A Lotería de la Ciudad de Buenos Aires foi um dos primeiros órgãos a sofrer com a perda de apostadores durante a pandemia. Tendo ficado mais de um ano inoperante (até maio de 2020), teve seus sorteios reativados logo em seguida, podendo aliviar um pouco o prejuízo causado pelo COVID-19.
A LOTBA nasceu em 2016, ficando sob a custódia do Ministério de Economia e Finanças portenho – e progressivamente começou a receber as competências da anterior Loteria Nacional. Isso ocorreu quando a antiga Loteria Nacional foi extinta no governo Macri, em 2016, através de um decreto assinado pelo então presidente e pelo chefe de governo da cidade, Horacio Larreta.
O pessoal destinado à Loteria extinta foi quase todo transferido à nova entidade sem maiores problemas. O principal trabalho da Loteria Nacional era controlar a concessão do Cassino Flutuante e do Hipódromo (passando-os a LOTBA), mais as agências de “Quiniela” (jogo local) da capital portenha, assim como os jogos já inscritos anteriormente, como o chamado “telekino” ou “Loto”.
Veja a entrevista exclusiva feita pela iGaming Brazil
iGaming Brazil – Sebastián, como você vê a feira SAGSE hoje, depois de sua inauguração, em sua 30 edição, que importância tem para a cidade?
Sebastián Vivot – Na verdade esta feira sempre foi muito importante para a cidade de Buenos Aires, apesar de recebermos muitas feiras, consideramos a SAGSE a mais importante e a mais representativa do Jogo na Argentina e como referencial na região sul-americana. Depois de um par de anos complicado, onde foi difícil a realização de feiras, a SAGSE continuou ativa com outro tipo de eventos e felizmente este ano puderam realizar. Nós da Loteria de Buenos Aires sempre estamos apoiando e nós sentimos um pouco anfitriões porque somos a Loteria local, da cidade, portanto sempre com uma colaboração mútua com os organizadores e mito contente pela quantidade de gente que há da América Latina toda.
iGaming Brazil – Como a Loteria de Buenos Aires atua com as principais empresas de jogos e o cassino daqui e da América ou Latina ou em termos nacionais?
Sebastián Vivot – Bom, na Argentina a regulação está segmentada em cada estado, não há uma regulação nacional porque é potestade das províncias. Eu represento a Loteria Cidade de Buenos Aires, temos nossos operadores físicos, com os que interagimos há muitos anos, que são o Hipódromo Argentino de Palermo e o Cassino de Buenos Aires, nossa própria exploração de jogos lotéricos através das agências da cidade e agora lançamos há uns meses a exploração como permissionários para jogo online.
iGaming Brazil – Como funciona isso?
Sebastián Vivot – Quanto ao modelo lançado, não funciona sob licenças de jogo e sim através de permissões. O monopólio da exploração na Constituição da Cidade de Buenos Aires está limitado ao Estado. Então o que nós estamos dando são permissões de comercialização e de exploração do jogo, em nome da Loteria da Cidade de Buenos Aires. Definitivamente, as permissões são oferecidas pela LOTBA em nome do Estado, que é o último explorador dos jogos. São permissões de jogos online, e não licenças como uma licitação que possa ter em outras províncias.
Nós analisamos o padrão técnico que apresentam as empresas, o projeto, temas de jogo responsável, prevenção de lavagem de dinheiro, todos os antecedentes patrimoniais, comerciais e legais que tiverem e das empresas que apresentaram esta informação posso dizer que tem de todo tipo, que era o que queríamos.
iGaming Brazil – Em que a crise econômica atual do país influi com relação ao jogador da Loteria? E a pandemia que hábitos mudou, mudou esta dinâmica? As pessoas jogam mais ou menos agora?
Sebastián Vivot – A pandemia teve um impacto bastante grande na nossa indústria. Diria que o principal foi demonstrar a necessidade de ter os jogos online regulados. Perdemos durante muito tempo a possibilidade de continuar gerando renda e recursos para a Cidade através do jogo, coisa que por exemplo não aconteceu na Colômbia, que ao ter os jogos online regulados antes da pandemia puderam continuar operando inclusive as loterias.
Nós, felizmente pudemos abrir rápido nosso canal de jogos lotéricos, ou seja, foi o que mais tempo ficou parado, por razões obvias, os cassinos e o Hipódromo, pelo protocolo ficaram fechados mais tempo e muitas perdas em relação a isso. Por sorte a situação está se regularizando e já estamos voltando aos números pré-pandêmicos. Mas acredito que a grande aprendizagem para a região é: se o jogo online que cresceu muito na pandemia tivesse sido regulado antes, teríamos gerado ingressos para o Estado.
iGaming Brazil – Essa é a desvantagem que o Brasil tem, ao não ter nada regulado, hoje em dia a população brasileira, e muita gente na América Latina, está esperando que isso aconteça. Que seja regularizado e se permita jogar tanto online quanto presencialmente.
Sebastián Vivot – Exatamente! Além disso, esses recursos vão para o jogo ilegal, porque o jogador joga do mesmo jeito. Entendo que o Brasil está muito avançado no projeto de regulamentação já há alguns anos, estamos todos muito ansiosos, o Brasil é segundo maior mercado potencial do mundo se não me engano, e é o maior da América e infelizmente estão perdendo muitos recursos porque essa verba vai tudo pra ilegalidade. Tem que ter a regulação porque o cliente demanda. Não dá pra fazer vista grossa quanto ao isso.
iGaming Brazil – E a propósito dos recursos, a LOTBA utiliza parte de sua arrecadação para fins sociais? No Brasil existe o projeto de Renda Cidadã apresentado com fins similares.
Sebastián Vivot – Sim, 80 % do que a Loteria arrecada vai para fins sociais através do Ministério da Fazenda. O fim da Loteria é regulador quanto ao jogo transparente e gerar recursos para desenvolvimento social.
iGaming Brazil – Alguma coisa que você queira acrescentar, projetos, novidades e inovações de sua parte?
Sebastián Vivot – Não, acho que se aproxima um momento muito importante na América o Sul de regionalização do jogo online, porque os países estão percebendo que têm que se abrir, e vamos ver o que depara o futuro quanto a isso. Obrigado.