Os clubes brasileiros têm demonstrado um crescimento notável nas receitas de patrocínios das bets. Em 2025, apenas os patrocínios master dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro devem totalizar cerca de R$1 bilhão, considerando todas as 20 equipes.
Atualmente, a maioria dos patrocínios master são de casas de apostas. Apenas Mirassol e Red Bull Bragantino não ostentam o nome de alguma casa de aposta em seus espaços principais, mas também contam com marcas do setor em outras partes dos uniformes.
Visibilidade para o futebol brasileiro
Bruno Brum, CMO da End to End, observa que: “O futebol brasileiro tem se profissionalizado cada vez mais, trazendo grandes jogadores e aumentando sua visibilidade global.
Isso torna o produto atrativo para as grandes empresas, que naturalmente vão procurar investir no espetáculo. Diante desse cenário, há um movimento lógico dos clubes em valorizar suas marcas e, consequentemente, atrair receitas maiores para suas camisas”.
A valorização da marca, a chegada de jogadores de destaque e a reestruturação do marketing foram essenciais para essa tendência.
Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports Brazil, que gerencia a carreira de diversos atletas, destaca uma perspectiva interessante: “Cenário hoje remonta ao de inauguração de um grande Shoppping Center, com enorme disputa por um lugar no mesmo, mas com uma indefinição de quais lojas vão permanecer no longo prazo, na composição do seu mix.
Como se deu em outros países, e em diferentes segmentos, é razoável pensar que não teremos mais do que seis casas (serviços de apostas) controlando três quartos ou quatro quintos do montante total gasto pelos brasileiros com apostas esportivas.
Por isso teremos por alguns anos, de 20 a 30 buscando um desses seis lugares, pagando por espaços para suas marcas um valor que é desproporcional ao que pagariam se esse mercado estivesse já consolidado”.
Ele também acrescenta que: “No curto prazo, os clubes serão beneficiados por essa disputa, vendo seus uniformes e outras propriedades sobrevalorizadas, angariando fundos nunca captados com patrocinadores de qualquer outro segmento”.
Panorama de 2024
Em 2024, bancos e empresas de bets dominaram os patrocínios do Campeonato Brasileiro, representando 35 das 132 marcas exibidas. Um estudo do Ibope Repucom indicou que o setor financeiro liderou com 20 patrocínios, enquanto as casas de apostas marcaram presença em 18 clubes, totalizando 15 empresas.
O crescimento das bets foi notável, com um aumento de 25% em relação a 2023, quando 12 empresas do setor estavam nos uniformes. Contratos pontuais também aumentaram significativamente, passando de sete em 2023 para 25 em 2024, representando um crescimento de 257%.
Presidente de clubes da Série A falam sobre a importância dos patrocínios das bets
Alessandro Barcellos, presidente do Internacional, declarou: “Estamos colocando o Internacional na vanguarda do setor, combinando análise de dados, criatividade e alto poder de execução. Este é o inicio de um esforço ainda maior do clube para aumentar nossas receitas, e com isso sermos cada vez mais competitivos”.
Yuri Romão presidente do Sport Recife, também enfatizou: “Aumentamos a arrecadação em patrocínios com nosso novo contrato, que é um dos maiores do futebol do Nordeste, e coloca nosso clube em uma posição de disputar novos patamares”.
O setor financeiro expandiu sua presença de 16 para 20 marcas. As casas de apostas ocuparam o segundo lugar com 15 empresas, seguidas pelos serviços de saúde com 13 marcas. Alimentos e imobiliárias/construção também tiveram destaque, totalizando 55% das patrocinadoras em 2024.
Valores de patrocínios das bets para clubes da Série A
Os valores dos patrocínios das bets aos clubes da Série A variam amplamente.
- Atlético-MG: H2Bet, contrato de 3 anos no valor de R$180 milhões.
- Bahia: Viva Sorte Bet, contrato de valor não divulgado, considerado o maior da história do clube.
- Botafogo: VBet, contrato de 3 anos no valor de R$165 milhões.
- Ceará: Esportes da Sorte, contrato de 3 anos no valor de R$46 milhões.
- Corinthians: Esportes da Sorte, contrato de 3 anos no valor de R$309 milhões.
- Cruzeiro: Betfair, contrato de 2 anos no valor de R$84 milhões.
- Flamengo: Pixbet, contrato de 2 anos no valor de R$170 milhões.
- Fluminense: Superbet, contrato de 3 anos até 2026 no valor de R$126 milhões.
- Fortaleza: Cassino, contrato de 2 anos no valor de R$70 milhões.
- Grêmio: Alfa, contrato de 3 anos no valor de R$150 milhões .
- Internacional: Alfa, contrato de 3 anos no valor de R$150 milhões
- Juventude: Stake, contrato de 2 anos até o fim de 2025 no valor de R$30 milhões
- Mirassol: Guaraná Poty, com 7KBet na parte frontal do uniforme.
- Palmeiras: SportingBet, contrato de 3 anos no valor de R$300 milhões
- Bragantino: Red Bull, empresa proprietária do clube.
- Santos: Blaze, contrato renovado até abril de 2025, com valores não divulgados.
- Sport: Betnacional, contrato de 2 anos no valor de R$44 milhões
- São Paulo: Superbet, contrato de 3 anos no valor de R$156 milhões .
- Vasco da Gama: Betfair, contrato de 2 anos que encerra no final de 2025 no valor de R$115 milhões.
- Vitória: 7K, contrato de 3 anos no valor de R$60 milhões.
O valor total anual dos patrocínios da Série A é de R$ 886,3 milhões, sem contar os valores não divulgados de Bahia, Red Bull Bragantino, Mirassol e Santos.
