A ausência de aplicativos de apostas online nas lojas virtuais da Apple e do Google tem gerado forte descontentamento entre as operadoras de bets no Brasil. Desde janeiro, contudo, a regulamentação do setor entrou em vigor no país.
Consequentemente, empresas licenciadas podem operar legalmente no mercado brasileiro. No entanto, tanto a Play Store quanto a Apple Store ainda continuam bloqueando o acesso a esses aplicativos. Além disso, apenas os aplicativos das loterias da Caixa Econômica Federal estão atualmente disponíveis para download.
Em conversas reservadas e reuniões com representantes do Ministério da Fazenda, os executivos das empresas de apostas manifestaram sua frustração com a postura adotada pelas gigantes de tecnologia. O desenvolvimento de aplicativos oficiais era esperado para este ano e considerado fundamental para aumentar a credibilidade do setor e proporcionar maior segurança aos usuários.
A reportagem da Veja entrou em contato com o Google, que em abril havia reafirmado sua política de proibir aplicativos de apostas na Play Store, mas a empresa preferiu não comentar se existem planos para atualizar suas regras. Já a Apple não respondeu às tentativas de contato do veículo.
Executivos do setor de apostas online falam sobre o posicionamento da Apple e Google
Alex Rose, CEO da provedora de tecnologia de apostas inplaySoft, afirmou que “atuais banimentos da Apple e do Google nas lojas de aplicativos são um erro significativo. Essas restrições generalizadas ignoram que aplicativos móveis dedicados são essenciais para uma experiência melhor e, principalmente, mais segura para o jogador“.
Por sua vez, Leonardo Henrique Roscoe Bessa, consultor do Conselho Federal da OAB e sócio do Betlaw, também criticou a decisão.
“O caminho mais sensato é a construção conjunta de critérios técnicos, que permitam a presença de apps regulados, com ferramentas eficazes de verificação de idade, limites de uso e combate ao vício. Proibir não resolve — regular com responsabilidade, sim.”
Feliphe Almeida, CTO da LuckBet, destacou que com os aplicativos oficiais e licenciados, os apostadores teriam a garantia de um ambiente seguro, enquanto as empresas poderiam explorar novas possibilidades de interação. Além disso, ele ressalta que “é um serviço que fortalece o setor e protege o consumidor“.
João Fraga, CEO da Paag, enfatizou que para a regulamentação ter efeito real, todo o ecossistema digital precisa estar alinhado com essa transformação. “Impor barreiras a operadoras licenciadas enfraquece o avanço do mercado legal e abre espaço para alternativas irregulares”.
“O apoio das grandes plataformas tecnológicas é essencial para garantir uma experiência segura ao usuário. Além disso, incentivar a inovação e fortalecer um setor que está se profissionalizando no Brasil“, declarou o executivo.