Fim do 1º dia do Brazilian iGaming Summit confira os destaques de cada palestra

O primeiro dia do Brazilian iGaming Summit (BiS), que entra para a história como o maior evento de apostas do Brasil, proporcionou vários debates e momentos marcantes para a nova indústria de iGaming em âmbito nacional e internacional.

Após os seminários realizados na parte da manhã desta quarta-feira (matéria completa aqui), a programação oficial do BiS 2021 seguiu com novos painéis e palestras sobre a variedade de jogos no cenário brasileiro, cases de sucesso de operadores e o conceito de jogo responsável.

Esse dia inicial de evento se encerra com a primeira premiação especifica para o setor de iGaming nacional, o Brazilian iGaming Awards, tendo sequência nesta quinta-feira, 2. Sendo assim, veja a seguir os destaques das apresentações que fecharam esse primeiro dia do BiS 2021t:

Programação vespertina da quarta-feira, 1º de dezembro

Palestra: A importância da variedade de jogos no mercado brasileiro

Victor Arias e Marco Pequeno, ambos da Pragmatic Play, abriram as atividades da tarde desta quarta com um debate sobre como a variedade de jogos tende a agregar valor ao cenário do iGaming brasileiro. “Muitas pessoas no Brasil querem jogar jogos de cassino e aposta, e exigem uma oferta de produtos de qualidade”, afirmou Pequeno.

Victor Arias e Marco Pequeno

Para ele, entender a cultura nacional é vital para gerar identificação com o público. “A localização dos operadores é importante para valorizar a cultura brasileira e os clientes deste mercado. Precisamos compreender a cultura externa e interna de cada região”.

Victor Arias também destacou essa necessidade de adequação às características de cada mercado visando se tornar uma liderança na América Latina. “Basicamente a estratégia de trazer a cultura de cada país da América Latina é fundamental para introduzir o operador no mercado interno de maneira efetiva e totalmente localizada”.

Em relação aos planos da Pragmatic Play, Arias revelou: “Nossa meta aqui no Brasil é estabelecer a Pragmatic como uma empresa número um no ramo”.

E Pequeno concluiu: “A API única da Pragmatic Play é diferencial já que funciona com um único processo de integração, sem a necessidade de retrabalho”.

Painel:  O que a Lei permite e não é explorado

Com a moderação de Witoldo Hendrich (Hendrich Advogados e ONLINE IPS), Luiz Felipe Maia (FYMSA Advogados) e Rodrigo Garrido (jogador profissional de poker), abordaram as oportunidades permitidas pela legislação e que ainda não são devidamente exploradas neste mercado.

“Estamos buscando ainda mais ferramentas para regulamentar o poker da maneira correta. Todos os dias temos competições e jogos de poker acontecendo, aumentando ainda mais a importância dessa regulamentação”, explicou Rodrigo Garrido.

Luiz Felipe Maia recordou que ainda não há uma definição legal do que é jogo de habilidade. “O jogo, cujo resultado não depende somente de sorte, é permitido, como por exemplo, os jogos de habilidade. Isso que difere a modalidade do poker dos demais cenários das apostas como um todo. A regra não é clara sobre as modalidades de apostas e poker. O que permite com que trabalhemos na ‘brechas’ da lei”.

Conforme Garrido, é fundamental realizar uma separação dos jogos de habilidade de outras categorias. “É necessário fazer uma distinção dos jogos de habilidade e dos jogos de azar, seguindo com formas de regulamentação adequadas para cada tipo de jogo”.

Ainda em relação ao poker, o jogador profissional projetou que o segmento pode evoluir muito mais se encontrar estrutura apropriada aos seus eventos. “O que complicou o cenário dos jogos de poker no Brasil, é a falta de um espaço físico para acontecer as competições e jogos”.

Luiz Felipe Maia e Rodrigo Garrido

Maia também abordou os esportes eletrônicos e esportes de fantasia, que estão conquistando mais adeptos a cada dia no país. “Os eSports e Fantasy Sports entram no conceito de jogos de habilidade, já que prêmios em dinheiro também entram como recompensas, assim como em outros esportes como poker, futebol, basquete, etc”

E finalizou: “Não existe nenhuma proibição legal, desde que não se tenha prêmios ou entradas gratuitos, para a prática de apostas não esportivas. E, claro, que não exista influência sobre o resultado”.

Painel: Outras modalidades de jogos e o cenário brasileiro

Na sequência do BiS 2021, Peter Nolte (Salsa Technology) e Thomas Carvalhaes (Hero Gaming) integraram um painel dedicado às modalidades de jogos que podem fazer sucesso no segmento nacional. Sergio Garcia Alves (Abdala Advogados) foi o moderador, iniciando a conversa sobre como será possível avançar do nível básico de apostas esportivas e loterias.

“Esse momento de nos reunir é uma grande oportunidade para nos aproximarmos ainda mais e suprir a necessidade de conversar, fazer novas parcerias e criar ainda mais networking”, declarou.

Thomas Carvalhaes concordou que o cenário brasileiro pode ir muito além. “O mercado de jogos no Brasil deve ir além das apostas esportivas e loterias. Os jogos de cassino tem um potencial muito grande, já que provaram em outros países, o quão ‘aderentes’ eles podem ser”.

Por isso, Carvalhaes comemorou a oportunidade de participar de um evento presencial como o BiS 2021. “É uma grande satisfação ter um evento deste em nível no Brasil, na nossa casa. Ainda por cima, temos a chance de conversar e nos encontrarmos pessoalmente”.

Peter Nolte também citou que há muito mais para explorar no segmento de jogos, como os jogos de cassino. “Existem várias vertentes além das tradicionais apostas e loterias. Podemos dar destaque também para o desenvolvimento e modernização de jogos de cassino em geral. A chave de conteúdo para os jogos de cassino, é a localização adequada para cada país”.

Thomas Carvalhaes e Peter Nolte

Enquanto o representante da Hero Gaming mencionou modalidades tradicionais no Brasil e outras que estão crescendo no mundo todo. “Outras modalidades futuras são: apostas em eSports; Fantasy Sports, jogos brasileiros (rifa, cara ou coroa, caça níqueis e até mesmo o ‘jogo do bicho’. E, outras modalidades ainda podem ser exploradas”.

Para Carvalhaes, atender as demandas do público brasileiro e não se limitar a estratégias bem sucedidas em outros lugares é primordial. “Falta entender a relevância cultural. Os jogos em geral tem que ser de grande qualidade para o público brasileiro e muitos operadores apenas repetem fórmulas que deram certo em outros países”.

Por tudo isso, Nolte atentou para o fato de se chegar a uma regulamentação ampla e justa no Brasil. “Se iremos regulamentar as apostas esportivas, devemos ter uma visão mais ampla e regulamentar adequadamente todas as modalidades de apostas e jogos”.

Por fim, André Gelfi (Betsson Group) se juntou aos demais participantes da conversa e foi indagado pelo moderador Sergio Garcia Alves sobre o potencial do turfe brasileiro. “O Turfe é uma das modalidades com um mercado extremamente nichado”.

Porém, Gelfi fez um alerta: “Deve-se viabilizar uma nova maneira de criar valor a modalidade, afim de gerar empregos, novas oportunidades e até mesmo mais viabilidade. A modalidade por si só, sem inovação, dificilmente se manterá sustentável no longo prazo”.

Painel: Diferenciais dos operadores que têm sucesso no Brasil

Posteriormente, o debate reuniu Luiz Fiorese (TacTic Sports & Entreterimento), Natália Nogues (Ctrl + F5) e Cássio F. Filter (KTO) que apontaram fatores essenciais para que os operadores consigam se destacar no território nacional. Angelo Alberoni (Bectris) foi o moderador.

“É importante dividir as frentes de branding de marca. O investimento em marketing, principalmente na parte digital, é uma das principais medidas de sucesso para conquistar uma visibilidade no mercado brasileiro”, afirmou Natália Nogues.

Já Cássio F. Filter compartilhou algumas particularidades da forma de trabalho na KTO. “A KTO acredita que a base do negócio de apostas e, quando todos nós estamos empenhados em colaborar no desenvolvimento de novas condições, tecnologias, essa confiança acaba sendo transpassada, o que incentiva ainda mais o processo de regulamentação”.

Cássio F. Filter e Luiz Fiorese

Luiz Fiorese, por sua vez, declarou que o cenário de apostas no Brasil está se transformando. “Há quatro anos, esse mercado não conseguiria reunir pessoas de características tão diferentes e qualidades tão relevantes, mas o cenário brasileiro de apostas está mostrando uma grande mudança”.

Além disso, ele reconheceu que o futebol não é o único esporte que estimula o brasileiro a apostar regularmente. “O futebol é o carro chefe no mercado de apostas do Brasil, mas isso é algo que está se esgotando, já que existem muitas empresas estão presentes em anúncios dos jogos de futebol. E, os outros esportes já provam o quão rentáveis podem ser para o cenário das apostas, como a Stock Car”.

O moderador Angelo Alberoni contribuiu com o tema, ao citar que alguns players chegam ao país sem compreender as diferenças de uma região para outra. “Existem marcas que entram no Brasil sem entender a peculiaridades de cada região. O segredo da retenção do cliente brasileiro é a aproximação e facilidade do mesmo com o site e a marca”.

Angelo Alberoni e Natália Nogues

Sobre essa regionalidade, Nathalia observou: “É importante os sites de apostas no Brasil estarem atentos na linguagem que utilizam para cada região. O brasileiro é um cliente que gosta de ser bem atendido e se sentir próximo a marca da qual ele é um cliente”.

Filter também ressaltou a importância das empresas de apostas adotarem uma forma de comunicação direta e transparente na relação com parceiros e clientes. “Um trabalho para garantir mais proximidade dos clientes e afiliados é, além da confiança, as casas de apostas passarem uma comunicação clara e transparente”.

Ele complementou: “O Brasil, sendo um mercado tão amplo, pode entregar um cenário pós regulamentação repleto de oportunidades econômicas e trabalhistas”.

Natália Nogues projetou um cenário estimulante para o mercado após a regulamentação. “O cenário no Brasil pós regulamentação contará com uma grande liberdade para todos operadores trabalharem de forma mais leve e estimulante”.

Sendo assim, Luiz Fiorese acredita que apenas os operadores competentes conseguirão perpetuar as suas respectivas marcas no país devido a forte concorrência. “No sentido do marketing, a pós regulamentação é capaz de atingir um estado de concorrência tão grande, onde somente os bons de verdade irão se sustentar no Brasil”.

Palestra: Jogo Responsável e suas obrigações

E finalizando esse primeiro dia, André Gelfi, do Betsson Group, se aprofundou em um tópico altamente atual, o “Jogo Responsável”, com conteúdos e esclarecimentos sobre como a aplicação desse conceito é fundamental para qualquer lugar que pretende regulamentar a modalidade.

“Estamos falando de um mercado que vai se manifestar em um meio digital. Hoje, há ferramentas interessante para ajudar com o jogo seguro, seja com auto monitoramento ou estabelecendo limites ao cliente”, citou.

Questionado sobre os riscos do vício em jogo e a consideração dessa problemática no processo regulatório em andamento, Gelfi explicou que já há mecanismos para minimizar esse quadro. “Hoje, nós temos como trabalhar para mitigar essa situação. Mas é necessário botar a mão na prática e esclarecer, desmistificando todo o processo educacional sobre o vício em jogos”.

Ele complementou: “É necessário estabelecer as etapas e mostrar no regulamento de que forma podemos trabalhar com isso”.

Quanto ao papel das empresas nas questões de responsabilidade social e jogo responsável, Gelfi foi direto: “Os operadores têm o dever de mitigar esse tipo de problema, olhando atentamente para os casos de vício entre seus clientes. Ignorar esse problema pode trazer muito prejuízo, prejudicando a marca em credibilidade e diversas outras questões”.

O representante da Betsson, por fim, ressaltou o quão importante será contar com um órgão regulador no país para estabelecer os parâmetros de jogo responsável. “Cabe a nós, ter a consciência de que isso não é algo a ser ignorado. É necessário um trabalho completo em cima do jogo responsável, e um regulador no Brasil estabeleceria a maneira com a qual poderíamos trabalhar isso”.