A estimativa é que entre 400 e 500 casas de apostas estejam operando no Brasil nos dias de hoje. O crescimento do interesse do público por esse ramo de jogo passa muito pelo trabalho de marketing e publicidade realizado por essas empresas.
Muitas dessas casas de apostas buscam atrelar as suas imagens à esportistas de sucesso e grande alcance no Brasil. Além disso, as empresas desse setor se tornaram uma relevante fonte de renda para clubes de futebol, associações esportivas, ligas, federações e demais organizações.
Essas questões foram abordadas por Luiz Fernando Coelho em um artigo opinativo publicado recentemente no site ‘Promoview’. Focado nas campanhas de divulgação das apostas esportivas, o texto levanta pontos importantes em um período em que se debate exaustivamente a regulamentação do mercado no Brasil. Confira o texto a seguir:
O marketing das apostas e as apostas do marketing
Para aqueles que têm a vida profissional voltada para o marketing do esporte, é muito interessante observar os movimentos das casas de aposta na busca pelo cliente.
O fato de haver uma regulamentação em relação ao conteúdo a ser colocado em suas mensagens traz nitidamente um desafio fantástico para os gestores dessas áreas. Não é à toa que muitas dessas casas procuraram vincular sua imagem a atletas de sucesso no esporte. Trata-se de uma situação das mais ridículas, no meu modo de ver. O jogo está liberado, mas não se pode falar dele. Diretamente.
Entretanto, isso nos traz a possibilidade de assistir a uma disputa pelo mercado, de uma forma como há muito tempo não se via. Fica uma sensação de vale tudo. Uma casa compra o naming right de um campeonato e a que aparece na mídia estática, nos campos de futebol, é sua concorrente. Ou, durante as transmissões dos campeonatos, nos intervalos, é possível ver duas concorrentes colocando seus anúncios em um mesmo break.
Eu, pessoalmente, acho sensacional. Nessa disputa pela atenção do cliente, vai ter mais sucesso quem for mais competente em seu trabalho de marketing, que obviamente não se resume a anúncios nas mídias on e offline (também não gosto muito dessa divisão, afinal, a integração de todos os pontos de contato com o cliente final é que resulta em sucesso de vendas).
Então, hoje, é possível assistir a um verdadeiro duelo de atletas, tentando convencer os apostadores a entrar em suas casas virtuais de apostas. Para quem nunca visitou um site desses, recomendo que, pelo menos por curiosidade, faça uma visita. É de impressionar como você consegue apostar qualquer coisa, em uma variedade enorme de esportes. Tudo online.
A entrada dessas empresas no mercado do marketing do esporte acabou trazendo um alento muito grande em termos de patrocínios para clubes, esportes, associações, federações e outros players. Isso quer dizer que, para muitas dessas instituições, a possibilidade de ter o patrocínio de uma dessas casas representou uma solução importante em relação às suas questões financeiras.
E agora teremos uma situação muito interessante. Já vimos esse filme, quando uma marca de uniforme esportivo é a fornecedora oficial de uma federação ou confederação e o atleta convocado usa uma chuteira, por exemplo, de outra marca. Nessa indústria das marcas de casas de aposta, teremos um clube patrocinado pela Betano apresentando a sua maior contratação para seu elenco: o garoto propaganda da Sporting Bet. Sensacional. Estou curioso sobre como essa situação vai se desenrolar.
Para encerrar, quero trazer para a mesa uma questão que, para muitos, trata-se de algo muito sério em termos de moral e ética. Calma, turma, já explico. A pergunta é: quais as consequências de expor atletas em formação, jovens torcedores, crianças em escolinhas, na medida em que esse patrocínio avança nessas searas?
Para simplificar, vamos tratar apenas do aspecto mais visível, que é o fato de termos indivíduos expostos, sendo estimulados a jogar, a apostar. Meus amigos, sem querer parecer uma pessoa que tem uma posição superficial, diria, primeiramente, que tal situação existe em vários países.
Puxa Luiz, que argumento vagabundo! Devo concordar. Mas percebam que já temos oficialmente a possibilidade de jogar em vários tipos de jogos, incentivados pelo próprio Estado, em nosso país. Por que então essa hipocrisia? E, por último, aquela velha questão do livre arbítrio, de se querer ou não jogar.
Como vocês devem ter percebido ao chegar até aqui, minha visão é a de que, se existe essa possibilidade e tudo está devidamente regulamentado, representando um benefício para o desenvolvimento do esporte, por que não?
Vamos continuar acompanhando essa briga pelo consumidor na área das apostas esportivas. Como se trata de um mercado que gera e vai gerar cada vez mais recursos, certamente teremos a oportunidade de assistir, de camarote, a como esses profissionais de marketing vão criar soluções para vencer essa disputa.