Na última terça-feira (12), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas deu um passo importante na investigação. Parlamentares aprovaram requerimentos para ouvir dois jogadores renomados do futebol brasileiro: Luiz Henrique, do Botafogo, e Bruno Henrique, do Flamengo. Mas, embora as datas ainda não tenham sido definidas, a expectativa sobre suas declarações é grande.
Apostas esportivas suspeitas e investigações em andamento
O presidente da CPI, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), foi responsável pela convocação de Luiz Henrique, a qual torna a presença do jogador obrigatória. Mas, por outro lado, um requerimento de convite para Bruno Henrique, apresentado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), também foi aprovado.
Esses atos fazem parte de uma investigação mais ampla sobre possíveis manipulações em apostas esportivas que envolvem atletas.
Luiz Henrique já está no radar da CPI devido a sua ligação com transferências que somam R$ 40 mil. Essas transações ocorreram logo após o jogador receber cartões amarelos durante sua passagem pelo Betis, na Espanha, no início de 2023. As transferências vieram de familiares de Lucas Paquetá, outro jogador brasileiro que está sendo investigado na Inglaterra por supostas atividades ilegais relacionadas a apostas.
Mas, embora Paquetá não seja o único foco, Luiz Henrique não enfrenta acusações diretas no Brasil. De qualquer forma, a situação de ambos os jogadores levanta questões sobre a integridade do esporte, em meio a crescentes evidências de manipulação de resultados.
Bruno Henrique é alvo de operação da PF
Do outro lado da investigação, Bruno Henrique também poderá prestar depoimento, seguindo os requerimentos do senador Kajuru e de Eduardo Girão.
Recentemente, ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga se suas ações em campo foram deliberadas. A acusação é que o jogador teria recebido punições em jogos que beneficiaram familiares em apostas.
As suspeitas causam um grande impacto na reputação, não apenas do jogador, mas também da instituição que ele representa. Não podemos ignorá-las. O Flamengo, um dos maiores clubes do país, está acompanhando todo o processo, mas já declarou apoio ao atacante.
A CPI convocou o empresário Willian Rogatto, preso na última sexta-feira (08) em Dubai. O empresário ganhou o apelido de “Rei do Rebaixamento” após declarar que foi responsável pelo rebaixamento de 42 equipes de futebol no Brasil.
Seu faturamento estimado em R$ 300 milhões intensifica o mistério sobre o mundo das apostas esportivas. Outro convocado foi o árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima, que ficou afastado por 15 meses devido a um polêmico lance numa partida entre Athletico-PR e Palmeiras.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), autor do requerimento, tem interesse em saber mais sobre as práticas de arbitragem e sua relação com as apostas.
CPI das Apostas quebra sigilos e ouve novas testemunhas
A CPI não se limitou nas convocações e também decidiu pela quebra de sigilos bancário, telefônico e telemático de Bruno Tolentino, tio de Lucas Paquetá. Pois, em um depoimento anterior ao Senado, ele se manteve em silêncio, amparado por habeas corpus.
A investigação, nesse momento, pretende esclarecer as transações relacionadas a Luiz Henrique. Além disso, o colegiado aprovou convites para que outras personalidades compareçam como testemunhas. Entre elas, estão:
- José Ferreira Neto, o Craque Neto, ex-jogador e comentarista do Grupo Bandeirantes;
- Reginaldo Gomes, presidente da Sociedade Esportiva Belford Roxo;
- Marcos Guilherme Falcão Rodrigues, presidente do Duquecaxiense Futebol Clube;
- Alexandre da Silva Crisóstemo, presidente do Clube de Futebol São José;
- Bruno Lopez de Moura, empresário.