Em depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, o ex-árbitro de futebol Manoel Serapião Filho afirmou que não acredita no envolvimento de juízes ou dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em manipulações de resultados.
A reunião foi presidida pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO) e contou com a presença dos senadores Romário (PL-RJ) e Carlos Portinho (PL-RJ).
Manoel Serapião destacou que não vê possibilidade de manipulação entre os árbitros do Brasil ou dirigentes da CBF. Ele afirmou que, se houver alguma irregularidade, será uma “grande decepção e uma grande surpresa“, mas acredita que apenas uma “ovelha negra” poderia estar envolvida, sem afetar o grupo inteiro.
Serapião, ex-árbitro Fifa e um dos idealizadores do VAR (árbitro assistente de vídeo), ressaltou que a qualidade do VAR no Brasil ainda não é ideal. No entanto, ele acredita que a tecnologia tem trazido mais segurança ao corrigir erros e distorções em lances difíceis.
Papel do oficial de integridade contra a manipulação de jogos
Rômulo Meira Reis, ex-oficial de integridade de VAR da CBF, explicou que sua função técnica envolvia analisar suspeitas de fraudes no mercado de apostas esportivas.
Entre 2017 e 2022, ele analisou mais de 200 alertas de possíveis manipulações de jogos. Essa função, criada por uma diretriz da Fifa, exige que cada associação-membro, como a CBF.
Assim, designe uma pessoa para verificar irregularidades entre o que acontece em campo e no mercado de apostas. Reis destacou que o boom de anúncios das casas de apostas é semelhante ao que já ocorreu com montadoras e grandes mídias no passado.
No início da reunião, o senador Kajuru informou que William Pereira Rogatto, convocado para depor, não compareceu. Investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, Rogatto é suspeito de participar da manipulação de jogos de futebol desde 2020.
Ele estaria operando clandestinamente, cooptando jogadores, vendendo resultados arranjados e realizando apostas fraudulentas.
Medidas aprovadas
A CPI aprovou requerimentos para quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Bruno Lopez de Moura e Camila Silva da Motta, sócios da empresa BC Sports Management Ltda. A investigação revelou que essa empresa teria movimentado recursos financeiros para o esquema de manipulação de apostas esportivas.
Por fim, o auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Mauro Marcelo de Lima e Silva, foi convidado para depor na CPI após considerar infundadas as acusações de manipulação de resultados feitas pelo dono do Botafogo, John Textor.
A CPI também requisitou ao STJD o compartilhamento de documentos e informações sobre a investigação de possível manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro de 2023.