Manipulação de resultados esportivos é crime de terceiros e não de sites de apostas, segundo especialista
Foto: Free Pik

Recentemente, o Ministério Público de Goiás efetuou uma operação relacionada a suposta manipulação de resultados de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado. Chamado de Penalidade Máxima, o inquérito já apontou que um grupo de criminosos agiu em pelo menos três confrontos da segunda divisão.

A suspeita é de que o grupo teria contatado jogadores para cometer penalidades ou faltas, agindo de acordo com apostas feitas pelos criminosos. Se cumpridas as solicitações do grupo, os atletas ficariam com parte dos ganhos: cerca de 150 mil reais para cada aposta correta. A quantia movimentada poderia chegar até R$ 600 mil.

Segundo o advogado Filipe Senna — sócio do Jantalia Advogados e especialista em Direito de Jogos –, “as suspeitas de manipulação de resultados trazem importantes reflexões sobre o mercado de apostas esportivas no Brasil. A primeira destas reflexões se refere à causa dessas manipulações: quem as comete? As casas de apostas esportivas são comumente apontadas como manipuladoras de resultados, mas não é verdade”, afirmou ao Jornal Jurid.

“As manipulações são cometidas principalmente por terceiros que não estão diretamente vinculados a essas casas — nem ao evento esportivo em si, aos atletas, aos dirigentes ou a outras pessoas ligadas ao evento –, para alterar resultados e assim auferir lucros em apostas desportivas pré-determinadas”, complementou.

O especialista esclareceu ainda que “o segundo ponto se refere à necessidade de regulamentação do setor de apostas esportivas no Brasil”.

“Com essa regulamentação, situações de manipulação tenderiam a se tornar menos recorrentes — e assim haveria também uma importante proteção tanto para as casas de apostas, que são vítimas dessas manipulações e sofrem prejuízos por isso, e para o próprio consumidor, o apostador comum, que também se vê prejudicado em situações nas quais o resultado é conduzido por um terceiro externo ao evento, a partir de interferências”, concluiu.

Caso de manipulação de resultados é investigado na Série B do Brasileiro

O caso está sendo apurado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) em operação deflagrada no dia 14, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), pela Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e pelo Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT).

O promotor de Justiça do MPGO, Fernando Martins Cesconetto, declarou que um empresário, por meio de sua empresa, entrava em contato com atletas para que realizassem ações nos confrontos visando atingir a aposta realizada pelo grupo em plataformas online.

No caso que está sendo apurado, a aposta combinada seria de ocorrência de pênalti na primeira etapa das partidas entre Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina, todos pela 38ª rodada da Série B do Brasileirão. Conforme o promotor de Justiça, o caso chegou até o Ministério Público após uma denúncia feita pelo Vila Nova.