Mercado de apostas online cresceu 734% desde de 2021, aponta pesquisa
Forte presença de casas de apostas no futebol brasileiro. Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.

O mercado de apostas online no Brasil experimentou um crescimento impressionante de 734,6% entre 2021 e abril de 2024, conforme levantamento da plataforma de análise de dados Datahub.

Em 2021, existiam 26 empresas focadas em jogos de sorte e apostas online no país. No ano seguinte, esse número aumentou para 79, um crescimento de 203%. Nos primeiros quatro meses de 2024, foram abertas tantas novas empresas quanto em todo o ano de 2022.

Felipe Mesquita, executivo de contas da Datahub, explicou: “A regulamentação foi crucial para essa virada no setor. Com o jogo alinhado às leis, ele oferece mais segurança para empresas e consumidores, impulsionando naturalmente o crescimento”.

Desde dezembro de 2018, as apostas esportivas são legalmente reconhecidas no Brasil, mas a regulamentação do setor só veio com o tempo. Em 2023, o governo assinou o decreto que regulamenta o mercado de apostas, fortalecendo o ambiente de negócios e atraindo mais empresas.

Conforme o Ministério da Fazenda, 134 empresas manifestaram interesse em operar no mercado de apostas no país no final de 2023. Esse interesse também se refletiu internacionalmente, com duas empresas estrangeiras entrando no mercado brasileiro em 2023 e cinco em 2024.

“Embora modesto, esse aumento demonstra um interesse crescente pelo mercado brasileiro, incentivado pela nova legislação que oferece maior previsibilidade e segurança jurídica”, destacou o estudo da Datahub.

Impacto da pandemia e da tecnologia no mercado de apostas

A pandemia e o avanço tecnológico foram fatores importantes para o crescimento do setor. “A virada aconteceu após a pandemia, quando as interações presenciais diminuíram, abrindo espaço para os serviços tecnológicos. O setor de apostas teve um boom significativo”, disse Felipe Mesquita, executivo de contas da Datahub.

Jhon Macario, analista de marketing e pesquisa da Datahub, reforça a ideia de que a tecnologia democratizou o acesso às apostas. “Antes, as apostas eram restritas às casas lotéricas. Agora, com o smartphone, há uma acessibilidade muito maior”, observou.

O perfil dos consumidores também mudou. A maioria dos apostadores tem entre 22 e 36 anos, um grupo altamente conectado ao mundo digital. “A geração mais jovem prefere a conveniência do eletrônico e raramente pensa em se deslocar para fazer apostas”, complementou Mesquita.

Mercado-de-apostas-online-cresceu-734-desde-de-2021-aponta-pesquisa
Foto: Unsplash

Diversificação de setores e oportunidades de expansão

O crescimento do setor de apostas online também impacta outros setores da economia, como tecnologia, comunicação e esportes.

André Gelfi, presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) afirmou: “O setor movimenta bilhões de reais, gera milhares de empregos e está extremamente aquecido, especialmente após a regulamentação do governo federal no final do ano passado”.

Felipe Mesquita acredita que o cenário é positivo e que ainda há muito espaço para novas empresas no mercado de apostas. “O mercado cresceu, está crescendo e deve continuar crescendo”, pontua.

Uma das áreas com maior potencial de expansão é a dos métodos de pagamento. Fundada em 2018, a Pay4Fun se destacou como uma das principais plataformas de pagamento online brasileiras, sendo a primeira instituição do segmento de apostas a receber autorização do Banco Central em 2022.

Leonardo Batista, CEO da Pay4Fun, observa que os métodos de pagamento irregulares sempre foram uma “dor de cabeça” para o setor. “Há muito espaço para crescer em qualidade, tanto em casas de apostas quanto em métodos de pagamento. Hoje, existem muitos serviços de má qualidade e irregulares”, afirmou Batista.

Para que o crescimento do setor seja sustentável e seguro, Batista ressalta que é essencial distinguir que as apostas são uma forma de entretenimento, não um investimento. “Jogo não é dinheiro extra, não é garantia de ganho. É preciso responsabilidade e clareza sobre o propósito do setor”, conclui Batista.