Primeiro dia do BiS termina com debates sobre boas práticas, patrocínios das casas de apostas e função social dos jogos

A agenda vasta do evento se estenderá até o final da tarde desta quarta-feira, em São Paulo.

Publicado em  Atualizado em 28/06/2022 às 20h23. por
Primeiro dia do BiS termina com debates sobre inteligência operacional, patrocínios das casas de apostas e função social dos jogos

A programação do Brazilian iGaming Summit (BiS) – The Brazilian iGaming Inteligence seguiu na tarde desta terça-feira, 28. Essa segunda edição do evento está permitindo uma grande reunião dos principais players dos setores de apostas esportivas, loterias e afiliados.

Afinal, o BiS 2022 já se consolidou como uma referência da indústria por receber políticos, reguladores, operadores, autoridades, embaixadores e congressistas do mundo inteiro. A agenda vasta do evento se estenderá até o final da tarde desta quarta-feira, 29, no Espaço Boulevard JK, em São Paulo (SP).

Com o Brasil se consolidando como um verdadeiro expoente no cenário de apostas esportivas e jogos, centenas de grupos do exterior estão atentos a aos avanços regulatórios no país. Como ocorreu na primeira edição do BiS 2022, o portal iGaming Brazil está promovendo uma extensa cobertura com entrevistas exclusivas, informações dos painéis e registros dos expositores participantes.  

Principais destaques dos debates do primeiro dia do BiS 2022

Palestra de boas práticas: Crescimento e Consolidação da Pragmatic Play na América Latina

O primeiro painel do período vespertino foi realizado por Victor Arias (vice-presidente LATAM da Pragmatic Play) e o Country Director Brazil, Marco Pequeno. Arias relatou como Pragmatic Play construiu uma história de sucesso na América Latina e no Brasil. “Nós temos os profissionais mais capacitados e preparados para entregar um produto de algo nível para nossos clientes”.

Victor Arias

Esse alcance na região foi obtido com ações estratégicas, respeitando às diferenças de cada país e entendendo o que os operadores querem dos desenvolvedores. “Para servir o setor é necessário entender os países, cultura e o que o operador quer. Marco Pequeno tem uma equipe para gerenciar e estabelecer a Pragmatic no Brasil”, revelou.

Para o vice-presidente, é essencial se estabelecer no país e compreender o intuito de mercado para ‘conquistar o território’. “Faz parte do processo criar laços de confiança com nossos parceiros e consumidores”.

Marco Pequeno completou: “é preciso entregar confiança e performance aos clientes, e isso vale tanto para provedores quanto para operadores”. Ele ainda detalhou a expansão do negócio no território nacional, um processo que começou há um ano e meio.

Marco Pequeno

“Em 10 anos eu já cansei de ver operadores e empresas do setor chegando no Brasil com estratégias direcionadas para a América Latina e não para o Brasil, e isso não é eficaz para o mercado nacional”.

Para Pequeno, o diferencial do Brasil é ser um país extremamente diversificado. “Precisamos adaptar a relação de cada cliente em cada região, entender as diferenças de cada lugar e os perfis de jogadores. Nos últimos 12 meses tivemos um crescimento absurdo. A chave da Pragmatic Play no Brasil é localização e alta performance”, finalizou.

Painel: A operação pós-regulamentação de sites multiverticais: Online x Offline x Offshore

Cássio Filter (Country Manager Brazil da KTO), André Gelfi (sócio-diretor da Betsson no Brasil) e Michael Luiz Rabelo (analista de Novos Negócios da SERPRO) integraram esse debate moderado por Leonardo Baptista (CEO da Pay4Fun), que iniciou indagando sobre os possíveis cenários da regulamentação ou da não de apostas no Brasil.

De acordo com Gelfi, no cenário atual, um Brasil sem regulamentação perderia muitas oportunidades. “O pior cenário possível é de não ter a regulamentação”, ponto também defendido por Cássio Filter.

O representante da KTO declarou que “cabe a gente encarar que combater o ‘black market’, sem a regulação, pode ser muito difícil. Temos que atuar em conjunto para que as coisas aconteçam. Vindo a regulamentação teremos a chance de potencializar negócios e um novo mercado”.

Já para Rabelo, “o melhor cenário é ter transparência com os jogos de apostas, e o pior é ver as apostas sendo utilizadas como meios de ações relacionada a lavagem de dinheiro ou jogo ilegal”.

O moderador incluiu a questão acerca da integração de varejo x online. “Eu vejo essa integração como um grande desafio, e quem encontrar o equilíbrio entre off-line e online pode ter muito sucesso no mercado”, diz Gelfi.

Cássio Filter, por sua vez, comentou que “essa parte pós regulamentação vai depender muito do padrão e dos perfis dos novos jogadores do Brasil”.

Cássio Filter

Todavia, Michael Luiz Rabelo observou que o controle das informações de apostas e dados precisará ser feita em conjunto, com o governo atento as necessidades do mercado, seja na parte jurídica, como na parte técnica. “Esse mercado faz parte do cenário brasileiro e deve ser incluído no planejamento estratégico do país”.

Leonardo Baptista ainda abordou a importância dos métodos de pagamento nos cenários de varejo, offshore e online. “Os métodos de pagamentos são fundamentais para dar transparência e segurança nas transações feitas em cada depósito ou pagamento”, afirmou Filter.

Enquanto Gelfi mencionou o aparecimento de novos opções, como o PIX. “Os métodos devem ser algo ajustado ao que estamos vivendo hoje. Como o surgimento do pix, que revolucionou as formas de pagamento no Brasil”.

André Gelfi

Por fim, o moderador questionou se os particionastes acreditam em um possível fechamento do mercado. “O governo deve se adaptar as necessidades da sociedade e a dinâmica que vem acontecendo com mais marcas aparecendo e uma geração pronta para os jogos de apostas, então não vejo como isso possa acontecer”, frisou Cássio Filter.

O representante da SERPRO concluiu: “acho que o pior cenário é perdermos tempo tentando regular aquilo que não é importante. As apostas vão crescer de forma natural, assim como aconteceu como a Uber, que no começo enfrentou bastante resistência”.

Michael Luiz Rabelo

Palestra: Inteligência operacional no Brasil

André Alves e Natália Vogue (Sócios da Crtl+F5) e Vivian Lima (CEO da Zest Eventos) protagonizaram essa conversa voltada a inteligência operacional no país.

Vivian abriu as apresentações já citando o quanto essa nova geração está online. “Essa nova geração está totalmente conectada e mesmo sem a regulamentação, o Brasil já tem cerca de 16 bilhões de reais em movimentos de jogo”.

Natália falou sobre a importância de trilhar um plano de trabalho para entrar no mercado. “Tudo começa pela parte de investigação de mercado, e dentro desta investigação precisamos conhecer o potencial desse mercado, público-alvo, concorrência, uma análise do plano de negócio da empresa. Devemos ter tudo isso em mente antes de começar a realmente de operar e atuar”.

Vivian também mencionou a necessidade de firmar parcerias produtivas. “Com tudo isso feito, é necessário encontrar os parceiros e profissionais ideais para sua marca. Acompanhem as mídias especializadas, ela são fundamentais. E temos diversos portais com informações e conteúdo de qualidade”.

André Alves, por sua vez, ressaltou a necessidade de se aprofundar no seu conteúdo. “Pensar no conteúdo de uma maneira especial é pensar em seu engajamento. O que engaja não é campanha ou marketing e sim um produto de qualidade. A experiência do usuário dentro de seu site também é importante, assim como a segurança e conforto do usuário dentro do site”.

Ainda segundo Alves, o desenvolvimento de boas estratégias pode impactar positivamente na geração de trafego. “Criar estratégia para trazer tráfego ao seu site é extremamente importante, sempre pensando no posicionamento da marca. Um programa de afiliação, que é uma das etapas do marketing, traz muito engajamento também”.

A preocupação com o atendimento ao cliente também foi apontada como um dos postos-chave para alcançar o sucesso no Brasil. “Um atendimento rápido, localizado e de qualidade é um grande diferencial. Os meios de canais de atendimento também são importante, já que o cliente quer ser atendido no Instagram, whatsapp, site e outras plataformas”, disse Natália.

Natália ainda lembrou que os clientes gostam de se sentir ‘Vips’ ao se relacionaram com empresas e marcas. “Apostar nessa área é o principal e o básico”.

Alves ainda observou que “após a conversão e atendimento vem a retenção. Não podemos esquecer que esse é um relacionamento. Emails de novidade, inbounds marketings, entender o perfil do apostador, são algumas ações importantes para engajamento e retenção com o público”

Painel: As apostas esportivas e o novo cenário de patrocínio em esportes

O penúltimo debate do primeiro dia teve as presenças de Bruno Machado Neves (Bitci Brasil), Rafael Susuki (piloto da Stock Car) e Danilo Pellegrino (Esporte360), que discorreram sobre uma temática muito em alta nos dias de hoje, sobretudo, no futebol nacional.

“O volume maior de capital ajudará a trazer visibilidade para outras modalidades. As empresas olham primeiro para os esportes que tem mais visibilidade, no Brasil é o futebol. Acredito que temos outras modalidades que podem ser beneficiadas. E, a regulamentação ajudará a tirar essa imagem ruim do mercado de apostas, ajudará ao mercado a trabalhar de uma forma mais transparente”, destacou Pellegrino.

O piloto Rafael Suzuki compartilhou a sua experiência com o patrocínio de casas de apostas. “A minha carreira é o meu negócio. Sempre busco aprender e explorar novas oportunidades dentro do marketing esportivo. Eu também tenho uma agencia de marketing esportivo, muito voltada ao meu próprio esporte, mas atendemos outros pilotos”.

“A gente não está ali apenas para acelerar e frear, mas também entender todas as oportunidades do mercado, ampliar o reconhecimento do público e das empresas que acreditam na nossa plataforma de relacionamento. Isso vai gerar cada vez mais credibilidade para que o público confie no segmento, que é objetivo tanto da gente que está no lado ‘patrocinado’ tanto para quem vai patrocinar”, continuou.

Bruno Machado Neves

Enquanto Bruno Machado Neves ressaltou que a aposta online deve ser encarada como entretenimento. “Muitas vezes, as pessoas entendem unicamente e exclusivamente como jogo, mas é uma oportunidade de se aprofundar no conhecimento dos jogos, se divertir. E desde que tenha um processo de educação para lidar com isso, é algo saudável”.

O representante da Esporte360 reforçou a necessidade de dedicar tempo para conhecer esse mercado antes de apostar. “O mercado de apostas é como qualquer outro mercado e demanda conhecimento. Me importa como eu vou comunicar a mensagem daquela marca. Para você acabar com uma imagem do dia para a noite é simples, é preciso ver como eu vou comunicar para as pessoas”.

“As empresas deste mercado que fornecerem informação e educação para o público, ganharão mais credibilidade e conseguirão reter o cliente. E, obviamente terão mais retorno. As pessoas precisam entender que apostar sem conhecimento, é como investir sem conhecimento, e acabará perdendo dinheiro”, acrescentou.

Danilo Pellegrino

Pellegrino defendeu a regulamentação da indústria nacional: “Regulamentação vai ajudar, mas um processo de esclarecimento e educação precisa ser feito. Já ouvimos que a aposta é um jogo de azar e as pessoas podem se viciar, então, esse é um trabalho delicado e que precisamos como agencia entender como comunicar. Conhecimento, informação e educação, grandes players e grandes atletas tendem a ajudar a derrubar esse preconceito”.

Susuki também se posicionou a favor da regularização das apostas até mesmo visando melhorar o esporte. “Ajudará a regulamentar melhor o esporte e a educar os esportistas. Ajuda ao ter julgamentos cada vez mais apurados, porque você não vai apostar em algo que não acredita. Eu enxergo como algo muito positivo”.

Rafael Susuki

Para o piloto, ninguém colocará dinheiro ou a sua reputação em algo que não acredita. “Se temos credibilidade para ter cada vez mais empresas incluindo o seu esporte nas ODDS, é porque aquilo está tendo credibilidade e integridade. O outro lado não vai investir em algo que não tenha isso. E o atleta também não se envolverá com algo que não acredita”.

Neves concordou com o argumento de Susuki e ainda indicou que essa ‘transferência de reputação’ pode ser útil para aproximar o mercado de apostas do público. “O atleta pode emprestar a sua reputação, sua imagem para as plataformas de apostas online. Apesar do futebol monopolizar a atenção das pessoas, o brasileiro gosta muito de vencer e praticar esporte. Essa transferência de reputação ajuda muito a vencer esse obstáculo e conquistar o público”, finalizou.

Painel: A função social das Apostas Esportivas: o jogo como canal para ajudar pessoas

Para fechar essa terça-feira de BiS 2022, Luis Fiorese (CEO de TacTic Sports & Entreterimento) esteve ao lado de Eliane Miada (Associação Desportiva para Deficientes – ADD), Anderson Marsili (Vôlei Guarulhos) e Edmilson Moraes (FC SKA Brasil).

Segundo Fiorese, o setor de apostas esportivas está investindo cada vez mais no esporte, mas “vejo pouca coisa reverberando para o social. Uma das funções principais do esporte é salvar vidas. E é um legado das casas esportivas para os esportes, as vidas que podem ser transformadas. A nossa missão aqui é apresentar projetos e colocar essa sugestão para que as casas de apostas possam oferecer apoio para esse tipo de trabalho”.  

Pentacampeão mundial com a seleção brasileira em 2002, o ex-jogador Edmilson narrou a história de sua fundação. “Eu banquei 8 anos da fundação. Entendi que era um objetivo meu. Quando você começa a fazer o social, precisa ter amor não pelo dinheiro, mas em ajudar as pessoas. Esses anos foram uma escola, aprendi a fazer parte comercial, marketing, reduzimos custos e planejamos. Aplicamos uma metodologia e mais de 60% dos meus recursos vem de fora do Brasil e estamos indo atrás. Hoje, atendemos 800 crianças diariamente em quatro polos”.

Já Anderson Marsili compartilhou parte de sua trajetória no comando do Vôlei Guarulhos. “Eu sou o oitavo orçamento da Superliga, fui quarto na liga e tudo o que posso invisto na formação do masculino e feminino. Poderia pegar tudo o que eu invisto nessa oportunidade de transformar vidas e contratar um melhor jogador para subir na classificação”.

Da esquerda para direita: Anderson Marsili, Eliane Miada e Edmilson Moraes

“Mas, o amor fala mais alto e tudo o que eu tenho na vida eu devo ao esporte. E eu preciso dar oportunidade também para retorno. O alto rendimento me permite fazer isso, ter visibilidade, entrega para atrair novas empresas e através disso consigo devolver para a base”, acrescentou Marsili.

Para Marsili, a regulamentação do mercado nacional de apostas pode ser um marco para o esporte brasileiro em geral. “Acredito que teremos uma possibilidade absurda de investimento com as casas de apostas a partir da regulamentação. Essa será uma oportunidade também para incentivar projetos sérios que possam transformar vidas. Estamos de portas abertas para recebê-los”.

Eliane Miada e Edmilson Moraes

Eliane Miada, por sua vez, compartilhou a sua experiência na busca por recursos e mais visibilidade para o esporte paralimpico. “Eu concordo que o terceiro setor é movido por amor e muito trabalho. Não apenas o amor que a gente sente, mas também o amor que recebemos de quem atendemos. A dificuldade no esporte paralimpico, no setor social, aumenta muito porque não expomos a criança e precisamos do esporte de alto rendimento para ter visibilidade e ser o carro-chefe do social”.

Ela achou o primeiro parceiro na iniciativa privada. “A gente atingiu primeiro a iniciativa privada, queríamos mostrar a força do esporte paralimpico e estamos falando de cerca de 10% da população que possui algum tipo de deferência. A dificuldade é muito grande, mas quando atraímos uma primeira grande marca se torna um pouco menos difícil conseguir as outras”.

Eliane também declarou que está confiante que a regularização da indústria brasileira de apostas resultará em mais suporte para os projetos de base. “Nós também trabalhamos com a lei de incentivo ao esporte e as loterias já financiam o esporte, mas esse dinheiro não chega na nossa base. Temos a esperança que com a regulamentação dos jogos isso se modifique e os recursos cheguem aos projetos de base. Temos milhares de projetos que precisam desse apoio em todo o Brasil”.