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Créditos: Lívia Villas Boas/CBF

A regulamentação das Bets (apostas esportivas) no Brasil, prevista para 2025, deve transformar significativamente o cenário dos patrocínios aos clubes de futebol.

Esse movimento trará uma nova dinâmica ao mercado, afetando os investimentos milionários que têm sido a marca registrada das últimas temporadas.

A influência atual das casas de apostas nos patrocínios

Atualmente, as apostas esportivas dominam os patrocínios aos times de futebol no Brasil. Conforme levantamento do portal Bolavip Brasil, elas representam quatro em cada cinco patrocínios na primeira divisão do Brasileirão.

Muitas dessas empresas ocupam o posto máster, estampando suas marcas no lugar de maior destaque nas camisas dos atletas.

Essa predominância se deve, em parte, ao valor elevado dos investimentos das empresas de apostas, que têm superado significativamente os de marcas de outros setores.

Um exemplo claro dessa dinâmica foi a substituição da Galera.bet pela Pixbet como patrocinadora do Corinthians em 2022, após uma proposta financeira mais vantajosa. No entanto, esses altos investimentos são caracterizados por grande volatilidade, o que pode mudar com a regulamentação.

Impactos esperados com a regulamentação das bets

Com a introdução de novas regras, espera-se que as empresas de bets enfrentem custos adicionais, como o pagamento de outorgas para operar. Isso deve afastar empresas menos sólidas, reduzindo a quantidade de concorrentes no mercado de publicidade esportiva.

Analistas do setor indicam que a derrama de dinheiro observada atualmente deve diminuir, tornando os investimentos mais sustentáveis e menos voláteis.

Foto: Reprodução / instagram Brasileirão

Ivan Martinho, professor de marketing esportivo do Ibmec, destaca que a regulamentação deve trazer mais estabilidade, embora também atraia novos players para o mercado.

Marcos Sabiá, CEO da Galera.bet, concorda que o patrocínio aos times continuará sendo importante, mas prevê uma diversificação dos investimentos em marketing para além do futebol, visando uma construção de marca mais robusta.

Com a regulamentação, empresas estão migrando parte de seus recursos para outros segmentos de entretenimento, como shows e eventos culturais. Essa mudança reflete uma estratégia de reafirmação das apostas como uma forma de lazer, ao mesmo tempo em que busca um melhor retorno de investimento.

A experiência internacional mostra que a regulamentação frequentemente acompanha a legalização das apostas. Na Europa, por exemplo, vários países impuseram restrições aos patrocínios de apostas no futebol.

O Reino Unido, Espanha e Itália já proíbem marcas de apostas na parte frontal das camisas dos jogadores. França e Alemanha ainda permitem, mas discutem a revisão dessas regras.

Proteção da integridade do esporte

Um dos principais objetivos da regulamentação é proteger a integridade do esporte e afastar jovens das apostas. A Inglaterra, em particular, tem sido rigorosa em suas medidas para evitar que as apostas comprometam a lisura dos jogos.

Casos como o do jogador brasileiro Lucas Paquetá, investigado por supostamente favorecer apostas de terceiros, reforçam a necessidade de uma regulação mais firme.