O futuro dos cassinos e apostas online no Brasil
Senado debate o futuro dos cassinos no Brasil. (Imagem: Plenário do Senado - Agência Senado / Jonas Pereira)

A regulamentação das apostas e cassinos online no Brasil voltou a ser tema de debates no Senado com a apresentação do Projeto de Lei 4.031/2024, de autoria do senador Sérgio Petecão (PSD-AC). A proposta busca proibir jogos de azar e apostas online em território brasileiro, permitindo apenas apostas presenciais, enquanto preserva a operação da loteria federal. Este projeto gerou muita repercussão, tanto entre legisladores quanto entre operadores do mercado, e pode mudar radicalmente a indústria das apostas no país.

Principais argumentos e objetivos da proposta

De acordo com o senador Petecão, a principal motivação do projeto está em mitigar os impactos negativos que o acesso fácil às apostas online pode causar, especialmente em relação à saúde mental e financeira da população. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indicam que o crescimento do mercado de apostas esportivas e cassinos online no Brasil foi muito acelerado nos últimos anos.

Em 2023, o setor movimentou cerca de R$ 20 bilhões, com uma média de 20 milhões de brasileiros envolvidos em algum tipo de aposta online. O senador justifica a proposta citando o risco de endividamento entre os usuários e o fácil acesso de menores de idade às plataformas de apostas. Ele defende que as apostas sejam restritas ao ambiente físico, onde é possível garantir maior controle sobre os participantes e reforçar a verificação de idade.

Petecão declarou que, se aprovada, a lei não só restringirá o acesso a cassinos e apostas online, mas também criará um ambiente mais seguro para os apostadores, promovendo a responsabilidade e o bem-estar social.

Alternativas para o jogo responsável

Atualmente, a legislação brasileira ainda permite cassinos online confiáveis para brasileiros, tanto de operadores nacionais quanto internacionais. Isso significa que, até a aprovação do projeto, os brasileiros continuam a ter acesso a plataformas confiáveis e regulamentadas fora do país. 

Organizações como a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) defendem que, em vez de uma proibição total, uma regulamentação mais rígida poderia ser uma solução mais eficaz. Segundo a ANJL, regular o mercado, com regras claras para publicidade, limites de idade e monitoramento de comportamento de jogo, poderia oferecer mais segurança aos consumidores sem restringir o acesso ao entretenimento.

O que mudaria com a aprovação da lei?

A proposta estabelece que, caso aprovada, todas as plataformas de apostas online, incluindo as de cassinos virtuais e apostas esportivas, serão bloqueadas para os usuários brasileiros. Provedores de internet e empresas de aplicativos serão responsáveis por impedir o acesso a sites e aplicativos de apostas online em território nacional.

O projeto segue a linha de iniciativas semelhantes ao redor do mundo. Países como a China e a Índia, por exemplo, já adotaram restrições rigorosas sobre o acesso a cassinos online. No entanto, especialistas alertam que a proibição total pode estimular o crescimento de um mercado paralelo e clandestino, onde a falta de regulamentação representa um risco ainda maior para os jogadores.

Perspectivas e debate no Senado

Uma proibição total também afetaria a economia brasileira. Com o crescimento das apostas online, muitas empresas têm gerado empregos e contribuído para a arrecadação tributária do país. De acordo com dados do Ministério da Economia, o setor de apostas pode render aproximadamente R$ 6 bilhões em impostos anualmente, uma grande fonte de receita para o governo.

O Projeto de Lei 4.031/2024 ainda será amplamente debatido antes de uma possível aprovação. De acordo com o senador Jaques Wagner (PT-BA), outras propostas semelhantes devem surgir, pois muitos parlamentares consideram a questão das apostas online uma preocupação prioritária.