BiS 2021: painéis do 2º dia apresentam novidades sobre a regulamentação e provedores de jogos

Com um primeiro dia repleto de conteúdo, networking e grandes players marcando presença (matéria completa aqui), o Brazilian iGaming Summit 2021 já se consagrou de fato como o maior evento de apostas do Brasil. Mas não para por ai, o segundo dia do BiS está recheados de temas relevantes e grandes nomes do setor.

Com seminários focados na regulamentação e segurança dos jogos, o segundo dia do BiS começou com conteúdo de altíssima qualidade e discussões fundamentais para o presente e o futuro dos setores de apostas, afiliados e loterias. A abertura das atividades desta quinta ficou por conta de Silvia Faro, que deu às boas-vindas aos presentes.

Reforçando que o evento se estende até o final da tarde desta quinta-feira, 2. Agora, confira os principais pontos levantados pelos participantes nas primeiras palestras deste segundo dia do Brazilian iGaming Summit 2021:

Programação matutina da quinta-feira, 2 de dezembro

Painel – Regulamentação: Os aspectos positivos da Regulamentação (Contratações, Economia, Turismo, etc.)

O primeiro painel contou com a moderação de Luis Felipe Maia (FYMSA Advogados), além de Newton Cardoso Jr. (Deputado Federal), Bacelar (Deputado Federal e Presidente da Comissão de Turismo), Magnho José (Presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal – IJL) e Waldir Eustáquio Marques Jr (Subsecretário de Prêmios e Sorteios da Sec. Nacional de Políticas Públicas, Planejamento, Energia e Loteria do Ministério da Economia).

A abertura deste segundo dia de BiS 2021 trouxe uma das notícias mais importantes e esperadas pela indústria sobre o modelo de funcionamento do mercado brasileiro, que contará com 20% de GGR (lucro bruto da operação) e 20% de imposto de renda sobre lucro para pessoa física.

“Estivemos recentemente em contato com vários órgãos e instituições fiscalizadoras para acelerar o processo do marco regulatório”, revelou o deputado federal Bacelar que defendeu a liberação de todos os tipos de jogos. “O projeto, para dar certo, deve contemplar todo e qualquer tipo de jogo. Até mesmo o jogo do bicho, que é um patrimônio imaterial do Brasil, onde perdemos muito pela falta de fiscalização e arrecadação de impostos”.

No entanto, o deputado ressaltou que a indústria de apostas nacional também deve se mobilizar para agilizar o processo regulatório. “Precisamos também da pressão do setor de apostas no mercado brasileiro, para fortalecer ainda mais uma aprovação justificada do projeto na Câmara”.

Bacelar (Deputado Federal e Presidente da Comissão de Turismo)

Para Bacelar, o Brasil precisa aproveitar esse momento para a regulamentação visando que os jogos possam ajudar na retomada econômica. “Ou localizamos o jogo ou iremos perder o grande potencial desse setor em nossa economia”.

O deputado federal ainda lembrou que a proibição no Brasil atravessa décadas e já está totalmente antiquada. “Este ano faz 80 anos da proibição do jogo do bicho e 75 anos da proibição do cassinos”, complementando: “O jogo é uma atividade constitutiva da sociedade, ou seja, toda e qualquer sociedade deve escolher somente entre o jogo legal e o jogo ilegal.”

O deputado federal, Newton Cardoso Jr, também destacou o potencial do mercado de jogos no país. “É muito importante que a sociedade enxergue o tamanho e o potencial desse setor para o cenário brasileiro”, chegando a estimular as pessoas a entrar em contato com seus representantes no Congresso Nacional: “incentivem os deputados, comentem em suas redes sociais e demonstrem o interesse na regulamentação completa da área”.

Newton Cardoso Jr. (Deputado Federal)

Todavia, o deputado frisou que a fiscalização e o combate a atividade irregular devem ser intensos e contínuos. “Precisamos ficar atentos às atividades que já acontecem de forma ilegal ou online, e regulamentar estes da maneira mais adequada possível”.

Cardoso projetou que os “jogos e apostas online serão uma parte fundamental de integração do setor no Brasil”, acrescentando que o processo avançou em 2021. “Este ano o tema avançou muito. Em questão de 3, 4 meses tivemos um grande progresso no debate sobre a regulamentação das apostas”.

Já Waldir Eustáquio Marques Jr abordou a necessidade de definir regras para todos os envolvidos nessa indústria, bem como destacou o jogo responsável. “Precisamos estabelecer regras claras para o consumidor, operador e regulador. O jogo responsável também é uma parte importante. Isso é algo que deve estar integrado em todos o sistema de apostas, começando do cliente até o operador”.

Waldir Eustáquio Marques (Subsecretário de Prêmios, e Sorteios da SECAP)

Além disso, o secretário garantiu que as diretrizes estarão atreladas as melhores práticas globais. “As nossas diretrizes e estratégias estão sempre voltadas para as melhores práticas mundiais. É necessário que se tenha confiança e credibilidade no projeto de regulamentação”.

Magnho José, por sua vez, apresentou dados expressivos sobre o jogo no Brasil. “O mercado de apostas esportivas, cassinos e jogos online chegam a movimentar cerca de 12 bilhões por ano”.

Por ser uma indústria tão ampla, ele afirmou que o país precisará de um órgão regulador competente. “O jogo no Brasil tem que ser legalizado, regulado, controlado e depurado. Nós vamos precisar de fato de uma agência reguladora de jogos que tenha abrangência para todas as modalidades”.

Magnho José (Presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal)

Painel: Cyber Security – Segurança no Jogo

Focado na segurança dos jogos, Gilson Banin (Microsoft) e Henrique Costa (Pay4Fun) – com moderação de Leonardo Baptista (Pay4Fun) – citaram a importância de estabelecer regras de segurança rígidas para que esse segmento possa se desenvolver e prosperar no território nacional.

“A segurança contra os cybercrimes é essencial para operadores e provedores. Já que os números provam que os ataques a sites e plataformas online estão aumentando exponencialmente”, apontou Henrique Costa.

Costa ainda recomendou atenção redobrada em cada movimento no ‘mundo digital’: “Os usuários devem estar atentos às boas práticas na hora de usar aplicativos, plataformas ou acessar sites. É necessário ter zelo em cada ‘movimento’ que realizamos na internet”.

Enquanto Gilson Banin ressaltou que a área de segurança da informação está se tornando cada vez mais essencial para as empresas. “A segurança da informação vem se mostrando como uma área importante para todas as empresas que tem uma conexão direta de trabalho ou armazenamento de informações na internet”.

Por isso, a criação de uma equipe se transformou em uma necessidade para minimizar os riscos. “A estruturação de um equipe de segurança é fundamental para evitar qualquer tipo de ação prejudicadora voltado para as plataformas”, concluiu Banin.

Painel: Pagamentos no Brasil / Legalidade e Compliance

Com moderação de Fernando Gonçalves (FGo Legal), Ari Celia (Pay4Fun), Fabio Tiberia (Consultor Internacional Igaming) e Marlon Tseng (PagSmile) se aprofundaram na relevância de contar com políticas claras de pagamentos e compliance visando um mercado transparente e confiável.

“Não adianta oferecer um bom produto, um bom jogo e não fornecer um pagamento rápido e garantido ao cliente” afirmou Ari Celia, que adicionou: “O papel do método de pagamento neste mercado é oferecer um processo seguro e boas alternativas aos clientes”.

Ari Celia

Celia também se pronunciou sobre o modelo de regulamentação em andamento no Brasil: Nós estamos passando por um momento importante. A regulamentação não precisa ser perfeita, pois o processo é construtivo e com o tempo vamos evoluindo, seja nos jogos como nos pagamentos”.

Marlon Tseng afirmou que a agilidade no pagamento é a fator primordial para que os jogadores optem por uma ou outra plataforma de apostas no país. “A rapidez do pagamento é a primeira prioridade quando os clientes buscam sites de apostas no Brasil”.

O consultor internacional iGaming, Fabio Tiberia forneceu números bem impactantes ao entrar na questão das criptomoedas, em voga atualmente. “As criptomoedas já representam a terceira maior ‘bandeira’ de pagamento no mundo, com a blockchain. Nesse sentido, o Bitcoin apresenta uma grande inovação tecnológica”.

Fabio Tiberia

Tiberia também citou que inúmeras equipes esportivas estão apostando nesse mercado de tokens e moedas digitais para ampliar as suas receitas. “Vários clubes do mundo todo estão investindo em tokens e moedas digitais. Isso é uma transformação única”.

O consultor ainda projetou que as criptomoedas ‘dominarão’ o mundo em breve. “Acredito que daqui há 4 ou 5 anos, as criptomoedas serão a primeira ‘bandeira’ de pagamento no mundo”.

Marlon Tseng

Para Tseng, essa perspectiva deve se concretizar pela rapidez ao realizar operações com as criptomoedas. “As criptos são uma tendência muito forte nos EUA, na Europa e na Ásia. Acaba que as moedas digitais podem chegar a ter uma função de ‘PIX mundial’, onde as transações seriam concluídas rapidamente e de qualquer lugar”.

Painel: Provedores de jogos

O último painel dessa manhã trouxe um ponto essencial para esse período de debate sobre a construção de uma indústria de jogo no Brasil. A conversa envolveu André Schuartz (Pipa Games), Erick Mendez (Evolution), Ramiro Atucha (Vibra Gaming), Jesus Rafael Campos (BetConnections), e Peter Nolte (Salsa Technology).

André Schuartz declarou que a regionalização dos títulos ao vivo é um grande diferencial no mercado nacional. “A regionalização dos jogos ao vivo foi o diferencial no cenário brasileiro. Considerando todas as características culturais de cada local.”

André Schuartz

Schuartz complementou: “Além disso, os jogos ao vivo entregam um fator de socialização muito grande. Nossos clientes passaram a acompanhar nossos jogos como se fosse um programa de televisão”.

Erick Mendez também reconheceu a interação promovida pelos jogos de cassino ao vivo. “Os cassinos ao vivo entregam uma sensação bem diferente, não é apenas uma máquina. Esse tipo de jogo oferece uma oportunidade de socialização e aproximação com os clientes, proporcionando um ambiente interativo para os jogadores”.

Erick Mendez

O cuidado de compreender as diferenças de cada região também foi lembrado por Jesus Rafael Campos. “É importante para toda a indústria se unir e entender as peculiaridades de cada região”, afirmou.

Jesus Rafael Campos

Na sequência, Campos reconheceu que as mídias sociais alteraram completamente o mercado por causa das novas possibilidades de interatividade. “As redes sociais mudaram totalmente as nossas vidas. A indústria deve seguir trabalhando na interação e engajamento, já que temos uma ferramenta tão grande e um contato ‘direto’ com os clientes”.

Já Ramiro Atucha aproveitou para mencionar dois fatores relacionados a localização: “a performance de jogo e a aquisição de jogadores. Quando alguém acessa um jogo ou site de marca, se ela encontrar elementos mais familiares e que a deixam ‘a vontade’, as chances de fidelizar a pessoa com um cliente recorrente é grande”.

Ramiro Atucha

Porém, Atucha fez uma ressalva: “Além de entregar uma boa performance, a localização do seu jogo deve respeitar a cultura de casa região.”

Os participantes deste painel do BiS 2021 também fizeram um paralelo entre a forma de gerar engajamento nas plataformas online de jogos e nos cassinos terrestres. Para Mendez, muitos jogadores já demonstram não ser tão ligados as máquinas físicas e preferem o jogo online.

Peter Nolte, André Schuartz, Erick Mendez, Jesus Rafael Campos e Ramiro Atucha