Gabigol, do Flamengo, é encontrado dentro de cassino em São Paulo
Foto: Divulgação / Polícia Civil

O jogador de futebol do Flamengo, Gabriel Barbosa “Gabigol”, foi flagrado em um cassino na madrugada de sábado para domingo, 14, na Zona Sul de São Paulo. O local contava com mais de 200 pessoas e foi fechado pela Polícia Civil. O atleta precisou deixar o lugar em uma viatura e, conforme relato dos policiais, o atleta foi achado embaixo de uma mesa.  

Eduardo Brotero, delegado de polícia do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (GARRA)/DEIC, detalhou a ação: “Ao chegarmos no local, para a nossa surpresa, não se tratava de uma festa clandestina, e sim de um cassino clandestino. Na verdade bastante grande. Com diversas pessoas aglomeradas, se expondo ao contágio novamente”, disse em entrevista ao portal G1.

Ele acrescentou: “Foram conduzidos, na verdade qualificados, por conta da pandemia já para prestar esclarecimento na delegacia, e os funcionários e o responsável pelo local também devem responder por crime contra a saúde pública, jogo de azar e contravenção”.

MC Gui também foi flagrado na operação policial

Além do jogador de futebol, o cantor MC Gui também foi flagrado pela polícia no local. Todos os envolvidos foram levados para a Delegacia de Crime contra a Saúde Pública, no Centro de SP. As pessoas assinaram termo circunstanciado com compromisso de se apresentar às autoridades para esclarecimentos e, foram liberadas.

Mesmo com o flagrante de famosos, como MC Gui e Gabigol, Brotero não fez uma avaliação individual e frisou que não realizou nenhuma prisão ao longo da operação.

“Para mim, todos são iguais ali e devem ser responsabilizados na medida das suas condutas, na medida do que fizeram. Na verdade é que o que causa espanto é que, novamente no meio de uma situação da humanidade, dessa pandemia, com gente morrendo, falta de leito no hospital, alguns desfrutam da vida como se nada tivesse acontecido”, afirmou.

O delegado ainda explicou que “tanto a contravenção de jogo de azar quanto artigo 268 de saúde pública somados são crimes de menor potencial ofensivo. As pessoas não ficam presas em flagrante. Eles em concordando em participar de todos os atos judiciais requisitados, há substituição da prisão em flagrante pelo termo circunstancial”.

Em entrevista ao Fantástico, Gabigol tenta se defender

Logo após a detenção no cassino, Gabigol concordou em dar a sua versão sobre o ocorrido em uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo. O atacante afirmou que estava jantando com os amigos no seu último dia de férias e não suspeitava que o lugar estaria tão cheio.

A Polícia Civil fechou o estabelecimento e conduziu Gabigol e os demais presentes a delegacia. Ele assinou termo circunstanciado, se comprometeu a estar comparecer quando chamado e não promover mais aglomerações. Ainda segundo as autoridades, ele foi flagrado embaixo de uma mesa. Na entrevista, o jogador relatou que essa foi a ordem dos policiais.

Todavia, ele não será indiciado, só que o caso vai para o Ministério Público, que avaliará se iniciará ou não um processo. O artigo 268 do Código Penal que cita desrespeitar determinação de autoridade pública, destinada a evitar introdução ou disseminação de enfermidade contagiosa estipula detenção de 30 até 365 dias, além de aplicação de multa.

“Eu fui convidado por amigos, realmente eu não sabia para onde eu estava indo. Quando eu cheguei no local, a gente queria jantar, eu moro em Santos e moro no Rio. Então, quando eu cheguei lá, eu comi com os amigos e quando eu estava indo embora, (a polícia) acabou chegando”, afirmou Gabigol ao Fantástico.

Quando questionado se tem o hábito de frequentar cassinos, Gabigol negou: “Não, não, não tenho esse costume de jogar. A única coisa que eu jogo mesmo é vídeo game. Estava com os meus amigos, a gente foi comer, acabamos comendo e quando a gente estava indo embora, a polícia chegou mandado todo mundo ir para o chão”.

Gabigol e MC Gui são flagrados em cassino.

Gabigol pede desculpas à torcida do Flamengo

Com reapresentação marcada para esta segunda-feira no Flamengo, 15, o jogador reconheceu o erro e se desculpou publicamente com a torcida do clube. “Então eu peço desculpas para torcida do Flamengo, para as pessoas que gostam de mim. Eu creio que eu não sou um cara de aparecer em matérias assim, nem nunca fui um cara de quebrar a pandemia”.

E complementou: “Então eu peço desculpas a todos eles e como eu falei, fica o aprendizado. Eu sou muito novo, eu sei que eu vou errar e vou acertar, mas como eu te falei, na pandemia eu não quebrei nenhuma regra, sempre respeitei e não tinha porque eu fazer diferente ontem. Eles pediram para eu sair, para eu acompanha-los e, de cabeça erguida, eu fiz isso”.

Falta de regulamentação no Brasil resulta em ações deste tipo

A proibição do funcionamento de cassinos físicos no Brasil aconteceu em abril de 1946, em um decreto lei 9.215, assinado pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. No entanto, a volta dos cassinos e de outras modalidades de jogos tem sido debatida em todo o país nos últimos anos, especialmente, no Congresso Nacional.

Atualmente, a criação de vagas de trabalho e o pagamento de impostos pelos estabelecimentos de jogos são alguns dos fatores apontados pelos defensores da legalização dessa pauta. Além disso, a volta dos cassinos ajudariam a impulsionar o turismo no país, um dos segmento mais impactados pela pandemia da COVID-19.

E ações deste tipo ainda ocorrerão enquanto o Brasil não contar com uma regulamentação apropriada e condizente com os dias de hoje para o mercado de jogos e apostas.