Após as paralisações decorrentes da pandemia, a indústria de jogo já está focada em 2021 e na possibilidade de regulamentação de apostas esportivas em outros países da América do Sul. Assim, um dos painéis da SBC Summit Barcelona Digital debateu os avanços recentes na região.
Onde estão as oportunidades em 2021? A introdução de apostas esportivas regulamentadas em toda a América Latina foi retardada pelo COVID-19, mas países como Brasil e Argentina (Buenos Aires) ainda estão no caminho certo.
Quais mercados oferecerão as melhores oportunidades regulamentadas em 2021. E quais serão os principais desafios para as operadoras e fornecedores europeus que buscam entrar na região?
Tópicos do painel da SBC Summit Barcelona
O debate, que foi mediado por Kristal Rovira, diretora de Pesquisa das Américas da VIXIO; começou avaliando o andamento do processo de regulamentação da indústria de jogo no Brasil.
Witoldo Hendrich Jùnior, sócio fundador do escritório Hendrich Advogados, afirmou que “o jogo finalmente foi colocado na ‘Agenda Brasil’. Tornando-se um quesito econômico chave para o congresso analisar”.
Hendrich ainda citou a confirmação recente do Governo Federal de que o BNDES estará a frente dos marcos legislativos e regulatórios do setor. “Eles estão criando o mesmo caminho que a LOTEX (operadora de loteria estatal do Brasil). O BNDES terá a tarefa de criar um programa que encontre a melhor solução para abrir o mercado”.
Antes disso, ele salientou que os órgãos governamentais não foram capazes de apresentar um conceito unificado sobre a tributação, concessões de licenças e a forma de fiscalização.
“O que o BNDES vai fazer é mostrar ao governo qual é o melhor ambiente e como as atividades podem ser regulamentadas para garantir que o Brasil tenha um mercado de jogo seguro para o futuro”.
Apesar da postura otimista, Hendrich afirmou que o país ainda está em um estágio inicial da regulamentação.
“A partir de 2021, acredito que a fase 1 do programa do BNDES será entregue dentro de 7 a 8 meses, mas sou um otimista. Tenho amigos que estão mais próximos do congresso e eles acreditam que isso pode ser entregue no segundo semestre de 2022”.
Situação da Argentina
A conferência da SBC Summit Barcelona também tratou do mercado argentino. De acordo com o SBC Notícias, a regulamentação do setor continua confusa.
“A Província de Buenos Aires aprovou sua legislação em janeiro de 2019. E, ao contrário do Brasil, realizou uma licitação que contou com 14 candidatos que apresentaram propostas comerciais, competindo por sete licenças a serem outorgadas pelas autoridades”, disse Tomás García Botta, Sócio do MF Estudio.
Ele continuou: “Enquanto isso, a cidade de Buenos Aires, por outro lado, adotou uma abordagem diferente, colocando requisitos financeiros muito mais baixos. É relatado que cinco empresas entraram com pedidos”.
Sendo assim, Botta declarou que o cenário da província foi modificado para abranger negócios locais, dando origem a joint-ventures com operadores do exterior para cumprir uma medida fixa do legislador. O contexto na Argentina é ainda mais incerto a medida que província e municípios menores adotarem as estruturas de Buenos Aires.
“Você não pode ter um mercado, onde uma operadora está pagando uma taxa de imposto de 30% em uma província, mas 41,4% dentro das instalações de uma cidade. Há muitas coisas que precisam ser acertadas entre os reguladores, reforçou.
Mercado peruano
Já Gonzalo Pérez, CEO da operadora peruana Apuesta Total, pontuou que os representantes do mercado do país estão aguardando o Congresso para a aprovação e implementação do jogo online.
Mas, a paralisação do Congresso manteve o cenário nebuloso. Apesar disso, o mercado do Peru contou com diversos lançamentos recentes em uma busca agressiva por clientes.
“Temos uma situação estranha, onde o governo sabe como deve ser, mas não tem força de vontade para sancionar o projeto! O jogo online, portanto, foi deixado para o Congresso. Este ano, o Peru conta com um congresso curto, pois é um ano de eleições. Então, estão priorizando leis populistas que atrairão o público”.
Pérez complementou: “prefiro que o Congresso nem analise o projeto de lei do jogo online, pois não sabemos qual será o desfecho e como as situações podem mudar este ano”.
Colômbia é apontada como ‘case de sucesso’
O desenvolvimento bem sucedido do segmento na Colômbia foi o último tópico abordado pelo painel da SBC Summit Barcelona. Rodrigo Afanador, CEO da Zamba.co, projeta que a maturidade do mercado fará com que as apostas colombianas entrem no próximo estágio.
Conforme Afanador, o governo colombiano e a agência reguladora ColJuegos “desde o início sempre levaram a sério a responsabilidade de regular as apostas”.
Ele complementou: “É o oposto de Gonzalo, acredito que as apostas esportivas foram consideradas um grande negócio para a Colômbia, permitindo que uma população de 50 milhões de pessoas apostasse nos esportes, que carregava o velho tabu dos cassinos”.
Além disso, o CEO da Zamba contou que a próxima ação na Colômbia será a eliminação do mercado ilegal. “O mercado ainda está em construção e tem muito o que aprender. Ainda existem empresas ilegais visando os consumidores, concluiu.