Dono da VaideBet nega intermediário no patrocínio ao Corinthians em depoimento à polícia
Contradições expostas no contrato com o Corinthians e a VaideBet. (Imagem: Agência Corinthians / Hugo Rodrigues)

José André da Rocha Neto, sócio da casa de apostas VaideBet, afirmou em depoimento à Polícia Civil de São Paulo que negociou diretamente o patrocínio com o Corinthians. O empresário declarou desconhecer Alex Cassundé, que aparece no contrato como intermediário, com direito a uma comissão de R$ 25,1 milhões.  

O caso, investigado desde abril do ano passado, envolve suspeitas de uso de empresas de fachada, lavagem de dinheiro e outras irregularidades. Além disso, levou à abertura de um processo de impeachment contra o presidente do clube, Augusto Melo.  

Reunião em hotel marcou o acordo entre VaideBet e o Corinthians 

De acordo com Rocha Neto, o encontro com representantes do Corinthians ocorreu no fim de 2023, no hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo. Ele relatou que a negociação incluiu Augusto Melo, o diretor administrativo Marcelo Mariano e outras duas pessoas.  

“Perguntei quanto seria o valor, eles disseram: “só fecha se for três anos”. Subi para um quarto, analisei, e desci com o acordo fechado”, declarou o empresário.  

As afirmações contradizem uma nota oficial da VaideBet divulgada em 2023. Na época, a empresa afirmou que o contato inicial com o Corinthians foi realizado por um intermediário.  

Contradições expostas no contrato

O contrato entre VaideBet e Corinthians passou por sete versões antes de ser finalizado. A inclusão de Alex Cassundé e sua empresa, Rede Social Media Design, só ocorreu na quarta minuta. Até então, não havia menção a intermediários no documento.  

Durante depoimento, Rocha Neto negou conhecer Cassundé, mesmo após ser confrontado com uma foto do suposto intermediário. O diretor financeiro da VaideBet, André Murilo, corroborou essa versão.  

O presidente do Corinthians, Augusto Melo, insiste que a intermediação foi legítima e detalhou as negociações para reduzir a comissão. “Brigamos pelo percentual, de 20% para 7%. Chegamos ao denominador comum”, declarou Melo em entrevista ao jornalista Benjamin Back.  

Em nota oficial, o clube reafirmou que a intermediação foi essencial para o fechamento do acordo, seguindo práticas comuns no futebol brasileiro.  

Em maio, o jornalista Juca Kfouri revelou que o intermediário seria um “laranja”. A empresa de Cassundé teria recebido R$ 1,4 milhão do Corinthians e repassado parte do valor para a Neoway Soluções, ligada a uma moradora de uma casa simples no litoral de São Paulo.  

O endereço comercial da Neoway, na Avenida Paulista, é um espaço de coworking onde ninguém conhecia representantes da empresa. Ou seja, essas revelações levaram a Polícia Civil a instaurar inquérito e ao rompimento do contrato entre VaideBet e Corinthians em junho de 2024.  

Cláusula anticorrupção da VaideBet encerrou o vínculo  

A VaideBet utilizou a cláusula anticorrupção do contrato para rescindir o patrocínio de forma antecipada no dia 7 de junho de 2024. Assim, o caso segue em investigação, envolvendo questões de credibilidade no marketing esportivo e nas operações das casas de apostas no Brasil.  

Em resumo, o patrocínio, que prometia ser um marco para o Corinthians, tornou-se uma polêmica de grandes proporções. Portanto, a busca por respostas segue em meio a versões conflitantes e necessita de mais investigações. Atualmente, o Timão é patrocinado pelo Grupo Esportes da Sorte.