De acordo com informações do Governo de Portugal, as federações nacionais receberam mais de 245 milhões de euros provenientes de apostas esportivas em Portugal no período de 2018 a 2022, sendo que mais da metade dessas apostas foram realizadas online.
Em resposta ao grupo parlamentar do PS acerca do financiamento das organizações esportivas, o Governo informou que as verbas provenientes do jogo Placard da Santa Casa da Misericórdia e das apostas online do Turismo atingiram o valor de 61,7 milhões de euros em 2022. Este montante é substancialmente superior aos 35,7 milhões de euros do financiamento anual concedido pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) a todas as federações.
No último ano e em 2021, as federações esportivas receberam uma receita significativa de 59,4 milhões de euros provenientes das apostas, sendo esses os anos mais rentáveis até agora. Conforme estabelecido pelas portarias n.º 314 e 315/2015, as federações recebem uma parcela do imposto especial do jogo online, correspondendo a 37,5% da receita apurada, ou 3,5% da receita no caso das apostas à cota de base territorial.
O crescimento do setor de apostas esportivas em Portugal
Nos últimos cinco anos, um total de 151,7 milhões de euros foram distribuídos pelas federações esportivas, sendo as apostas online em competições esportivas as principais responsáveis por esse montante.
As apostas online tiveram um crescimento exponencial em 2021 e 2022, permitindo a distribuição de 41,8 milhões de euros e 44,2 milhões de euros pelas federações esportivas, respectivamente. Nestes anos, o jogo Placard foi responsável por 93,5 milhões de euros do montante total, mantendo-se os valores distribuídos às federações em torno de 17,5 milhões de euros.
Embora o sistema de apostas criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) nunca tenha superado as receitas do jogo online, ele se aproximou em 2019, quando gerou uma receita de 22,2 milhões de euros, em comparação com os 25,2 milhões de euros gerados na Internet.
As entidades do esporte recebem 0,035 euros, o que equivale a 3,5% das deduções legais, por cada euro investido no Placard. Em contrapartida, as apostas realizadas na Internet atribuem 37,5% do imposto especial para o jogo ‘online’. De acordo com a legislação atual, este imposto é de 15% até aos cinco milhões de euros e de 8% até aos 30 milhões de euros.
Não é surpresa que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) seja o organismo que mais lucra com as apostas esportivas. Nos últimos cinco anos, a FPF lucrou um total de 146 milhões de euros, o que representa praticamente 60% do montante total. Além disso, houve um aumento de receitas no ‘online’ em 2021 (25,4 milhões de euros) e 2022 (23,7 milhões de euros), em comparação com o Placard (11 e 10,9, respetivamente).
Desde 2017, a FPF tem recebido pelo menos 20 milhões de euros das apostas esportivas. Em 2015, recebeu € 1,3 milhões, em 2016, € 14,3 milhões e em 2017, € 20,7 milhões. Em 2018, o valor aumentou para € 22,6 milhões, em 2019 foi de € 27 milhões e em 2020 foi de € 25,3 milhões.

Uma fonte oficial da FPF admitiu que as receitas provenientes das apostas esportivas representam entre 25% e 30% do orçamento federativo para cada época. Essa mesma fonte acrescentou que estes montantes são investidos na promoção do futebol, nas atividades das seleções, na organização das competições amadoras de futebol, futsal e futebol de praia e no apoio aos sócios.
Logo depois da FPF, vem a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), que arrecadou um total de 50,1 milhões de euros entre 2018 e 2022. Os últimos dois anos foram os mais rentáveis, com € 12,6 milhões em cada um. Este valor é mais do que o dobro do total do que lucraram, no mesmo período, as federações de ténis (€ 21,1 milhões) e basquetebol (€ 18 milhões).
As outras modalidades coletivas conseguiram montantes mais modestos. O voleibol recebeu € 1,6 milhões, o handebol € 1,7 milhões e o rúgbi € 290 mil. Já o hóquei em patins tem como beneficiária a federação de patinagem, que recebeu € 184 mil. Todas estas modalidades ficam aquém do valor assegurado pela federação de esportes de inverno, que recebeu um total de € 4,3 milhões em cinco anos, muito por causa das apostas em hóquei no gelo.
Bilhar, com € 178 mil, e badminton, com € 105 mil, são outras federações beneficiárias das apostas, entre 2018 e 2022. Elas estão à frente de modalidades mais tradicionais como ciclismo, que recebeu € 6.862, natação, com € 4.702, e atletismo, com € 112. Já os cerca de € 60 mil destinados ao futebol americano, acabam por reverter para o Instituto Português do Desporto e da Juventude (IDPJ).
Tais números comprovam o potencial do mercado de apostas esportivas em Portugal e no mundo. O segmento continua em uma crescente exponencial e sua popularidade só deve crescer no próximos anos.