Manipulação de resultados: jogadores armavam ações em grupo chamado ‘Lula 13’
Foto: José Cruz / Agência Brasil

Cinco atletas do Sampaio Corrêa utilizavam um grupo de troca de mensagens no WhatsApp nomeado ‘Lula 13’ para armar ações de manipulação de resultados na Série B do Campeonato Brasileiro. O grupo foi criado em novembro de 2022, poucos dias depois da eleição do atual presidente para seu terceiro mandato. As informações foram reveladas pelo Portal Uol.

O que o Ministério Público descobriu ao analisar celular de um dos envolvidos

Os prints das mensagens foram achados no celular de Mateusinho. Nas conversas, ele é exaltado pelos companheiros por ter feito pênalti no embate entre Sampaio 2 x 1 Londrina na última rodada da Série B. “Me deu uma missão pra mim matar… ou mato ou morro, mano. Não tinha jeito mano. Eu falei: ‘Ihh, alguém vai se fud… aí, porque eu vou dar o carrinho”, disse o lateral, hoje no Cuiabá.

De acordo com o Ministério Público, a penalidade havia sido exigida por pessoas que buscavam interferir jogos de futebol visando faturar com apostas esportivas. Os atletas do grupo festejaram o pênalti, todavia, lamentaram que outra ação na mesma rodada não foi bem sucedida e gerou prejuízo ao esquema de manipulação de resultados.

Além de Mateusinho, os zagueiros Paulo Sérgio e Allan Godoi, o volante André Queixo e o atacante Ygor Catatau integravam o grupo. Segundo o Uol, todos foram denunciados por manipulação de evento esportivo. Outros dois participantes do grupo, um goleiro e um jogador de poker, não foram denunciados.

O Ministério Público identificou um comprovante de pagamento de cerca de 10 mil reais para Paulo Sérgio, o que representaria um adiantamento aos atletas pelas jogadas armadas. Diante de promotores, os jogadores não reconheceram as irregularidades e afirmavam que somente tratavam no grupo de apostas legalizadas, poker e jogos de videogame.

Grupo Lula 13

O Uol apurou que não aparece no processo a razão pela qual os atletas optaram por dar o nome do presidente para o grupo. Entre as mensagens trocadas falando sobre apostas, há duas que contam com o nome de Lula.

1ª referência a Lula: depois de Mateusinho postar uma figurinha de si mesmo segurando um maço de dinheiro, o goleiro do grupo manda uma figurinha de Lula com a frase “Já pode roubar?”

2ª referência a Lula: no dia 13 de novembro, Mateusinho escreve “Hoje o Lula tem que ganhar, pra gente ficar bem.” O segundo turno aconteceu em 30 de outubro e a data correspondia a última rodada do Brasileirão. Posteriormente, os integrantes do grupo articularam as apostas que realizariam.

Cobranças

Conforme o Ministério Público, os envolvidos no esquema de manipulação de resultados haviam articulado pênaltis com atletas do Vila Nova e do próprio Sampaio. Os jogadores do Sampaio seguiram com o acordo, todavia, os atletas do Vila não foram adiante, o que resultou em perda financeira aos apostadores.

Os jogadores do Sampaio Corrêa acabaram não recebendo parte do valor combinado e começaram a cobrar. O MP também encontrou um segundo grupo de mensagens.

Neste grupo, cinco jogadores “debatem sobre a expectativa de recebimento de valores, a existência da dívida e forma de cobrança, externando, por mais de uma vez, que teriam cumprido com sua parte no esquema — leia-se, cometimento do pênalti — e esperavam receber todo o valor prometido”, apuraram os promotores da “Penalidade Máxima” conforme matéria do Uol.

Defesa dos jogadores envolvidos em suposta manipulação de resultados

A defesa de Paulo Sério alega que o defensor não sabe quem é o jogador de poker que estava no grupo. Ele também afirma desconhecer os demais envolvidos no suposto esquema de manipulação de resultados. A defesa ainda reforçou que o atleta nem jogou no último confronto da segunda divisão do Brasileirão em 2022.

A defesa do jogador André Queixo disse ao Portal Uol que o processo ainda está em estágio inicial e aguarda a citação pela Justiça para esclarecer a situação. Mateusinho não respondeu ao contato do UOL, enquanto as defesas de Allan Godoi e Ygor Catatau não foram localizadas por Diego Garcia e Adriano Wilkson que assinam a matéria.