Nesta terça-feira (05), o Ministério Público e a Polícia Federal deflagraram uma operação focada no atacante Bruno Henrique, do Flamengo.
O jogador é suspeito de manipular jogos para lucrar em apostas esportivas. A acusação acende alertas sobre a integridade esportiva e a relação entre atletas e apostas.
Operação SPOT-FIXING é de buscas e apreensões
De acordo com o que foi apurado pela CNN, existem provas que indicam que Bruno Henrique “agiu deliberadamente” durante a partida contra o Santos, realizada em 1º de novembro de 2023.
Ou seja, o atleta teria tentado ser punido pelo árbitro, recebendo um cartão com a intenção de beneficiar familiares que já estavam cientes dessa estratégia.
Naquele jogo, o Flamengo saiu derrotado, perdendo por 2 a 1 na 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, enfrentando o Santos no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
A operação envolve seis promotores do Gaeco-MPDFT e mais de 50 policiais federais, com 12 mandados de busca em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Ribeirão das Neves, todas ligadas a Bruno Henrique.
Além do jogador, outros alvos da investigação são membros de sua família e conhecidos, como Wander Nunes Pinto Junior, irmão do atleta, e outras pessoas vinculadas ao futebol.
Assim, as ordens judiciais permitem buscas nas residências dos investigados, incluindo a casa de Bruno Henrique na Barra da Tijuca.
As sedes de empresas onde o atleta é sócio, como a DR3 – CONSULTORIA ESPORTIVA LTDA e BH27 OFICIAL LTDA, também foram alvo da operação.
Lance suspeito de Bruno Henrique durante o jogo
Durante a partida contra o Santos, Bruno Henrique teve um desempenho questionável, recebendo um cartão amarelo por falta e logo depois um cartão vermelho por ofensas ao árbitro. Mas o comportamento do atleta não passou despercebido.
De acordo com relatos, seu irmão e outros familiares criaram contas em plataformas de apostas na véspera do jogo. As apostas feitas foram justamente na punição que o atacante recebeu.
Outras contas de investigados também mostraram esse padrão de apostas direcionadas, com um histórico de apostas ligadas à punição de Bruno Henrique. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) emitiu um comunicado alertando sobre um volume anormal de apostas focadas na possibilidade de o jogador receber um cartão.
O histórico do atleta revela que, nos últimos dois anos, sua probabilidade de punição era de apenas 20%. Contudo, em algumas casas de apostas, essa frequência subiu para alarmantes 90%.
Consequências para os envolvidos
A operação, nomeada SPOT-FIXING, caracteriza-se pela manipulação de eventos específicos de um jogo, não necessariamente relevantes ao resultado final, mas que têm mercado nas apostas.
Bruno Henrique e os demais suspeitos podem enfrentar graves acusações e punições decorrentes da Lei Geral do Esporte, incluindo fraude e corrupção ativa e passiva.
Autoridades podem considerar acusações de lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. A 7ª Vara Criminal de Brasília autorizou os mandados, que levaram a apreensões significativas.
Agentes apreenderam celulares e computadores dos investigados. A operação conta com o apoio dos GAECOs dos Ministérios Públicos do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Nota oficial do Flamengo sobre Bruno Henrique
Poucas horas após a operação, o Flamengo soltou uma nota oficial sobre o caso, citando que confia no atleta e que ele segue a disposição do treinador Filipe Luís. Conforme o clube carioca, o atacante está relacionado para o próximo jogo.
“O Clube de Regatas do Flamengo tomou conhecimento, nesta data, da existência de uma investigação, ainda em curso, versando sobre eventual prática de manipulação de resultados e apostas esportivas.
O Clube ainda não teve acesso aos autos do inquérito, uma vez que o caso corre em segredo de justiça, mas é importante registrar que, ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência.
O Flamengo esclarece, por fim, que houve uma investigação no âmbito desportivo, perante o STJD, a qual já foi arquivada, mas não tem como afirmar que se trata do mesmo caso e aguardará o desenrolar da investigação.
O atleta segue exercendo suas atividades profissionais normalmente. Treina e viaja com a delegação nesta terça-feira, para Belo Horizonte“.
