O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) marcou nova data para a oitiva de Bruno Henrique, atacante do Flamengo. A audiência ocorrerá na quinta-feira (29), às 15h. O jogador está sendo investigado por suspeita de envolvimento em esquema de manipulação de apostas esportivas.
A sessão inicial estava prevista para a segunda-feira (26). No entanto, Bruno Henrique não pôde comparecer devido ao conflito de horário com o treino do Flamengo.
Com 34 anos, o atacante é investigado por manipulação de resultados. As apurações envolvem um cartão amarelo recebido durante a Série A do Campeonato Brasileiro de 2023, em duelo contra o Santos.
Além de Bruno Henrique, o STJD ouvirá outros nove investigados. Na esfera criminal, a Polícia Federal indiciou o atleta. Maxwell Borges de Moura Vieira, vice-presidente do STJD, atua como auditor processante do caso.
O jogador pode ser denunciado com base no artigo 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata de “manipular o resultado e prejudicar sua equipe”. A sanção varia de multa até suspensão por um ano.
Detalhes da investigação
A Polícia Federal indiciou Bruno Henrique no dia 14 de abril por possível fraude em competição esportiva. No total, outras dez pessoas também são investigadas. No dia seguinte, o Flamengo afirmou não ter sido comunicado oficialmente sobre as investigações.
Os investigadores encontraram mensagens comprometedoras no celular de Wander Nunes Pinto Júnior, irmão de Bruno Henrique. A polícia apreendeu o aparelho e analisou 3.989 conversas no WhatsApp do jogador.
Mensagens sobre cartão amarelo
Segundo reportagem do portal Metrópoles, as conversas entre Bruno Henrique e seu irmão Wander sugeriam manipulação para que o atacante recebesse o terceiro cartão amarelo em partida específica.
O jogo ocorreu em 1º de novembro de 2023, entre Flamengo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro. A partida foi disputada no Mané Garrincha, em Brasília-DF. Na ocasião, o camisa 27 recebeu dois cartões amarelos e foi expulso nos acréscimos.
Wander questionou: “O tio você está com 2 cartão no brasileiro?”
Bruno Henrique respondeu: “Sim”
Wander continuou: “Quando (o) pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk”
A resposta do atacante foi: “Contra o Santos”
Depois, Wander perguntou: “Daqui quantas semanas?”
Bruno Henrique escreveu: “Olha aí no Google”
Wander: “29 de outubro”, “Será que você vai aguentar ficar até lá sem cartão kkkkkk”
O atacante afirmou: “Não vou reclamar. Só se eu entrar forte em alguém”
Wander concluiu:“Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso”
De acordo com as investigações, Bruno Henrique teria repassado informações privilegiadas ao irmão. Portanto, as mensagens referiam-se à possibilidade de receber cartão amarelo no jogo contra o Santos.
Conforme informado nas apurações, Wander apostou R$ 380,86. O retorno foi de R$ 1.180,67 naquele confronto. Dessa forma, ele integrou o primeiro grupo de apostadores, junto com outros familiares, como Poliana Ester Nunes Cardoso (prima) e Ludymilla Araújo Lima (cunhada). O segundo grupo contava com mais seis pessoas.
Quem é Wander, irmão de Bruno Henrique
Assim como o atacante do Flamengo, Wander também se destaca no futebol, mas no segmento amador. Conhecido como Juninho Neymar, ele atua como atacante nas principais ligas amadoras de Belo Horizonte e Minas Gerais.
Em resumo, o atleta conquistou diversos títulos no estado e é um dos nomes mais conhecidos do futebol de várzea local.
Origem das apurações sobre Bruno Henrique
As investigações tiveram início em agosto de 2024, após operadoras de apostas identificarem movimentações suspeitas ligadas ao cartão recebido por Bruno Henrique contra o Santos, em 2023.
Três casas de apostas enviaram alertas sobre apostas atípicas: KTO, Betano e Bet da Galera. As notificações surgiram por meio de contas recém-criadas minutos antes do início da partida.
No dia 5 de novembro de 2024, foram realizadas 12 operações de busca e apreensão. As ações ocorreram no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vespasiano, Lagoa Santa e Ribeirão das Neves. A operação, chamada de Spot-Fixing, faz referência à manipulação de situações específicas em jogos.
Durante o andamento das investigações, o Flamengo optou por não afastar o jogador.
Declaração do atleta
Após a conquista do título da Copa do Brasil pelo Flamengo, Bruno Henrique se manifestou ao canal Sportv, reafirmando sua inocência.
Na entrevista, o jogador declarou: “Sim (sou inocente). Recebi (a operação) de uma forma agressiva. Não esperava da forma que foi, mas eu acredito na justiça lá de cima.
Deus é um cara que sempre sabe. A minha vida, a minha trajetória, desde quando eu comecei a jogar futebol. Deus sempre foi comigo. E, cara, eu estou tranquilo em relação a isso”.
