Legal – IJL e Editor do BNLDATA), e participação de Bacelar (Deputado Federal e Coord. da Frente Parlamentar pela Aprovação do Marco Reg. Dos Jogos da Câmara dos Deputados), Daniel Homem de Carvalho (Presidente Comissão Especial de Direito dos Jogos Esportivos, Lotéricos e Entretenimento da OAB Nacional), Karen Sierra-Hughes (Vice Presidente Latinoamérica e El Caribe – GLI) e do deputado federal Herculano Passos.
“Nós últimos 30 anos, um projeto foi apresentado na Câmera legalizando o jogo do bicho. Esse projeto ficou parado e vários outros foram apresentados, por conta de ignorância e uma forte resistência religiosa”, enfatizou Bacelar, que traçou um histórico do processo que ocorreu para o surgimento do Marco Regulatório dos Jogos.
“Em 2015, o segmento tem a sorte de coincidir a eleição de diversos deputados que começam a exigir uma articulação a favor dos jogos”, discorrendo sobre vários cenários que podem se suceder ao projeto no Senado, sendo a aprovação e sanção presidencial, a substituição por um novo projeto ou a reprovação da proposta.
Entretanto, o deputado não acredita que esse é o momento adequado para apreciação da pauta no Senado. “Mas esse não o é o momento do Senado votar a matéria” porque “logo iremos ter a renovação de um terço do Senado e o processo precisará de sanção presidencial e neste ano de eleição, é difícil aprovar essa matéria que exige muita coragem política”.
Outro integrante do Congresso, o deputado Herculano Passos reforçou que o Brasil está perdendo receitas com a falta de uma regulamentação para indústria de jogo. “Apenas o Brasil, que é predominantemente cristão, não tem o jogo legalizado. O Brasil está atrasado e esse é o momento”.
Conforme o deputado federal, a liberação poderá fazer toda a diferença para o país. “Se não for vetado, vai ser muito melhor para o Brasil e brasileiros, para gerar emprego e todos os impostos já estão bem encaminhados e definidos”.
Enquanto Daniel Homem de Carvalho fez questão de mencionar a importância de eventos como o BiS 2022. “Quando vemos esse grupo de pessoas aqui no evento, acreditamos que o mercado está crescendo”, mas alertou: “O estado não admite concorrência e ele tomou conta da exploração do jogo. A nossa ideia é acompanhar essa regulamentação, a OAB tem condições institucionais para isso”.
Carvalho revelou que a intenção da Ordem é participar de todo o processo visando ajudar na elaboração de regras justas. “Nossa ideia é participar desse projeto de forma atuante, sugerindo e de mãos dadas com os conselhos estaduais. Pretendemos junto com o Estado, junto com as Oabs estaduais, mercado e reguladores, fazer a melhor regulamentação possível”.
Karen Sierra-Hughes agregou sua visão internacional da indústria ao debate. Ela observou que o Brasil possui uma oportunidade única e histórica: “Essa é uma oportunidade importante e devemos aproveita-la, o Brasil deve tomar conta da indústria, dos reguladores, etc”.
“Devemos pensar nos problemas que podem vir a acontecer. Precisamos de uma lei completa, uma lei robusta, clara e eficaz, mas avaliando os impactos sociais e econômicos que a regulamentação pode trazer ao país”, completou.
Para Karen, a realidade econômica e cultural no Brasil se difere muito de uma região para outra e esses aspectos precisam ser considerados. “Eu vejo muitos brasileiros que ainda não tiveram oportunidade de viver em uma jurisdição onde o jogo está regulamentado e é uma parte essencial da economia do país, gerando recursos para o governo e causas sociais”. E, concluiu: “a indústria do jogo é uma indústria de entretenimento”.
Painel – Os meios de pagamento disponíveis no Brasil na visão dos Operadores
Já o terceiro debate desta quarta-feira gerou análises interessantes sobre os meios de pagamentos disponíveis no Brasil, um aspecto essencial para as casas de apostas no mercado nacional. O painel teve a moderação de Ari Célia (Advisor e Membro do Conselho na Pay4Fun), e incluiu Fernando Garita (Diretor de Desenvolvimento de Negócios na Bectris), Filippos Antonopoulos (CEO na Okto) e Thomas Carvalhaes (Diretor Regional na VDB).
Ari Célia abriu o painel com um questionamento: “Seria os métodos de pagamento o principal parceiro do operador no mercado brasileiro? Mesmo com a falta de um mercado regulado de jogos, nós temos um método de pagamento tão avançado? Como os métodos de pagamento ajudam os operadores nesse cenário?”.
Thomas Carvalhaes apontou que “os métodos de pagamento estão, ultimamente, tendo que se reinventar e reestruturar para conseguirem auxiliar os operadores cada vez mais”.
Para Filippos Antonopoulos, “a operação do jogo tem algo distinto, pois as pessoas pagam e recebem, e a questão do payout é sempre mais difícil de alinhar”.
Enquanto Fernando Garita afirmou: “neste desafio de pagar rápido, utilizar os métodos de pagamentos mais confiáveis será melhor e mais eficaz, além de serem mais rápidos e seguros”.
Relação com o usuário
Carvalhaes enfatizou que é preciso ser “seletivo ao escolher métodos de pagamento no Brasil, porque entra a importância de conhecer a cultura e o processo de pagamento. Na parte do usuário essa é uma situação de um pouco de conflito para mim, pois cada site tem um compliance. Mas uma forma de mitigar diversas etapas de verificação, é incentivar com bônus extras, apostas grátis, pois é algo que tem que ser feito e isso incentivaria o usuário de forma positiva”.
Garita também destacou que “o usuário quer ser pago rápido e o melhor método é garantir isso. Se temos algum delay ou atraso no pagamento, temos que ter algumas alternativas para compensar isso, se não, perdemos a confiança do usuário”.
O CEO na Okto explicou que a abordagem da empresa “é incorporar os métodos de pagamento, experiência de usuário no ambiente do jogo, site e plataforma do operador. Temos também que ter um trabalho operacional”. Ele citou a questão do atendimento direto com o usuário e operador, usando pessoas e incentivando um grande trabalho de serviço do consumidor.
Os profissionais ainda observaram que é indispensável encontrar um método de pagamento adequado para cada região, lembrando as diferenças culturais. Antonopoulos ressaltou que desafio também ocorre na Europa e em outras regiões, incluindo condições como velocidade de transação e as bandeiras bancárias que podem acabar bloqueando algumas transferências.
Painel – Alternativas financeiras para o setor de iGaming: Cripto, e-wallets, NFT, Tokens, etc
A quarta mesa-redonda desta primeira parte do segundo dia de evento apresentou insights sobre as alternativas financeiras existentes para o setor iGaming, que nos últimos anos está se expandindo para diversos métodos diferentes. Fernando Gonçalves (advogado) moderou a conversa, que reniu Fábio Tibéria (Business Developer na FT Consulting), João Canhada (CEO na FoxBit) e Nick Rupe (Gerente Financeiro na Pay4Fun).
João Canhada disse que a FoxBit foi responsável por 12 bilhões em movimentações de crptos no ano passado. “Como meio de pagamento, as criptos são bastante importantes para o cenário, por conta da velocidade e eficácia. Em alguns setores a cripto pode ser considerada como um zona cinza, o que não é considerada proibida”.
O advogado Fernando Gonçalves abordou o crescimento do mercado de criptos, passando por grandes métodos de pagamentos e outras formas de expansão do mercado em geral.
Já Fabio Tiberia revelou que “o custo médio de uma empresa para a transação em cripto é de 0.07%, enquanto no Pix é 5%. Com a blockchain, tecnologia do Bitcoin e criptos, temos segurança garantida nas transações”, mas ressaltou: “precisamos saber gerenciar essa tecnologia. Uma tecnologia primordial, o Bitcoin é um ‘bebê’. Ainda temos muita estrada e essa tecnologia é nosso futuro”.
Nick Rupe, por sua vez, elencou pontos para que esse segmento caia ainda mais no gosto das pessoas. “Para que isso caia mais no gosto das pessoas, o nosso papel como meio de pagamento, é convidar a pessoa para ver o conforto que é operar com criptomoeda. Trazer o conforto e a segurança é o ponto principal para trazer mais pessoas para as criptos”.
Canhada fechou a conversa com uma interessante projeção: “Até 2030 todo mundo vai olhar para trás e tentar entender a geração que transacionava moedas e dinheiro físico. Estamos vivendo uma mudança de separação de estado e dinheiro. Isso que está acontecendo na era da informação”.