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Presidente do Esporte Clube Nova Cidade-RJ, Luiz Jorge Eloy Pacheco - em pronunciamento. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Jorge Luiz Pacheco Eloy, presidente do Esporte Clube Nova Cidade de Nilópolis (RJ), compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas (CPIMJAE), mais conhecida como ‘CPI das Apostas’, nesta quarta-feira (27).

Ele afirmou não haver relação entre a derrota de virada para o Belford Roxo, em jogo da equipe sub-20, e o alto volume de apostas no resultado. Ele explicou que o time estava sob gestão terceirizada na época da partida.

A audiência ocorreu a partir de um requerimento do senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente do colegiado, como parte da operação VAR, iniciada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro a pedido da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj).

Os investigadores encontraram indícios de atividades criminosas nos clubes Nova Cidade, Belford Roxo, São José, Brasileiro e Duquecaxiense.

Virada improvável

O senador Eduardo Girão (Novo-CE), presidindo a sessão, destacou o jogo da terceira divisão sub-20, que ocorreu em 5 de junho. O Nova Cidade vencia por 3 a 1 contra o Belford Roxo no primeiro tempo, mas perdeu por 5 a 3.

Essa “virada improvável” gerou um volume atípico de apostas na Ásia, atraindo a atenção dos órgãos de compliance.

A esquerda, vice-presidente da CPIMJAE, senador Eduardo Girão (Novo-CE). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Eloy informou que a FERJ suspendeu os dois clubes por suspeita de manipulação, mas o Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol do Estado do Rio de Janeiro (TJD-RJ) absolveu-os. Este tribunal é uma instância administrativa privada, fora do Poder Judiciário.

Ele admitiu não ter assistido ao jogo, mas citou uma partida do Palmeiras contra o Botafogo em 2023: “isto é futebol”. Conforme ele, “a princípio não tem nenhuma suspeita, suposta suspeita de manipulação, não.

“É porque o time de base, ele exige muito do físico. E infelizmente a gente não tem profissionais competentes para estar exercendo a função de preparador físico. Jogam bem no primeiro tempo e, no segundo tempo, infelizmente, pode acontecer como aconteceu com o Botafogo: perdeu no físico, tomou quatro gols”, explicou.

Resposta ao presidente da CPI das Apostas

Respondendo a Jorge Kajuru em questão lida por Girão, Eloy negou ligação entre o resultado e as apostas suspeitas. Ele diz desconhecer “provas claras e incontestáveis” do cenário que teria gerado R$ 5 mil para uma aposta de R$ 200, e mencionou que essas informações não surgiram no processo no TJD-RJ. Ele afirmou que não sabe de pessoas relacionadas ao clube que tenham apostado.

Sobre a demissão do treinador sub-20, Ede Vicente, após duas derrotas, Eloy disse que foi “natural do futebol”. Vicente, que também gerenciava a equipe, foi responsável por transferências de jogadores. Eloy criticou a gestão terceirizada e planeja buscar “reparos” da empresa responsável.

Jorge Luiz Pacheco Eloy expressou desconforto: “[Fico] constrangido de ter envolvido o nome do Esporte Clube através de uma empresa que nós acreditávamos que seria uma pessoa idônea, que seria uma pessoa que poderia estar representando à altura o futebol do Brasil no Rio de Janeiro”.

Ele explicou que o contrato com a empresa visava “projeção de determinados jogadores” e que parcerias semelhantes são frequentemente propostas ao clube. Eloy destacou que, em seus 11 anos no clube, foi a primeira vez que uma empresa gerenciou o sub-20.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Outros requerimentos da CPI das Apostas

Convocado para prestar depoimento, Reginaldo Gomes, presidente da Sociedade Esportiva Belford Roxo, não compareceu à CPI. No término da sessão, os integrantes da comissão aprovaram um requerimento (REQ 172/2024 — CPIMJAE) apresentado por Eduardo Girão, transformando o convite em convocação.

Além disso, a comissão deu aval ao requerimento (REQ 171/2024 — CPIMJAE) para convocar Thiago Chambó Andrade, acusado na Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás. Assim, o requerimento foi proposto pelo senador Romário (PL-RJ).