O atacante Ferreira, do Grêmio, entrou em uma polêmica ao postar nas suas redes sociais uma imagem de uma aposta. O caso levantou uma discussão sobre a ligação entre jogadores e casas de apostas, já que a Fifa proíbe que pessoas envolvidas com o esporte realizem apostas.
O Grêmio encaminhou um documento interno explicando aos jogadores, de todas as categorias, que não podem participar de apostas, bem como realizar postagens sobre esse setor. A equipe pontuou que em caso de desrespeito a norma interna, multas poderão ser aplicadas.
“Com chegada das apostas os esportes e, em especial, o futebol viu uma explosão de oportunidades, novos negócios surgem a todo instante. O que não se pode perder de vista é que esse ecossistema só se mantém ativo se o esporte permanecer íntegro”, afirmou Rafael Marcondes, advogado e diretor de relações governamentais da ABRADIE (Associação Brasileira de Defesa da Integridade do Esporte) ao Portal Uol.
“Sem o esporte, tudo que gira ao seu entorno, cai por terra. Medidas que evitem a manipulação de resultados e preservem a integridade do esporte são urgentes. Parte da regulamentação do setor de apostas esportivas deve sair em breve. Mas entidades de organização do esporte e clubes precisam começar agir”, completou.
O advogado destacou que o documento feito pelo Grêmio pode fazer a diferença para atletas e membros das comissões técnicas. “Preservar o ambiente esportivo passa por fornecer informação. Por investir em educação. Que esse infeliz caso vivenciado pelo Grêmio e pelo seu atleta sirva de exemplo para outros profissionais, clubes e entidades do esporte, para que se antecipem a qualquer incidente e desde já adotem medidas educativas preventivas”, acrescentou.
Conforme o Uol, uma das equipes que promove um trabalho educativo intenso nas categorias de base é o Ibrachina. Criado em 2020 a partir de um projeto social, a organização visa se tornar um dos principais formados de jogadores do país. Pensando nisso, o clube promove diariamente trabalhos informativos sobre fatores extra campo que podem abalar as carreiras.
“Respeitando todo o processo de formação do atleta, o Ibrachina faz questão de se atualizar sobre as questões maléficas que podem prejudicar o esporte e o atleta. Pensando nisso, fizemos uma palestra sobre a manipulação de resultado no esporte, algo praticado há muito tempo já, porém, hoje tomando uma proporção muito maior do que antigamente”, revelou Henrique Low, presidente do Ibrachina.
“O palestrante Mauro Costa, que faz parte do Sindicato dos Atletas de Futebol de São Paulo, conversou com nossos atletas sobre os efeitos negativos que os manipuladores trazem para o esporte e para o atleta. Mauro Costa foi um dos pouco brasileiros que fizeram um curso junto com a Interpol que o habilita para que tenha contato direto e a confiança dos atletas para ensinar aos jogadores a reconhecer, resistir e denunciar os manipuladores”, acrescentou Low.
O que a Fifa e a CBF falam sobre as relações entre jogadores e casas de apostas?
Além disso, a Justiça Desportiva possui sanções quando a relação entre jogadores e casas de apostas ultrapassa os limites impostos pela Fifa. A entidade máxima do futebol estabelece uma multa de pelo menos 100 mil francos suíços (R$ 550 mil) e banimento do esporte por até três anos para jogadores, árbitros e dirigentes que fizerem apostas em jogos de futebol.
O Regulamento Geral de Competições (RGC) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também reserva punições para quem desrespeitar as regras vigentes e colocar a integridade esportiva em risco.
Art. 65 – Com o objetivo de evitar a manipulação de resultado de partidas, ou a ocorrência de um fato ou eventos específicos no seu decurso, considerar-se-á conduta ilícita praticada por atletas, técnicos, membros de comissão técnica, dirigentes e membros da equipe de arbitragem e todos aqueles que, direta ou indiretamente, possam exercer influência no resultado das partidas, os seguintes comportamentos:
I – apostar em si mesmo, ou permitir que alguém do seu convívio o faça, em seu oponente ou em partida de futebol.