Exclusivo- Ricardo Magri, da Eightroom, conversa com a iGaming Brazil durante a SAGSE

Assim como a grande maioria dos afiliados, a Eightroom começou dentro de um quarto, em 2004. Com mais erros do que acertos, adquiriu clientes com poucos websites próprios e cresceu nos primeiros anos através das comunidades do Orkut. Naquela época, há 15 anos, tanto a internet como a indústria eram bem diferentes.

Sua rede de conteúdo é composta pelos principais sites relacionados a apostas esportivas, bingo e cassino do Brasil.  A empresa uruguaia está preparada para atender as principais necessidades de um operador que queira se estabelecer no mercado brasileiro. Campanhas de marketing, serviços de pagamentos, suporte ao cliente e produção de conteúdos exclusivos são alguns dos serviços mais procurados pelos seus clientes.

Logo no primeiro dia da feira de Expositores de Fornecedores de Equipamentos para a Indústria do Gaming, a SAGSE,  através de uma cobertura completa, a iGaming Brazil visitou os estandes mais representativos e conversou com nosso compatriota Ricardo Magri, Diretor Comercial para a América Latina. 

Confira a entrevista na íntegra.

iGaming Brazil – Ricardo, sabemos que a Eightroom atua no Brasil há 15 anos. O que vocês notaram de evolução no mercado de jogos nesse período, apesar de não haver ainda uma legislação?

Ricardo Magri – Se a gente pensar no período de tempo total, a evolução foi muito forte. Eu não estive na Eightroom esse tempo todo, mas conheço a história da criação da empresa, e lá no início a oferta de jogos era muito pobre. Ela começou falando de poker, que era uma das modalidades que abertamente começou a ser percebida pelo público normal.

A Eightroom passou pela transição do poker online como uma diversão ao tema apostas esportivas como uma modalidade própria de jogos que aproximava um pouco a opinião pública sobre aquela coisa de cassino ser proibido, de jogo ser proibido, e ao longo desse tempo viu a primeira coisa que eu considero notória: a maturidade da oferta de jogos de só poker para apostas esportivas e depois as apostas esportivas virando uma realidade quase natural, com propaganda na televisão, conteúdo apresentado por pessoas notórias, apresentadores, artistas, embaixadores de marcas com atletas famosos.

Essa naturalidade que foi o mercado de apostas esportivas e depois a evolução vinda com a pandemia (com a introdução de slots e cassinos) que era meio impensado até, num passado recente. Este, na verdade, foi um dos principais fatores de evolução da indústria do jogo, especialmente no Brasil, que é o mercado de atuação mais forte e o que eu mais conheço por ser brasileiro, e isso foi percebido por todas as empresas do setor,  de um modo geral, como o jogo entrou na vida da população em geral, depois da oferta digital.

iGaming Brazil – O primeiro boom então já aconteceu no mercado brasileiro?

Ricardo Magri – Pensemos que o boom representa uma explosão, o primeiro boom já aconteceu, o primeiro estopim, mas tem muito mais pólvora aí. Tem muito mais munição pra ser consumida, então o estopim já estourou e já efervesceu, mas ainda tem muita coisa por vir e terão tanto poder de explosão como esse primeiro estopim que foi ao longo desses anos.

iGaming Brazil- Qual a principal característica dos conteúdos produzidos pela empresa?

Ricardo Magri – A empresa é conhecida por ter os conteúdos mais dedicados ao ecossistema do jogo. Eles convertem bem justamente porque eles são cirúrgicos em falar das modalidades de bingo, cassinos, apostas esportivas. Elas buscam sempre um diferencial, e não ser só um portal de conteúdo. Nós temos alguns ativos, chamando-os assim,  que são escolas de apostadores, praticamente um curso mesmo, em parceira com o operador, então não é um portal de notícias, não é um site de conteúdo por si só, é na verdade uma plataforma de educação. 

Com um conteúdo nosso e diferente, e que funciona muito bem. Em outros sites temos também o que chamamos de “construir uma comunidade de jogadores”, abrindo foros com informação, sem direcioná-la, deixando estes foros aberto ao público para que ele possa fazer a discussão que quiser. Isso também aproxima muito o jogador da operação, porque eles mesmos se atraem. Eles mesmos se engajam através da sua conversa fazendo com que produzam conteúdo orgânico entre eles, mais forte do que simplesmente publicar um artigo sobre o setor. Então é nessa linha que nosso conteúdo acaba se diversificando. Ele é muito amplo, com vários ativos e com o perfil de diversificar. Ou seja, além de serem muitos, possuem diferenças entre si que não se veem facilmente em outra empresa de afilação.

iGaming Brasil – Entre os leitores e espectadores que acompanham o conteúdo da Eightroom, acredita que houve uma mudança de perfil ao longo do tempo com a proximidade da legalização dos jogos e a expansão desse debate? Como falar com esse público que está conhecendo a atividade agora?  

Ricardo Magri – Esse público se especializou demais. Eu costumo dizer que controlando esses foros que eu citei como exemplo, que estão nos nossos sites, praticamente podemos ter uma leitura, um panorama da experiência do usuário de cada site de apostas. Você percebe que o público evoluiu, ele conhece o tempo médio de registro de um site, por exemplo. Então, quando eles encontram um site onde se esperava uma facilidade e se demora 5 dias para aprovar um cadastro, eles reclamam na hora. Especialmente em problemas que mais afetam o usuário, como meios de pagamento, notamos uma maior preparação, um poder de análise maior deles em comparar um operador com outro, em saber o que é bom e saber o que o público quer. 

Então desde mercados no nível das odds, passando pelas coisas mais técnicas, como problemas de saque e depósito, o nosso público é cada vez mais especialista. É cada vez mais crítico e especialista, eles entendem cada vez mais do mercado a ponto de apontar o dedo para os operadores quando eles têm alguma coisa pra dizer. Estão muito exigentes.

iGaming Brazil – Falando sobre a iminente regulamentação dos jogos e cassinos no Brasil, você considera positivo?  

Ricardo Magri – Considero positivo porque eu sempre busquei trabalhar e trabalhei, inclusive pela minha conduta pessoal, em empresas que são do lado do compliance. Nós, tanto na Sportradar como agora na Eightroom, vemos com maus olhos a parte mais escura do mercado cinza. Isso  às vezes aparece pra gente com cara de bom negócio, mas nunca foi algo que nos interessou. A própria Eightroom investe muito no momento pós-regulamentação, em estar com ativos que façam sentido para o mercado regulado, prestamos atenção nesses mercados, nos preparamos para uma competição que vai acontecer só quando isso acontecer, porque com certeza existem empresas similares à nossa que só não vieram para o Brasil porque o mercado não está regulado.

Portanto, esse é um momento esperado por nós, os profissionais da empresa têm essa consciência,  e é por isso que a regulamentação não me assusta, pelo contrário, acho que vai me ajudar. Vai trazer operadores que ainda não vieram, vai trazer aberturas de mídias para marketing que ainda não existem porque são proibidas em mercados não regulados, clientes mais nobres, clientes mais saudáveis…todo o mercado vai ficar mais saudável desde que regulem certo. Se regularem errado, todos vão querer continuar no mercado negro e todas as empresas pretadoras de serviços para sobreviver vão acabar tendendo ao mercado negro. Por isso eu torço para que tenhamos uma regulamentação saudável porque estamos preparados para atuar nesse cenário pós regulamentação saudável. 

iGaming Brazil – E qual a sua avaliação sobre a aprovação da Lei de Jogos e Cassinos por parte da Câmara? 

Ricardo Magri – Eu participei mais ativamente desse assunto quando estava na Sportradar, agora acompanho mais que atuo. Digo isso porque fizemos parte de uma agenda na época, cheguei a ir a Brasília, o pessoal da Secretaria da Fazenda foi aos nossos escritórios na Europa, etc. Eu vejo ainda com certa confusão, pois eu gostava muito do trabalho que estava sendo feito pelo ex-secretário Gustavo Guimarães, acho que isso pode causar uma perda do processo. E existe um fato que me chama a atenção: a passagem dessa primeira etapa na Câmara é um fato do qual não podemos fugir.

Eu sempre escutei na virada do ano que eles iam tentar passar mesmo nesse primeiro trimestre para dar tempo de fazer todo o processo de aprovação do Poder Executivo até o fim do ano. Eu duvidava e sinceramente eu ainda duvido. Mas a primeira etapa eles realmente já fizeram. Eles conseguiram numa semana especial (a semana do Carnaval), pra não dizer na calada da noite, sem usar um termo pejorativo, mas num período inesperado, conseguiram passar isso e acho que com esse espírito, de tentar fazer o processo todo caminhar e ser votado por completo antes do fim do ano. Em cima do fato, dou minha opinião pessoal, porque passando desse fato, tudo que temos é especulação e opinião pessoal. Eu acho que ele caminharia a passos largos, e talvez fosse votado mesmo esse ano como eles imaginam se não fosse um ano de eleição. 

Como é um ano de eleição, eu imagino que se o Governo Bolsonaro for reeleito, eu tenho uma grande impressão, mas muito pessoal essa opinião, de que ele anuncia antes do fim do ano. Porque a eleição é em novembro, no dia seguinte ele fica sabendo se foi eleito e já anunciaria aí,  antes da posse em primeiro de janeiro, às vésperas da Copa do Mundo. Ele vai ter  um engajamento da opinião pública em trazer o esporte para o meio da aposta e é o que eu imagino que vai acontecer. Eu imagino que esse aparelhamento do Senado e do Governo Federal só está complicado agora por causa das eleições e que se a situação permanecer, eles anunciam perto da Copa do Mundo. É uma grande aposta que eu faço. Eu já fui mais cético, apostava que não ia acontecer nada disso, mas uma vez que aconteceu e seguiu uma linha de raciocínio que me foi passada, de que os lobbies estão muito bem feitos para que seja aprovado agora, comecei a acreditar um pouco mais em sua viabilidade, só acho que estão encontrando resistência num ano infeliz de eleição, mas que pode ser feliz se a situação permanecer. Aqui não expresso preferência política, mas quero dizer que vai mudar pouco, vai ter menos choque, então assim o Governo teria a calma necessária para anunciar a aprovação.

iGaming Brazil – Fale um pouco sobre os planos de expansão da empresa para os próximos 5 anos. Este ano 2022 quais são as feiras e eventos que pretendem participar?

Ricardo Magri – A empresa começa este ano um plano de Comunicação maior com o  mercado, justamente de 5 anos, que começou no ano passado, por isso nossa meta é 2026. É um plano ambicioso que vai fazer com que a nossa empresa tenha uma posição muito proeminente na LATAM. Não temos nenhuma aspiração de ser dominantes no mundo como as startups que querem dominar o mundo quando começam a crescer. 

Nosso negócio é LATAM para LATAM. Queremos fortalecer uma posição forte que já temos, que é percebida pelo mercado, é percebida pelos nossos competidores globais (é difícil competir com a gente aqui em LATAM), então fortalecer muito essa posição ao longo desses 5 anos para tirar proveito dela. Isso significa expansão em outros países: no ano passado expandimos para mais 4 regiões além do Brasil – Chile, Colômbia, Peru e México. Alguns deles já começam a ser bem fortes como o México. A Colômbia é um mercado regulado muito particular, que a gente começa a investir mais. O próximo é a própria Argentina, que regulamentou agora. 

Outros países da América Latina já estão no nosso mapa de expansão  como a Bolívia, Paraguai, enfiam esta expansão geográfica é uma coisa real e que já aconteceu este ano, e dentro desses países ampliar o parque de ativos. No Brasil temos uma dezena de sites, nesses outros temos um de cassino e um de apostas esportivas. Vamos aumentar este conteúdo, aplicar o conhecimento que temos no Brasil de conteúdo diversificado que já mencionei, para estas outras regiões geográficas e ir crescendo, maturando nossos produtos, aproveitar os mercados regulados como já falei, para cumprir este plano de 5 anos e  consolidar nossa posição dominante na América Latina no setor de Marketing de Afiliação. 

iGaming Brazil – Vocês foram premiados no ano passado no BiS (Brazilian iGaming Summit) como Melhor Afiliada de Sportsbook do ano de 2021. Como foi receber este prêmio? O que significa para vocês?

Ricardo Magri – É muito bom receber reconhecimento. Tem sempre dois fatores muito importantes, a satisfação de ter de alguma forma seu trabalho elogiado, de uma forma oficial, pois o prêmio tem essa representatividade sobre uma opinião coletiva da indústria sobre o seu trabalho. E a segunda é uma credencial a mais para você se apresentar para quem não te conhece.

Fiquei muito feliz de ir lá receber e mais feliz ainda quando recebo da organização que nos premiou um selo que eu posso exibir num material meu dizendo que eu sou reconhecido, porque na América Latina se dá muita importância por parte dos investidores e grupos  estrangeiros a este tipo de prêmios. Então não é só falar e sim mostrar, corroborar as credenciais que eu tenho, que o próprio mercado me deu e isso é o que vale. Recebemos dois prêmios no ano passado e ficamos em posições bem altas em  outros também e esperamos conquistar mais prêmios em forma de reconhecimento ainda neste ano de 2022. Vamos participar do BIS, da ICE, da SIGMA Malta e alguns eventos da SBC também. 

O nosso investimento foi muito focado em fazer um primeiro semestre forte para aproveitar o ano da Copa do Mundo com certo tempo, por isso escolhemos participar de quase tudo que vai ter no primeiro semestre. De verdade, a Argentina não é nosso mercado atual presente, mas estamos aqui pelos negócios que podemos captar no primeiro semestre, não necessariamente da  Argentina hoje. Plantar pra Argentina no futuro, mas plantar também o que podemos fazer em outras regiões onde temos negócios porque o primeiro semestre é um semestre de captar tudo em qualquer lugar: fomos a Cartagena, viemos a Buenos Aires na EGR, vamos a ICE, vamos pro BIS e tudo que tiver até junho, julho é praticamente uma obrigação nossa propagandear a empresa.

A SAGSE acontece nestes dias 30 e 31 de março, no Hilton Hotel, Puerto Madero, Buenos Aires Argentina